A Locaweb comprou a Squid, uma plataforma que conecta marcas e influenciadores digitais. Você sabe o que é creator economy e qual o potencial do segmento no Brasil?
Sede da Locaweb (foto: divulgação)
, Head de Conteúdo na Captable
8 min
•
5 out 2021
•
Atualizado: 19 mai 2023
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Por Victor Marques, da CapTable Brasil.
A Locaweb anunciou a aquisição da Squid, plataforma que conecta marcas e influenciadores, por R$ 176,5 milhões. A aquisição é a 13ª da Locaweb desde seu IPO e a segunda maior, ficando atrás apenas da aquisição da Bling. O valor ainda pode ser maior - há a possibilidade dos vendedores de receber earn out (valor adicional por desempenho futuro), atingindo algumas metas.
A Squid foi fundada em 2014 e se propõe a conectar e mediar a relação entre marcas e influenciadores/produtores de conteúdo. Hoje, a startup conta com uma base de 100 mil influenciadores, estes produziram mais de 300 mil conteúdos neste ano.
O segredo para conectar tantos perfis de influenciadores - dos maiores aos mais de nicho - às marcas, é o uso massivo de tecnologia: através de machine learning, a plataforma realiza o processo de identificação, recrutamento, gestão e pagamento dos influenciadores de forma totalmente automática.
O objetivo final é ajudar as duas pontas: as empresas a terem melhores resultados com suas campanhas - resultando em maior conversão de vendas - e os influenciadores a garantirem parcerias com marcas mais alinhadas ao seu público, oferecendo mais oportunidades de monetização - uma dor ainda latente no mercado brasileiro de influenciadores.
Os números da Squid impressionam: através dos 300 mil conteúdos produzidos pelos influenciadores conectados pela plataforma, foram gerados mais de 700 milhões de impactos, resultando em uma receita anual recorrente (ARR) de mais de R$ 100 milhões para a Squid. E não pára por aí, o crescimento da receita da startup é de mais de 100% ao ano.
Somente em 2020, a Squid criou mais de 720 campanhas, incluindo grandes marcas como: 99, Spotify, Magalu, Ambev e Unilever. O modelo de negócio da Squid consiste na cobrança de uma taxa (take rate) sobre as transações entre os criadores e as marcas e já inclui também o auxílio na gestão dos pagamentos dos influencers.
Creator Economy é o nome que o segmento de criadores de conteúdo ganhou. O mercado tornou-se tão relevante devido à mudança na forma como as pessoas se relacionam com as marcas - crescentemente, os anúncios através de influenciadores vem dando mais resultado para as marcas. É uma forma de impactar os usuários de forma ainda mais direcionada que os anúncios do Google, Facebook ou Instagram, por exemplo.
Além de ser um público extremamente segmentado, pois já consomem o conteúdo específico de um influenciador - que geralmente fala com um público de nicho -, o engajamento das ações das marcas através de influenciadores é muito maior. Há um sentimento de confiança, inspiração e desejo por consumir o que o produtor de conteúdo indica.
Hoje, é difícil encontrar quem nunca adquiriu um produto ou contratou um serviço depois de ouvir ou ver algum criador que admira utilizando ou recomendando um produto/serviço. É esse tipo de relação próxima e de confiança que as marcas buscam através dos influencers, dando origem a uma nova indústria: a creator economy.
Embora ainda engatinhe por aqui, a creator economy tem grande potencial. Nos EUA, por exemplo, o setor movimenta mais de US$ 100 bilhões anualmente, sendo 30% desse valor representado pelo YouTube, segundo o Influencer Marketing Hub. No país, são 50 milhões de criadores, mas apenas 2 milhões são considerados profissionalizados, de acordo com o Signal Fire.
O Brasil já tem a maior porcentagem de usuários da internet que seguem criadores de conteúdo na América Latina, são 39% dos usuários, em segmentos diversos que vão de moda a finanças. A influência exercida pelos criadores também é alta, com mais de 41% dos usuários da pesquisa ilustrada no relatório Latin America Digital Transformation Report, da Atlantico, reportando ter comprado algo devido à promoção feita por um influencer.
Falando de plataformas, o Instagram ainda lidera no ranking de importância que os criadores reportam para cada rede social. Seguido por, WhatsApp, TikTok, Facebook, Pinterest e YouTube. O grande problema, que é uma das dores que a Squid busca resolver, é que muitos criadores brasileiros ainda possuem dificuldade em monetizar seu trabalho: 23% não monetizam e 25% ganham menos de R$ 500 mensais - ou seja, quase 50% dos criadores não se profissionalizaram, pois os ganhos com a influência ainda não são suficientes para representar a totalidade da renda necessária para sobreviver.
O resultado da falta de profissionalização dos influencers brasileiros, identificação de um mercado com muito espaço para crescimento e a dificuldade do relacionamento orgânico entre marcas e produtores de conteúdo é a receita perfeita para que a Squid cresça consideravelmente nos próximos anos.
A falta de profissionalização também garante uma oportunidade de negócios para a Locaweb: a medida que os influenciadores se tornam mais relevantes (com a ajuda da Squid), vão graduando para um segmento mais profissionalizado, podendo passar a consumir outros serviços/produtos da Locaweb.
Foi ao identificar o alto potencial das relações entre marcas e influenciadores, aliado ao pouco aproveitamento desse potencial, que o interesse da Locaweb na Squid se solidificou. Agora, a Locaweb coloca mais uma peça em seu quebra-cabeças de soluções tecnológicas, criando sinergia com seus clientes através da compra de um player importante para o seu portfólio de social commerce/live commerce.
A intenção é oferecer tudo que o empreendedor precisa dentro do guarda-chuva de serviços da Locaweb - a forma mais rápida de aumentar o número de serviços oferecidos é adquirindo startups que já possuem modelos de sucesso. Ao garantir que tudo é encontrado dentro da plataforma, a Locaweb melhora a atração e retenção dos seus clientes, além de agradar o mercado com um ecossistema de serviços cada vez mais completo.
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Victor Marques é Head de Conteúdo na Captable, maior hub de investimentos em startups do Brasil, que conecta seus mais de 7000 investidores a empreendedores com negócios inovadores. Escreve há mais de dois anos sobre inovação. Formado em Letras e Mestre em Linguística pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
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