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24 jun 2024
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Atualizado: 24 jun 2024
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Se não pode vencê-los, junte-se a eles. Em uma virada inesperada, Alibaba e Magalu resolveram unir forças para vender produtos. Com a parceria, o AliExpress vai operar, basicamente com um vendedor dentro do site do Magalu – e vice-versa.
O anúncio do acordo foi feito em coletiva de imprensa que contou com a participação de Kai Li, CEO LATAM do AliExpress; Frederico Trajano, CEO do Magalu; e Briza Bueno, diretora LATAM do AliExpress, a partir da sede do grupo Alibaba na China. Segundo Fred, as conversas começaram no fim de 2023 e se aceleraram no último mês. Foram cerca de 100 pessoas envolvidas. A expectativa é que a operação tenha início no 3º trimestre.
Os produtos do Aliexpress que serão oferecidos no site do Magalu são de uma linha chamada Choice, que contam com uma curadoria mais minuciosa e envolvem itens que, segundo Fred Trajano, são mais limitados no portfólio da sua empresa. “Acessórios de informática, ferramentas , produtos para bebê, são áreas que vão ampliar significamente os itens, pois tínhamos um sortimento menor”, destaca.
“A parceria potencializa duas das maiores audiências do e-commerce brasileiro, com mais de 700 milhões de visitas mensais nas duas empresas, e possibilita que o consumidor final tenha acesso a um amplo portfólio de produtos, com curadoria e serviço de qualidade”, destaca o Magalu, em nota.
Na outra ponta, produtos da linha 1P (de estoque próprio) Magalu também passarão a ser oferecidos no site do Aliexpress Brasil. Segundo Briza Bueno, isso possibilitará a venda de itens de maior volume, como geladeiras e televisores, na plataforma do AliExpress para consumidores brasileiros.
Detalhes financeiros do negócio não foram apresentados, mas o AliExpress vai pagar as comissões sobre vendas feitas no Magalu. O mesmo vale para os produtos que o Magalu vender no site do AliExpress. De acordo com Fred, os valores foram negociados ao longo de sete meses e “ficaram bons para os dois lados”.
O acordo vem no momento em que se discute a “taxa das blusinhas”, um imposto de 20% que os marketplaces terão que cobrar dos consumidores em compras de até US$ 50. A cobrança foi aprovada no Congresso e aguarda sanção presidencial.
Entretanto, segundo Fred, essa definição tributária foi o que “trouxe confiança” para o Magalu formalizar o acordo com a gigante chinesa. “Depois da mudança para a nova taxação, ficou mais favorável para assinar no novo deal, que deve estar no ar no terceiro trimestre”, pontuou o executivo.
A princípio, a parceria entre as duas gigantes do e-commerce ficará na listagem de itens em ambas as plataformas. Perguntados se as sinergias envolveriam outras áreas como a de logística, os executivos não negaram a possibilidade, mas neste primeiro momento, não faz parte do acordo.
“Estamos confiantes no acordo, e tem oportunidades de colaborar, com sinergias em novas frentes. Já vimos o Alibaba fazer isso em outros países”, afirma Briza Bueno.
Parceria entre grandes empresas não é novidade para ninguém, mas o acordo entre o AliExpress e Magalu ganhou contornos “históricos”, especialmente se levar em consideração posturas recentes de Fred Trajano quanto à concorrência com players internacionais no mercado brasileiro.
“Não vou esperar uma empresa estrangeira ser protagonista digital no Brasil, seja ela chinesa, argentina ou americana”, disse ele em 2020, claramente cutucando players como Alibaba, Mercado Livre e Amazon.
Entretanto, se em 2024 a situação mudou de figura, Fred não considera isso uma contradição, e sim uma evolução do cenário, combinada com um aspecto tributário mais ajustado. “Nunca fomos contra os marketplaces asiáticos, éramos contra a falta de isonomia tributária”, explica o CEO.
Para Fred Trajano, o movimento em direção a um e-commerce cada vez mais cross-border é algo “inexorável”, que não tem como parar. A declaração combina com recentes movimentos do mercado – vide a Amazon, que no ano passado aumentou suas sinergias globais e começou a vender itens internacionais em seu site brasileiro, ampliando seu sortimento de forma agressiva.
“O (e-commerce) cross-border é algo que está acontecendo no mundo inteiro e não tem como não conviver com ele. O que era mais necessário era ter mais isonomia tributária, e foi o que aconteceu”, finalizou o executivo.
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