Estamos vivendo uma Crise da Inovação? Para esse especialista, sim
Foto: Pexels
, redator(a) da StartSe
10 min
•
13 nov 2024
•
Atualizado: 13 nov 2024
newsletter
Start Seu dia:
A Newsletter do AGORA!
O economista e historiador da ciência Vaclav Smil traz em seu livro Invention and Innovation uma análise franca sobre o progresso tecnológico, desmistificando o “hype” em torno de algumas inovações e mostrando como a maioria das grandes mudanças depende de processos lentos e árduos.
Para líderes e executivos que buscam navegar nas complexidades da inovação, Smil oferece insights valiosos e uma perspectiva essencialmente prática.
Por que isso importa?
Em um cenário onde as promessas de disrupção parecem surgir a cada semana, Smil destaca que muitas inovações são mais lentas e complexas do que aparentam. Este ponto de vista é essencial para empresas que buscam investir de maneira sustentável e alinhada com a realidade.
1. Inovações radicais demandam tempo
Smil argumenta que grandes inovações, especialmente nas áreas de energia, saúde e infraestrutura, avançam em um ritmo muito mais lento do que muitos imaginam.
Ele compara o desenvolvimento da eletricidade, que levou décadas para chegar a um uso amplo, com o atual cenário de energia renovável e transição para economias de baixo carbono.
As implicações para as empresas incluem a necessidade de paciência e de planos de longo prazo em setores onde o progresso é incremental.
Por que importa? Em um cenário onde a pressão por resultados rápidos é alta, entender que transformações profundas exigem tempo pode ajudar as empresas a ajustar expectativas e fortalecer suas estratégias.
2. A microeletrônica é uma exceção, não a regra
Avanços exponenciais como os observados na microeletrônica – que permitiram a criação de dispositivos cada vez menores e mais poderosos – são, segundo Smil, casos atípicos. Ele defende que outras áreas, como biotecnologia e infraestrutura de transporte, não seguem esse ritmo de crescimento acelerado.
Insight para Empresas: Executivos precisam reconhecer que o modelo de inovação rápida da microeletrônica não se aplica a todas as indústrias. Isso significa que as expectativas e os prazos devem ser calibrados de acordo com a área em que se investe, evitando frustrações e perdas financeiras em setores que exigem um ciclo de inovação mais longo.
3. O papel das pequenas inovações no impacto social
Smil observa que inovações mais simples e de menor escala, como melhorias em tecnologias existentes (exemplo: purificadores de água e fogões de baixo consumo), frequentemente trazem impactos mais significativos em termos sociais e ambientais do que inovações complexas e caras.
Por que importa? Para empresas comprometidas com a sustentabilidade, Smil sugere que o investimento em melhorias tecnológicas incrementais pode trazer resultados mais tangíveis e duradouros do que grandes apostas em tecnologias incertas.
4. Ceticismo saudável em inovações de “Hype”
Smil adverte sobre o perigo de expectativas excessivas em torno de novas tecnologias. Ele aponta que muitos avanços tecnocientíficos são inicialmente superestimados, mas encontram obstáculos práticos e limitações significativas. Isso é particularmente relevante para executivos em setores de alta tecnologia, onde o ciclo de “hype” e desilusão é frequente.
Sinal para ficar de olho: Para empresas, isso reforça a importância de realizar due diligence e estudos aprofundados antes de comprometer grandes quantias em projetos ou aquisições em setores tecnicamente complexos.
5. Transição energética e limites práticos
No que diz respeito à energia, Smil enfatiza que a transição para fontes renováveis não é tão rápida ou barata quanto se alardeia. Essa mudança, segundo ele, demanda investimentos em infraestrutura e adaptação que consomem tempo e recursos.
Insight para o Setor Corporativo: Para empresas que consideram investimentos em sustentabilidade, esse contexto é um alerta sobre a necessidade de planejamento a longo prazo e de compromissos consistentes para garantir que as metas de baixo carbono sejam atingíveis e reais.
6. A importância de entender o ciclo completo de cada inovação
Smil argumenta que as empresas devem se atentar ao ciclo completo de uma inovação, desde a pesquisa inicial até a adoção em massa. Muitas vezes, segundo ele, a inovação que realmente se consolida não é a que gera mais alarde no início, mas aquela que consegue resolver problemas reais e adaptar-se a um uso prático.
Por que importa? Para os executivos, essa visão ajuda a redirecionar o foco para inovações que têm um ciclo de vida mais longo e que geram um impacto real e duradouro.
A análise de Smil oferece um contraponto valioso à abordagem rápida e disruptiva que domina o discurso sobre inovação atualmente.
Para executivos, entender essas nuances ajuda a construir uma abordagem mais pragmática e sustentável.
Em vez de perseguir incessantemente a última tecnologia, o conselho é buscar inovações que, embora menos glamorosas, geram valor constante e atendem às necessidades reais.
Em resumo, para os negócios, é essencial equilibrar visão e paciência ao investir em novas tecnologias.
Ao analisar a história recente, muitas análises, incluindo a de Vaclav Smil, apontam a segunda metade do século XX, entre os anos 1950 e 1970, como um período singular em termos de inovações.
Durante esses anos, assistimos ao surgimento da energia nuclear, à ascensão dos motores a jato, ao desenvolvimento dos semicondutores e da computação moderna e à chegada do homem à Lua.
Esse foi um período de profundas mudanças tecnológicas, cuja influência permanece até hoje.
Essa era destacou-se não só pela quantidade de avanços, mas pela rapidez com que novas tecnologias foram implementadas em larga escala e pelo impacto direto na vida cotidiana – da popularização dos eletrodomésticos ao aumento da produtividade industrial.
Smil argumenta que muitos dos avanços tecnológicos das décadas seguintes derivam desse período, com a computação e a eletrônica como catalisadores para muitos setores.
Agora, com o avanço da inteligência artificial, entramos em um novo ciclo de inovações promissoras, especialmente no campo da automação e da análise de dados.
Mas o questionamento de Smil permanece: será que a IA gerará impactos tão profundos e abrangentes quanto as inovações do século passado?
E, mais importante, ela será capaz de sustentar o crescimento em longo prazo e transformar a sociedade de forma prática e viável?
A resposta, como a história ensina, só o tempo e o progresso cauteloso poderão nos dar.
Quer saber o que Bill Gates, fundador da Microsoft, sabe sobre esse tema, confira aqui a opinião dele sobre a obra de Vaclav Smil.
Um dos principais pilares de gestão para lidar com a inovação é chamada de ambidestria ou gestão dupla, a habilidade de escalar o que funciona hoje para financiar seu próximo ciclo de crescimento amanhã.
Grandes empresas hoje fazem isso, como Nubank, Apple, Microsoft e várias outras, dentro e fora do Brasil.
E ensinamos essas e outras metodologias validadas para executivos e empresas no StartSe Executive Program.
Confira aqui todos os detalhes do programa.
Gostou deste conteúdo? Deixa que a gente te avisa quando surgirem assuntos relacionados!
Assuntos relacionados
redator(a) da Startse
Sócio da StartSe
Leia o próximo artigo
newsletter
Start Seu dia:
A Newsletter do AGORA!