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O metaverso custará bilhões – quem paga a conta?

O metaverso é virtual, mas o capital necessário para construir o sonho é real. Entenda quem já está investindo para tornar o sonho realidade. Quanto você acha que a brincadeira vai custar?

O metaverso custará bilhões – quem paga a conta?

metaverso-custara-bilhoes-quem-paga-a-conta. (Foto: GettyImages).

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Por Victor Marques, da CapTable Brasil.

Na busca por um universo virtual interativo, onde as pessoas possam ter encontros similares aos que ocorrem na vida real, muito capital será investido. Guiado pelas Big Techs (Facebook, Microsoft, em breve Apple…) o metaverso exigirá também a colaboração de startups.

Onde há interesse pela inovação proposta pelas startups, surge também a vontade dos investidores de Venture Capital de financiar – e, consequentemente, ganhar com – essa jornada. Em um conceito completamente novo, a atração é ainda maior: a oportunidade é participar do princípio de um mercado, ganhando com seu crescimento e relevância.

oculos-de-realidade-mista-realidade-aumentada-e-virtual-da-apple-deve-ser-lancado-em-2022. (Foto: The Information/Divulgação).

QUANTO JÁ CUSTOU?

Para tornar o metaverso realidade, já foram investidos neste ano mais de US$ 10 bilhões, em rodadas de Venture Capital para startups e empresas de tecnologia. Com viés forte para o lado dos games, que são uma parte inicial – mais evoluída – da construção de mundos em realidade virtual. Segundo o levantamento do Crunchbase, os investimentos se dividem em jogos, jogos virtuais, realidade aumentada e mundos virtuais.

As divisões, que consideram empresas que podem estar presentes em mais de uma categoria, ficaram assim:

  • Jogos: em torno de US$ 7,5 bilhões (382 rodadas)
  • Jogos Online: em torno de US$ 2,5 bilhões (110 rodadas)
  • Realidade Aumentada: em torno de US$2,1 bilhões (176 rodadas)
  • Mundos virtuais: US$ 62,8 milhões (9 rodadas)

Além de mais avançado, o setor de jogos ficou com a maior parte dos investimentos por ser a categoria mais ampla. Mas vale lembrar que os estúdios de jogos já possuem experiência em construir muito do que o metaverso é baseado, como experiências virtuais e comércio digital (com itens virtuais).

ÁREAS DE INTERESSE

Essas categorias relacionadas ao metaverso já receberam um volume de investimento considerável – isso sem contar os investimentos internos feitos pelas Big Techs. Mas, o metaverso completo deve custar muito mais, é por isso que esses investimentos ainda representam o início da tendência. Agora, muitas novas áreas devem começar a levantar fundos para tornar o metaverso realidade.

Ter experiências compartilhadas, em altíssima definição, em tempo real e o mais próximas possíveis de sensações experimentadas no mundo real exigirá investimento em algumas categorias-chave: hardware (como os óculos de realidade virtual ou de realidade aumentada), poder de processamento (para ser capaz de renderizar com agilidade), avanços de rede (para interagir sem atrasos, de forma instantânea), construção de plataformas, conteúdo e de itens virtuais.

Para transacionar dentro das plataformas, com compra de itens, por exemplo, também serão necessários investimentos em meios de pagamento. Esses meios de pagamento no mundo virtual provavelmente serão baseados em tecnologias de cripto e blockchain, permitindo o pagamento e o registro de quem é dono de que dentro do metaverso.

A blockchain também deve permitir uma experiência mais coesa dentro dos múltiplos metaversos construídos: por exemplo, através do registro na blockchain será possível navegar entre diferentes ambientes com uma identidade consistente – ou seja, você poderá ter a mesma aparência e itens dentro do universo do Roblox e do Fortnite, por exemplo. 

Indo além, esse mesmo personagem, uma representação virtual sua, também seria consistente dentro do metaverso do Facebook (Meta), sendo possível que pessoas que conheçam o seu avatar em um mundo, reconheçam-o em outro. Todo esse conceito não deve ser algo que se tornará completamente realidade em um curto período de tempo, afinal não será rápido, fácil ou barato, construir uma rede interoperável de mundos tridimensionais em uma escala massiva.

Com as oportunidades de ganhar dinheiro real com os itens virtuais, outra área também deve ter grande impacto e exigir evolução rápida: o marketing. As novas formas de vender provavelmente também serão uma grande parte do metaverso, tecnologias como a Realidade Aumentada (onde é possível mesclar o mundo real com o virtual) permitem que as empresas vendam dentro do metaverso de forma mais imersiva e social. 

O rastreamento do comportamento do usuário para aumentar conversões também deverá ganhar mais um componente: além de saber quais sites o usuário visita, será possível ter pistas sobre o comportamento dele de acordo com o que ele está construindo no mundo virtual, quanto tempo passa em cada tipo de experiência, qual o perfil de pessoas ele se relaciona e quais itens virtuais já foram comprados. Tudo isso, é claro, resultará em anúncios ainda mais direcionados e efetivos, mas também uma preocupação ainda maior com a privacidade.

Hoje, ainda há partes do dia de um usuário da internet que são difíceis de rastrear: tudo aquilo que ele faz offline. Embora algumas partes ainda sejam rastreáveis mesmo que se esteja no mundo real (localização de GPS, microfones e câmeras), ainda há uma parcela considerável da vida que não é enxergada pelos algoritmos. Com o metaverso, isso deve mudar. Tudo será feito dentro de um mundo virtual e hiperconectado, com rastreamento de comportamento incrivelmente preciso – um desafio para quem quiser participar da experiência e manter um pouco de sua privacidade ao mesmo tempo.

Game Roblox (foto: reprodução)

STARTUPS DO METAVERSO

As startups relacionadas ao metaverso que mais receberam investimentos do Venture Capital foram aquelas relacionadas a jogos. Como são a parte mais inicial da construção do conceito – já que os jogos são experiências digitais e interativas – se tornaram uma porta de entrada para o mundo virtual.

Algumas startups de jogos que já receberam investimentos na expectativa de serem instrumentais na construção do metaverso são a The Sandbox, uma plataforma de jogos descentralizada, a Mythical Games, um engine (motor) para criação de jogos e a Genopets, uma mistura de game com NFT.

Com o hype crescente em torno do metaverso, as empresas também vem reforçando a presença do conceito no branding. Já são 150 companhias da base do Crunchbase que incluíram menção ao metaverso na descrição do negócio, 43 delas nasceram em 2021. As 150 empresas somadas levantaram quase US$ 96 milhões em investimentos apenas neste ano (a maioria em rodadas pré-seed, seed e Série A).

Três negócios que se destacam nesse grupo são a Upland, startup de metaverso NFT baseado em blockchain, que recebeu US$ 18 milhões em sua série A; a Inworld AI, que desenvolve tecnologia para criação de personagens virtuais e recebeu US$ 7 milhões em rodada seed; e a GuildFi, uma plataforma de jogos, que levantou US$ 6 milhões em rodada seed.

upland-e-um-jogo-de-propriedades-virtuais-no-metaverso-mas-mapeadas-no-mundo-real. (Foto: Upland/Divulgação).

POR QUE IMPORTA?

Criar conexões persistentes e em tempo real exigirá altas velocidades e baixa latência das redes. Atualmente, estamos em uma fase muito inicial do que é a promessa completa do metaverso: uma experiência virtual universal para um número ilimitado de usuários. 

As plataformas, como a da Meta (Facebook), devem liderar esse espaço, mas é importante lembrar que as tecnologias necessárias para criar o metaverso completo simplesmente ainda não existem. Imagine, por exemplo, o nível de inovação necessário para milhões de pessoas participarem de uma experiência virtual de forma sincronizada.

Embora o metaverso idealizado, onde os usuários podem pular de um universo para outro, ainda não exista, certos elementos do metaverso já ficaram populares: a realidade aumentada (AR) já existe há anos, NFTs ficaram populares em 2021 e as pessoas estão passando cada vez mais tempo jogando.

A Roblox, que fez IPO nesse ano, pode ser considerada uma versão inicial de um metaverso, já que os usuários podem criar mundos virtuais e desenvolverem seus próprios jogos que outras pessoas também podem jogar. Para misturar o mundo virtual com o real, a rede americana de restaurantes mexicanos Chipotle anunciou um restaurante virtual no jogo e o rapper Lil Nas X fez um show dentro do Roblox em 2020.

Ainda assim, muitas camadas ainda precisam ser aperfeiçoadas para chegar na visão de Zuckerberg e outros que apostam que passaremos cada vez mais tempo dentro dessas realidades virtuais. Por isso há tanta oportunidade – e investimento – no metaverso. 

Todas essas camadas exigirão investimento para permitir que o metaverso exista. Startups costumam propor soluções inovadoras e são ágeis para criar novas realidades. Vale lembrar que, no mundo do Venture Capital, quem compra sua participação antes acompanha um período maior de valorização potencial. Por isso, o setor de startups que atuam para tornar o metaverso realidade deve ficar cada vez mais aquecido e receber bilhões em investimento.

A CapTable é a maior plataforma de investimento em startups do Brasil. Através dela, você pode fazer parte da história das startups que estão construindo negócios inovadores. Se você quer saber em primeira mão sobre novas captações da CapTable, participe do grupo do Telegram exclusivo para avisos de novas rodadas.

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