A inovação pode reduzir tempo e dinheiro na indústria e tem sido uma aposta para empresas como Microsoft, Nokia e Siemens. Confira o potencial
, jornalista da StartSe
6 min
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5 abr 2023
•
Atualizado: 19 mai 2023
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O metaverso é frequentemente idealizado como uma cidade, com escritórios e mansões virtuais (algumas que foram vendidas por milhões de dólares, inclusive). No entanto, o metaverso mais promissor em um futuro próximo é formado por indústrias, máquinas e humanos. Ele é chamado de metaverso industrial.
Imagine construir uma fábrica de automóveis do mundo real no digital – e usar essa versão virtual para realizar todos os testes que seriam muito caros e difíceis de serem feitos presencialmente.
Agora, pense em outra situação: uma máquina industrial quebrou em São Paulo e os mecânicos qualificados para o conserto ficam na Suécia. E agora? Através de dispositivos tecnológicos, como óculos de realidade mista, é possível que o reparo seja feito por um terceiro, com o auxílio remoto do mecânico sueco – que vê e escuta em tempo real o que está acontecendo em São Paulo. Este é o potencial do metaverso industrial. E ele já e realidade para muitas empresas e profissionais.
O metaverso industrial é o local digital em que indústrias podem se desenvolver, reduzindo tempo, custo e até mesmo o impacto ambiental de processos. Ele é pautado pela Indústria 4.0 e apoiado por tecnologias como realidade virtual, realidade mista, internet das coisas e 5G.
De acordo com pesquisa da ABI Research, a receita pela simulação e gêmeos digitais (sim, é isso mesmo, confira abaixo) na indústria irá alcançar US$ 22,73 bilhões até 2025. Além das próprias indústrias, a iniciativa está sendo incentivada por empresas de tecnologia como Microsoft, Nokia e Siemens.
“O metaverso industrial combina a fusão do físico-digital e a operação humana em aplicações industriais. Ele contém representações digitais de ambientes industriais, sistemas, ativos e espaços que as pessoas podem controlar, se comunicar e interagir”, descreve Thierry Klein, presidente da Bell Labs Solutions Research na Nokia, em um artigo sobre o tema.
Digital twin ou gêmeo digital: em inglês ou português, não importa, esse termo causa estranhamento. Mas ele representa justamente o espelhamento digital de indústrias, produtos e até mesmo serviços que existem no mundo real.
Segundo a McKinsey, a BMW utilizou um gêmeo digital de uma nova fábrica e construiu carros virtuais, um por um, no metaverso. Isso aconteceu antes de o layout final da fábrica real ser construído e acabou transformando em 30% o seu design original.
O gêmeo digital pode representar mais do que a estrutura de uma fábrica em si, mas comportar todo o ciclo do produto, peças e como funciona a linha de montagem. É dessa forma que ele irá refletir, de forma correta, o que está acontecendo (ou pode acontecer) no mundo digital.
Para o monitoramento ser ainda mais eficaz, as máquinas conectadas à internet podem repassar os dados reais ao metaverso. As que são mais antigas também têm chance, ao usar dispositivos de internet das coisas.
Na Siemens
A Siemens também utilizou um gêmeo digital em uma fábrica em Nanjing, na China. Antes de ser criada, ela foi idealizada digitalmente, o que, segundo a empresa, “otimizou o processo, detectou e mitigou problemas em potencial”. Após a fábrica digital, a versão real teve a capacidade de manufatura aumentada em 200% e a produtividade em 20%.
Vamos voltar ao exemplo do reparo entre o assistente em São Paulo e o mecânico na Suécia. Uma reunião do Microsoft Teams no notebook ou smartphone não permite que o sueco veja o que o assistente está vendo de forma clara, nem deixa que ele trabalhe de mãos livres.
Óculos de realidade virtual também não serviriam nessa situação, pois eles oferecem uma imersão 100% digital, em que o usuário perde a noção do espaço físico em que está. E é por isso que a Microsoft criou o Hololens 2, seus óculos de realidade mista que conectam o online ao offline.
Na prática, o usuário veste os óculos e pode ver hologramas do mundo digital interagindo com o mundo real à sua frente. Em uma ligação no Teams, o engenheiro sueco pode ver o que o assistente está vendo e se comunicar por voz.
O dispositivo foi lançado nos Estados Unidos, Canadá e em alguns países da Europa em 2019, mas chegou ao Brasil apenas em março deste ano. São duas versões disponíveis: a padrão Standard e a Industrial. A primeira traz 365 dias de garantia, enquanto a segunda conta com dois anos, além de certificação ISO, que traz certificação ISO e dois anos de garantia, enquanto a primeira versão possui apenas 365 dias).
O Hololens 2 custa entre R$ 40 mil e R$ 60 mil – a gente testou e te contou aqui como eles funcionam.
“Em 2021, decidimos trazer para mais mercados e o Brasil saiu na frente de outros países, mas planejamos lançar também na Colômbia e México. Nós estamos dobrando o investimento em metaverso industrial”, disse Marcondes Farias, diretor de Business Applications e Hololens na Microsoft Brasil, no evento de lançamento do Hololens 2.
Além disso, a companhia também possui plataformas virtuais em que possibilita que o metaverso industrial aconteça, como o Teams, Dynamics 365, Remote Assist e a própria computação em nuvem Azure.
É claro que não é apenas a Microsoft que está olhando para esse mercado. O Google havia lançado o Google Glass, com uma proposta semelhante e que possuía uma versão focada em empresas. No entanto, o projeto acabou sendo considerado um fracasso e foi descontinuado recentemente.
Embora o metaverso tenha sido uma das inovações mais faladas em 2022, neste ano o interesse por ele foi atropelado pela inteligência artificial. Até mesmo a Meta, que abandonou o nome de “Facebook”” para reforçar a aposta em metaverso, também está diminuindo o investimento nisso e começou a apostar mais em inteligência artificial.
Mas isso não significa que a inovação não é válida. Como já falamos, o potencial industrial é gigante – e as empresas do setor possuem mais capital para financiar os equipamentos que enriquecem a experiência do que as pessoas físicas, por exemplo.
Metaverso para consumidores
Metaverso para empresas
Metaverso para indústrias
É por isso que o metaverso deve acontecer, sim, mas primeiro dentro das fábricas. E, neste caso específico, a expectativa é de maior adoção em 2024, enquanto para empresas comuns e consumidores, a previsão de escala é em 2027.
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, jornalista da StartSe
Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero. Apresenta o podcast Agora em 10 na StartSe e também atua na área de Comunidades na empresa. É especialista em inovação, tecnologia e negócios.
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