Saiba por que players do mercado de inovação e tecnologia estão migrando para a cidade.
Miami (Foto: Danny Lehman via Getty Images)
, jornalista
9 min
•
7 mai 2021
•
Atualizado: 19 mai 2023
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Por Sabrina Bezerra
Miami será o novo Vale do Silício? Tudo indica que sim. A cidade na Flórida, nos Estados Unidos, está engajada em ser o maior polo de empreendedorismo e inovação do mundo.
Não à toa. Historicamente, a região sempre foi referência nos mercados de entretenimento, imobiliário e turismo. E agora, fatores macroeconômicos, incentivos governamentais e descentralização do mindset do Vale do Silício conspiram a favor de uma Miami 2.0 [como tem sido chamada pelo prefeito da cidade Francis Suarez – entenda mais abaixo].
Uma cidade baseada na Nova Economia, com pólos constituídos por pessoas que inovam em áreas como: aprendizado de máquina, blockchain, criptomoedas e tantas outras tecnologias.
+ Podcast - Como Miami planeja se tornar o próximo Vale do Silício
Pode até parecer brincadeira, mas acredite: o principal movimento para transformar Miami em um dos mais relevantes hubs de empreendedorismo da Nova Economia surgiu no Twitter.
De forma mais precisa, no dia 4 de dezembro de 2020, quando Delian Asparouhov, empresário de tecnologia e diretor do Founders Fund — um dos mais relevantes fundos de venture capital (tem em seu portfólio Airbnb, Facebook, SpaceX) — escreveu um tweet: “E se mudássemos o Vale do Silício para Miami?”. O Francis Suarez aproveitou a oportunidade e respondeu: “Como posso ajudar?”. Viralizou.
“Naquele momento, o prefeito entendeu que Miami precisaria sair de uma indústria que trabalhava com sazonalidade. […] Ele vestiu a camisa. E não apenas para o mercado de startups, mas também para [alavancar] as criptomoedas. Ele já está criando uma série de eventos e levando pessoas que entendem sobre o assunto para lá”, conta Felipe Lamounier, sócio e COO da StartSe. Bairros também estão sendo renovados para atender os empreendedores.
+ Miami 2.0: Silicon Valley Bank abre operação na Magic City
De acordo com Lamounier, a transformação aconteceu com a chegada do coronavírus. “Se me perguntassem se Miami seria o novo polo de inovação [antes da covid-19], eu responderia que não. Mas, veja o que aconteceu: o estado da Flórida sofreu pouco os impactos da pandemia. Ele se beneficiou. Quando regiões como Nova York e Califórnia fecharam, as pessoas decidiram ir a Miami passar temporada. Daí, elas começaram a se questionar ‘por que não trazer meus negócios para cá?’ E isso começou a acontecer".
O prefeito anunciou que, ao menos, dezessete companhias farão de Miami sua morada. Conheça o movimento de alguma delas:
Em Miami, o SoftBank é amplamente considerado um dos santos padroeiros da crescente cena tecnológica da cidade.
Em 2019, eles abriram um escritório em Miami. A partir daí, a empresa lançou várias iniciativas focadas em tecnologia, incluindo seu fundo de US$ 5 bilhões para startups latino-americanas e um fundo de US$ 100 milhões para fundadores negros, latinos e nativos americanos. No ano passado, a empresa canalizou mais de US$ 250 milhões em startups sediadas em Miami.
A Microsoft, uma das gigantes da tecnologia, anunciou um novo espaço em Miami com previsão de abertura em 2023.
“O novo local também servirá como uma ponte para aprofundar os relacionamentos com nossos clientes enquanto navegamos no ambiente de trabalho híbrido em constante mudança e mantendo os altos padrões da Microsoft em sustentabilidade e acessibilidade”, disse Mariana Castro, vice-presidente de vendas, marketing e operações da Microsoft para a América Latina, em seu anúncio no LinkedIn.
Um dos ícones em Wall Street, o Goldman Sachs também abriu uma operação na Flórida em meio aos impactos da pandemia do novo coronavírus. E ele não está sozinho nesta no mercado financeiro: uma das maiores gestoras americanas de hedge funds, a Elliot Management, do bilionário Paul Singer, anunciou a mudança de sua sede de Midtown Manhattan para West Palm Beach. No ano passado, a mesma decisão havia sido tomada por outro famoso investidor, Carl C. Icanh, que levou a sua empresa de Nova York para Miami.
Como uma cidade que respira música como Miami não teria um escritório do Spotify, certo? O serviço de streaming está se juntando a outros inquilinos, como LiveNation e WeWork, em Wynwood, um bairro que está mudando rapidamente para incluir novos edifícios de escritórios, complexos de apartamentos e hotéis.
A Blackstone, uma das principais empresas de investimento do mundo, comprou por US $ 230 milhões três prédios no centro de Miami, reafirmando a crença no ambiente de negócios da Flórida.
Para entender de perto o que está acontecendo, Lamounier foi à Miami. Ele perguntou ao prefeito o que a região está fazendo para mergulhar nessa Nova Economia.
Francis Suarez respondeu: “nós queremos ser pró-business, pró-empreendedor. Se for necessário ajustar ou criar infraestrutura para viabilizar, nós vamos criar estrutura para viabilizar. […] O que não queremos é atrapalhar". Isso porque, na Califórnia, por exemplo, existem uma série de barreiras para a Nova Economia. Muitas vezes, “o governo atrapalha a evolução das empresas e isso é um problema para quem está empreendendo”, diz Lamounier durante evento ao vivo.
Outro ponto que o prefeito destacou foi a transformação de um bairro que, por ser afastado da praia e não ser cool, se tornou isolado. Com a transformação, ele será revitalizado para atrair os novos empreendedores.
Além disso, a cidade vai "gerar incentivos para que empreendedores e trabalhadores de outros estados e países possam ir à Miami viver, empreender e investir”, disse Francis Suarez ao Lamounier.
Sim. A cidade foi pioneira ao lançar a própria criptomoeda. Chamada de MiamiCoin, foi desenvolvida em parceria com a CityCoin — projeto de dinheiro digital que permite que as pessoas possam investir na cidade por meio de tokens.
Para você ter uma ideia, a criptomoeda foi lançada em agosto de 2021 e gerou mais de US $ 21 milhões nos últimos três meses para a cidade.
E qual a diferença com uma moeda digital convencional? O uso tem foco no mercado financeiro. Ou seja, é voltado para investimento. Além disso, 30% dos ganhos gerados pelas atividades dos tokens podem ser direcionados para municípios.
Agora, para estimular — ainda mais — o uso da criptomoeda, o prefeito anunciou que a cidade vai pagar dividendos em Bitcoin para os residentes que a usarem. "Seremos a primeira cidade da América a dar um rendimento de Bitcoin como dividendo diretamente aos seus residentes", disse ele à TV CoinDesk.
A movimentação faz parte dos planos do prefeito em tornar a cidade a capital das criptomoedas.
Trata-se de um novo polo de inovação promissor. Como citamos no tópico acima, muitos players do mercado de inovação e tecnologia, incluindo investidores, estão estabelecendo seus negócios em Miami. Pensando nisso, a StartSe University — que acredita no conhecimento que se move na velocidade do agora (rápido mesmo) — lançou uma imersão internacional executiva em Miami.
Para participar e fazer parte de um dos primeiros brasileiros a desbravar esse novo ecossistema, mande a sua mensagem aqui. A imersão será in loco entre 4 e 8 de outubro de 2021. São apenas trinta vagas exclusivas e limitadas. Saiba mais aqui.
Um pouco de spoiler do que você vai ter acesso durante a imersão: “ao longo da semana vamos conectá-los com os principais empreendedores pioneiros de Miami. Vamos extrair deles o conhecimento do porquê explorar e empreender em Miami; quais são as vantagens, os benefícios e as desvantagens. Além disso, vamos conversar com investidores, com quem está levantando capital; quem é da indústria antiga e está investindo no mercado de tecnologia; quem são esses agentes que vão ser a gasolina para fazer esse ecossistema acontecer. Também vamos criar oportunidades de pessoas que querem entrar nesses mercados estabelecendo conexões e criar laços com investidores que estão hoje em Miami. Queremos conversar com o prefeito e o time do governo que estão fazendo esse movimento e, claro, estreitar o relacionamento”, diz Lamounier.
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Sabrina Bezerra, head de conteúdo na StartSe, possui mais de 13 anos de experiência em comunicação, com passagem por veículos como Pequenas Empresas & Grandes Negócios e Época Negócios, ambos da Editora Globo.
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