Testamos os óculos Hololens 2, que fazem do investimento da marca no "metaverso industrial"
, jornalista da StartSe
9 min
•
22 mar 2023
•
Atualizado: 19 mai 2023
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Com os óculos de realidade mista HoloLens 2 da Microsoft, a distância passou a ser um detalhe. Agora, com o dispositivo, é possível treinar médicos ou auxiliar em reparos de máquinas industriais, por exemplo, tudo remotamente. O lançamento faz parte de seu investimento no que descreveu como “metaverso industrial”.
Os óculos de realidade mista HoloLens 2 permitem que o usuário interaja com o digital em meio ao “mundo real” com as mãos livres. Ele continua com sua visão e audição no presente, mas também é capaz de escutar e enxergar elementos digitais à sua frente.
O dispositivo foi lançado em 2019 nos Estados Unidos, mas chega ao Brasil agora, em março de 2022, em duas versões: Standard Edition (US$ 7.729) e Industrial Edition (US$ 10.973). Na conversão atual, a versão mais básica custa cerca de R$ 40 mil e a industrial, cerca de R$ 60 mil. Os valores em reais são estimados pois, no Brasil, os produtos serão vendidos por distribuidoras.
As possibilidades são inúmeras. Ao usar o HoloLens 2, o usuário comum pode ver uma projeção de uma série da Netflix a sua frente – ou de qualquer outro site que pode ser acessado pelo navegador na internet.
“Estamos vivendo a evolução da computação. Tivemos a primeira fase com os computadores e a experiência foi aumentada ainda mais com os dispositivos móveis, que permitiram a expansão no uso da tecnologia. Agora, chegamos à fase três, da realidade mista, em que estamos no mundo físico que conhecemos e interagimos com o mundo virtual”, disse Marcondes Farias, diretor de Business Applications e Hololens na Microsoft Brasil, no evento de lançamento.
Ele também possibilita a interação através do Teams, por exemplo. Na prática, o usuário enxerga à sua frente a janela da videoconferência no aplicativo e pode compartilhar imagens do seu ponto de visão através das câmeras e microfones embutidos na frente dos óculos.
Mas é no mundo corporativo que o HoloLens 2 brilha. Além do preço – que é, obviamente, mais acessível para grandes empresas e indústrias –, o uso da realidade mista pode reduzir custos e acelerar processos.
“Será possível realizar cirurgias com auxílio remoto: especialistas em São Paulo podem ajudar em uma área remota de Manaus”, exemplificou Tania Cosentino, presidente da Microsoft Brasil.
O uso na saúde já está sendo testado pela startup brasileira PBSF (Protegendo Cérebros, Salvando Futuros, na sigla em inglês). A empresa irá utilizar os HoloLens 2 para avaliar recém-nascidos com alto risco de lesão cerebral permanente (isso pode acontecer com bebês que sofrem por asfixia após nascimento, má formação ou que são prematuros, por exemplo).
Os médicos dos hospitais poderão se conectar, através do HoloLens 2, com os especialistas da PBSF para auxílio e monitoramento dos bebês recém-nascidos. “Os casos de asfixia cerebral precisam ser muito bem avaliados nas primeiras seis horas de vida do bebê para que possamos indicar o tratamento mais adequado. O dispositivo será fundamental para melhorar a qualidade do tratamento, pois ganhamos agilidade, fundamental para salvar a vida das crianças”, diz o Doutor Gabriel Variane, CEO e fundador da PBSF, no evento.
Ele reforçou que o equipamento limpo é seguro nas UTIs e permite que os médicos fiquem com as mãos livres.
Os HoloLens 2 possuem uma versão industrial para atender aos padrões deste setor. Eles possuem a garantia de dois anos (na versão tradicional é apenas um ano) e certificação ISO 14644-1.
Os dispositivos permitem que os funcionários recebam instruções e sejam conduzidos, à distância, no uso e reparo de máquinas, por exemplo. “É uma experiência imersiva que traz menos custos. As manutenções corretivas e preventivas e reestabelecimento de sistemas podem ser feitos em um tempo muito menor, sem deslocamentos”, disse Tania Cosentino.
No evento, a empresa exemplificou um caso de uso simulando um reparo de uma impressão 3D à distância. O operador usava o HoloLens 2 e escutava as instruções de uma outra pessoa remotamente. Na demonstração, a operadora remota desenhou uma seta no Teams e o operador que estava presencialmente pôde ver a seta projetada no local correto da máquina.
Além do Teams, a Microsoft possui aplicações como o Dynamics 365 e o Remote Assist que permitem que as instruções às tarefas sejam construídas passo a passo e que possam ser realizadas pelo operador sem a necessidade de um terceiro online.
Precisão, colaboração e inovação – esses são os três pilares que o HoloLens busca oferecer hoje. Os óculos de realidade mista da Microsoft trazem a tecnologia do Kinect, tecnologia usada pela empresa no Xbox. Ela realiza o mapeamento do local do usuário e permite que interaja com o espaço e não apenas tenha o elemento digital no “mundo real”, como na experiência oferecida pelo Pokemón Go. Isso facilita o vislumbre de possíveis colisões e oclusões, por exemplo.
Para a Microsoft, a expectativa é de investir no que descreveu como “metaverso industrial”. Nos Estados Unidos, montadoras como a Toyota já estão usando a solução no dia a dia. No Brasil, além da PBSF, a Embraer também utiliza o dispositivo.
Embora a Meta tenha diminuído seu foco no metaverso e passado a olhar para inteligência artificial (algo que a Microsoft já está utilizando no Bing e Pacote Office através de seu grande investimento na OpenAI, criadora do ChatGPT), a expectativa é que o investimento da Microsoft neste setor continue aumentando.
“Nós lançamos o HoloLens 2 em 2019 nos Estados Unidos, Canadá e alguns países da Europa e testamos. Em 2021, decidimos trazer para mais mercados e o Brasil saiu na frente de outros países, mas planejamos lançar também na Colômbia e México. Nós estamos dobrando o investimento em metaverso industrial”, disse Marcondes Farias.
O dispositivo não é fabricado no Brasil, mas passou por uma adaptação no modelo para que seja adequado às terras tupiniquins. Segundo Marcondes, o HoloLens 2 possui a adaptação elétrica necessária, incluindo o conector de tomada específico.
Para além do HoloLens, a Microsoft possui outras iniciativas de realidade mista, como a plataforma Mesh, que pode transformar completamente o trabalho remoto.
Aqui começa o meu relato pessoal. Eu estive presente no evento de lançamento e pude testar o HoloLens 2 na prática. Para começar: ele é muito mais leve do que os óculos de realidade virtual (o que facilita sim seu uso no trabalho, por exemplo).
Eu já testei óculos de realidade virtual e, ao longo do tempo, você pode ficar desconfortável por perder a noção do espaço físico. Sim, o objetivo ali é estar mais presente no mundo virtual, mas leva um tempo até que as pessoas realmente se acostumem com isso. Ali, com a realidade mista, continuar em contato com o mundo físico traz segurança para andar com confiança e executar tarefas.
Ao mesmo tempo, a interação com o digital não é perdida: eu pude segurar um motor digital, escutar ele funcionando, ligar e desligar. É possível movimentá-lo, segurando com o movimento de pinças nos dedos (vide imagem acima), de um lado para outro – e essa é apenas uma das inúmeras aplicações possíveis, é claro.
Além disso, o uso não é desconfortável para pessoas que usam óculos de grau, por exemplo, e o HoloLens repousa de forma leve na cabeça do usuário.
Ao observar outras pessoas testando, é perceptível que ele possui pequenos projetores e, às vezes, as lentes dos óculos refletem essas luzes – o que mostra que, sim, o usuário está vendo coisas que os olhos humanos nus não podem ver.
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Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero. Apresenta o podcast Agora em 10 na StartSe e também atua na área de Comunidades na empresa. É especialista em inovação, tecnologia e negócios.
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