O yuan digital é uma grande aposta como meio de pagamento nas Olimpíadas de Inverno na China; confira como funciona
Foto: Tommy/Getty Images
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5 min
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31 jan 2022
•
Atualizado: 19 mai 2023
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Por Tainá Freitas
A China é mundialmente reconhecida como uma nação mobile first, priorizando os pagamentos digitais, através de smartphones. Sim, pode esquecer a carteira em casa! O dinheiro físico e os cartões tendem a não ser utilizados na rotina da maioria dos cidadãos.
Após um longo período de domínio do WeChat e Tencent nos meios de pagamentos, desde 2014 o Banco Central chinês tem estudado a criação de uma moeda digital chinesa – chamada de yuan digital, digital renminbi ou E-CNY.
A moeda digital chinesa passou a ser testada oficialmente em 2021. De lá para cá, o aplicativo E-CNY já foi baixado por 261 milhões de pessoas – o equivalente a 19% da população do país.
O yuan digital possui o aplicativo próprio de pagamentos, chamado de E-CNY, mas também pode ser utilizado através do WeChat e Tencent. Até dezembro de 2021, mais de 87,5 bilhões de yuans digitais já haviam sido movimentados.
“Desde 2014, o Banco Central chinês tem feito interações tecnológicas com bancos e incentivado a conexão com o varejo e a população – essas são partes imprescindíveis do desenvolvimento da inovação”, explica Camila Ghattas, fundadora da Foreseekers e uma brasileira que vive na China.
Recentemente, o yuan digital virou até mesmo prêmio de loteria, como forma de incentivo de uso. Cerca de US$ 3 milhões foram distribuídos para 100 mil habitantes de Shenzhen. No início de fevereiro é comemorado o ano novo chinês e o prêmio de US$ 31 por pessoa foi distribuído nos famosos envelopes vermelhos, típicos de datas comemorativas no país.
Além disso, as Olímpiadas de Inverno – que vão de 4 a 20 de fevereiro – é uma outra aposta do governo chinês para aumentar o uso da moeda digital. Isso porque, além do dinheiro em espécie e cartão Visa, essa será a forma de pagamento disponível para estrangeiros.
A população chinesa está muito acostumada a fazer pagamentos online ou offline, através de transferências ou QR Codes. Com o yuan digital a logística é a mesma, seja no app E-CNY, WeChat ou AliPay.
A diferença é que, nos aplicativos de terceiros, é necessário escolher qual a moeda a ser utilizada. “É uma questão de mudança de hábito. O funcionamento da moeda digital é parecida com o que já possuímos antes. É possível usá-la em lojas físicas, de conveniência, pequenos varejistas… A questão é: o que a diferencia do que já existe hoje? Essa é a pergunta que teremos que esperar para entender melhor”, conta Ghattas.
INTERNACIONALIZAÇÃO DA MOEDA
Há quem acredite que o digital renminbi facilitará os negócios com outros países. Isso porque, na transação digital, o dólar poderá deixar de ser um intermediário. “Imagine comprar algo direto da China, com dinheiro chinês. Outros países já estudam lançar a própria moeda digital, cada um com seus objetivos, mas todos alinhados à internacionalização”, conta a fundadora da Foreseekers.
Em comparação ao dinheiro físico, as transações digitais são mais facilmente rastreáveis. Uma teoria é de que, na China, isso facilitaria o controle estatal sobre os hábitos da população – essa teoria, no entanto, é refutada pela especialista.
“As pessoas acham que os gastos serão analisados pessoalmente. O que pode acontecer é a análise do gasto com cada categoria, para identificação de padrões da população e previsibilidade de quanto será gasto ao longo do tempo. Não é sobre o quanto a Camila, por exemplo, irá gastar comprando chiclete…”, exemplifica.
Vale lembrar: a China não está criando o seu próprio Bitcoin. O país está criando uma moeda digital – um conceito totalmente diferente de uma criptomoeda. A moeda digital, assim como a cédula convencional, é centralizada e gerida por um governo específico.
Já o Bitcoin e outras criptomoedas são descentralizadas; não há um país ou banco específico que as controlem. Elas também funcionam através da Blockchain, uma plataforma que funciona como um “livro aberto”, no qual é possível certificar a autenticidade de cada transação.
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Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero. Apresenta o podcast Agora em 10 na StartSe e também atua na área de Comunidades na empresa. É especialista em inovação, tecnologia e negócios.
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