MVP: o que é esse tal de mínimo produto viável?
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O Produto Mínimo Viável – ou Minimum Viable Product (MVP) – é a versão simplificada de um produto final de uma startup. A partir dela, o empreendedor vai oferecer o mínimo de funcionalidades com o objetivo de testar o encaixe do produto no mercado.
A prática do MVP ficou popular com o livro Startup Enxuta, de Eric Ries, e é utilizada principalmente na fase inicial dos negócios. Isso permite que empreendedores validem sua ideia antes de desenvolver o produto final. Em outras palavras, permite descobrir se ele, de fato, soluciona o problema do consumidor.
Ou seja, o MVP é um conjunto de testes primários feitos para validar a viabilidade do negócio. Apesar de ser trabalhado com o mínimo de recursos possíveis, ele precisa manter sua função de solução para a qual foi criada e entregar valor ao cliente. “A ideia do MVP é que você aprenda o mais rápido possível qual o produto ideal para seu cliente. Não interessa se ele está fazendo isso de forma manual ou da mais tecnológica possível. O ponto mais importante é se ele entrega valor ou não”, afirma Sulivan Santiago, líder da área de tecnologia da aceleradora ACE, em São Paulo.
Ao mesmo tempo que o produto mínimo viável se mostra ideal para startups, já que reduz custos e gera resultados rápidos, ele não é sempre igual. De acordo com Bernardo Pascowitch, presidente e fundador da Yubb, não existe um único tipo de MVP. Para ele, o ideal é que cada nova funcionalidade eventualmente criada pode ser encarada pela ótica do produto mínimo viável. “Existem tipos de MVP e existem estágios de startups em que diferentes MVP são utilizados”, conta.
O produto mínimo viável não é um protótipo criado para dar errado ou para as pessoas não gostarem do produto. Segundo Bernardo, o que deve acontecer é exatamente o contrário. Para ele, o MVP já faz parte do produto final e precisa, obrigatoriamente, entregar um valor grande para convencer o público de que aquilo dará certo.
“Muitas pessoas acham que MVP é uma solução do seu produto final. Mas não é isso: o MVP já é sua proposta de valor entregue de uma forma mais resumida. A partir dele, e com base em feedbacks, o empreendedor incrementa e aprimora sempre a solução final”, diz Bernardo.
O MVP é essencial para o sucesso de uma startup, uma vez que elas lidam constantemente com diversos fatores de risco, como faturamento instável, mercado volátil e até o alto nível de concorrência.
“A função do MVP é reduzir alguns desses fatores de risco, principalmente o de mercado, que falará se realmente as pessoas vão querer o seu produto. Então, o MVP é essencial para reduzir risco de aceitação com a menor quantidade de tempo e recursos. O MVP é útil também para ficar em contato com seu público alvo”, conta Bernardo.
Além de amenizar os riscos de uma startup, as investigações para realizar o produto mínimo viável permitem uma proximidade maior entre empreendedor e consumidor. Como resultado, é possível que o empreendedor entenda o comportamento do cliente e detecte possíveis falhas no produto antes do lançamento.
De acordo com Sulivan Santiago, outras grandes vantagens do produto mínimo viável são os baixos custos e prazos de desenvolvimento pequenos. “O MVP é a forma mais barata de você testar uma ideia porque ele economiza tempo e dinheiro da startup”, conta. O resultado é a diminuição de gastos e aumento de velocidade nos processos, que aumentam a taxa de sucesso do negócio.
De acordo com Bernardo Pascowitch, os brasileiros não são acostumados a desenvolver um MVP para validar uma ideia. “Normalmente, as pessoas têm uma ideia e acham que essa ideia vai mudar o mundo. Elas gastam dinheiro, tempo, recurso e energia desenvolvendo o produto que elas idealizaram, mas quando soltam para o mercado, elas descobrem que aquele produto não faz tanto sentido quanto elas idealizaram”, defende.
Grande parte do fracasso de algumas startups, segunda ele, é a falta dessa validação. “Elas não fazem a validação, então descobrem o que faz sentido para as pessoas já acabou o dinheiro, a energia, já acabou os recursos e ela quebra”, conta. Ao contrário do Brasil, nos Estados Unidos as pessoas empreendem utilizando o MVP como base do negócio, como o Dropbox, Zappos e Uber.
Segundo Bernardo, os empreendedores brasileiros são mais apegados à solução do que ao problema. Esse fato, ao longo do tempo, acaba inviabilizando o negócio até então inovador. “A solução muda sempre com a evolução da humanidade e da tecnologia, mas o problema sempre permanece. Como resultado disso, o empreendedor faz um MVP muito extenso e muito caro, ao invés de ser algo simples e funcional”, diz. Tal ação muda completamente o objetivo do produto mínimo viável: validar uma solução com poucos recursos.
Para Sulivan, startups gastam muito tempo e dinheiro em soluções que não valem tanto a pena quanto elas gostariam. “Ao invés de desenvolver um MVP, a startup desenvolve o produto final, e isso acontece com frequência. O empreendedor constrói um produto bem elaborado e quando ele vai para a rua percebe que gastou um ou dois anos com um produto que não atendia aos clientes”, diz.
Não existe uma maneira única para você validar seu produto mínimo viável: o processo dependerá do tipo de negócio, dos clientes e, principalmente, da habilidade técnica do próprio time ao desenvolvê-lo. No entanto, existem alguns passos que podem ajudar no processo.
Antes de elaborar um produto, é essencial contar com uma equipe que saiba o que está fazendo. Dessa forma, é importante contar pelo menos com bons profissionais de tecnologia e UX (experiência do usuário) que possam identificar melhorias e realizar alterações, adequando a ideia ao cliente, assim como uma pessoa que entenda de gestão, para decidir o que é viável ou não financeiramente.
De acordo com Bernardo Pascowitch, um dos primeiros passos para criar um produto mínimo viável é decidir quais são as dores do cliente e quais serão os problemas que a startup está disposta a resolver. “É interessante você primeiro fazer as entrevistas para validar os problemas que as pessoas têm, porque não faz sentido já desenvolver alguma coisa sem entender as dores das pessoas”, defende.
No segundo passo, o empreendedor deve definir os propósitos do MVP em questão. Por exemplo: é preciso validar só uma ideia, ou também o processo, modelo de negócios, mercado, etc.? Em outras palavras, ele deve delimitar quantas variáveis precisam ser confirmadas ou alteradas para por esse projeto em prática.
O script deve ser elaborado pensando nos processos que serão utilizados: entrevistas, testes A/B, testes presenciais, online, entre outros, e o que deve ser observado. Por exemplo: os clientes ignoraram uma funcionalidade, isso significa que eles não entenderam, não se interessaram, não viram ou outro?
Após entendido o problema, o empreendedor precisa passar para a etapa de validação da solução. De acordo com Sulivan Santigo, é importante fazer tudo de forma “concierge”, isto é, realizar algumas tarefas manualmente. Para Bernardo, a presença desse tipo de conceito é essencial para que o empreendedor tenha mais proximidade com o público-alvo e desenvolva insights sobre o que realmente o público precisa.
Mesmo que o produto mínimo viável tenha uma boa aceitação pelos seus clientes, não significa que acabou. Pelo contrário! Como um negócio de alta escalabilidade e que deve procurar cortar ao máximo os custos, toda startup deve sempre estar procurando melhorar cada vez mais o produto.
De acordo com Bernardo, o erro de muitas startups é, após automatizar o produto mínimo viável, esquecer e deixar de lado as validações de mercado. “O importante é fazer o MVP e continuar a fazer as validações para novas funcionalidades do site. Ao invés de gastar recurso, tempo, dinheiro e energia do time, a startup pode desenvolver uma landing page, por exemplo, para testar se os usuários vão se interessar por essa nova funcionalidade”, defende.
Na Yubb, por exemplo, Bernardo inspirou-se no caso da Dropbox para desenvolver o produto mínimo viável do seu produto. Após realizar entrevistas com mais de 200 pessoas para entender as dores do mercado, o fundador da empresa lançou um vídeo que mostrava como seria a Yubb no futuro.
“Depois que eu validei o problema e a solução, nós desenvolvemos o MVP Concierge. Criamos uma landing page e as pessoas se cadastravam na nossa base. Todo dia de manhã eu procurava os investimentos e montava um PDF que era enviado para o cliente. O último passo foi cobrar das pessoas pelo PDF. Essa validação foi muito importante para entender se as pessoas estavam dispostas a pagar pelo nosso produto”, conta.
Todo esse processo, que durou cerca de um ano, foi feito antes de desenvolver o produto. “Não tínhamos nenhum site, nem código, nem nenhum software. Era tudo manual”, afirma Bernardo.
O Groupon começou como um blog, no qual todos os cupons eram enviados por e-mail, através de um PDF. A primeira versão do site era completamente manual e sem grandes investimentos. “Alguém entrava no site e fazia um pedido “Quero comprar uma pizza com desconto”. Quando eles recebiam um pedido como esse, eles saiam correndo para encontrar alguma pizzaria, por exemplo, que se disponibilizassem a criar um cupom de desconto para eles”, conta o Bernardo Pascowitch.
O Dropbox já passou por várias modificações desde que foi idealizado pelo seu fundador, Drew Houston. A função do MVP do Dropbox era validar o interesse das pessoas na ferramenta e se o modo de funcionamento era aceito pelos consumidores. Para isso testar sua ideia, o próprio fundador fez um vídeo apresentando o Dropbox para uma comunidade da área.
O Uber faz muito sucesso hoje em dia, mas antes era preciso testar o modelo do negócio e sua plataforma. O aplicativo começou a ser testado somente em algumas regiões, nas quais carros de luxo prestavam o serviço de corrida.
A empresa não deixou o MVP para trás e continua com o modelo de validação ativo. No ano passado, o Uber no Brasil começou a trabalhar com o MVP do UberCOPTER, futuro serviço de transporte com helicópteros.
O primeiro produto mínimo viável do Warren era bem diferente do visual clean e colorido de hoje. Ao invés das letras grandes e do fundo rosa, o aplicativo trazia uma pizza no centro, onde o investidor podia temperar com os produtos disponíveis e, assim, criar seu portfólio. Segundo o Warren, a ideia não foi muito efetiva. No caso, as pessoas que testavam o aplicativo jogavam os ingredientes na pizza sem pensar no investimento. Assim que perceberam isso, os fundadores começaram a desenvolver outro jeito de agradar o público.
Depois de diversas mudanças, o Warren já estava bem mais avançado e a apenas alguns meses da estreia. Ainda assim, a equipe optou por disponibilizar o aplicativo para um grupo de aproximadamente 500 betas. A versão testada era uma simulação, ou seja, o aplicativo possua tudo, menos a opção de investir para valer. Os betas deram o toque final: ajudaram a deixar o aplicativo ainda melhor e mais intuitivo!
Não são só as startups que podem se beneficiar das vantagens do produto mínimo viável. De acordo com Bernardo, muitas empresas de grande porte podem utilizá-lo para reduzir custos, ganhar velocidade nos processos internos e se tornar mais inovador. “Para muitas empresas seria interessante usa a metodologia do MVP, mas não o fazem”, diz o fundador da Yubb.
Além da diminuição de recursos e aumento de agilidade, segundo ele, a implementação do produto mínimo viável permitiria que empresas se coloquem mais próximas do seu público-alvo.
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