A partir da missão de conectar pessoas e culturas, a gastronomia entra como um dos focos do app; confira a estratégia
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11 min
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7 set 2023
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Atualizado: 7 set 2023
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Você já deve ter visto em diversos estabelecimentos comerciais asiáticos o tal do “gatinho da sorte”, que fica abanando para os clientes. Na verdade, o aceno é um convite, e a emblemática figura tem um nome: Maneki Neko.
Com este convite ao comércio, a empresária Marisol Kiyoko Guevara criou a Vou de Nekô, que nasceu como uma espécie de “iFood de comida asiática”, mas que com um aporte anjo, quer ir bem além disso.
A rodada, de valor não divulgado, foi liderada por um grupo engajado de investidores anjo, contando com nomes conhecidos como Angélica NKyn. O aporte servirá para investir em tecnologia e aperfeiçoar a experiência do usuário dentro do app, tudo isso ancorado no foco na cultura asiática.
Atualmente, cerca de 70 restaurantes estão no Vou de Nekô, trazendo culinárias de países como Japão, Índia, Taiwan, Tailândia, Vietnã, China, Coreia do Sul e até mesmo do Havaí, já que um terço da população do Estado norte-americano é composto por japoneses.
Do lado dos clientes, cerca de 22 mil usuários utilizam o app do Nekô para encomendar sua comida asiática, com um ticket médio de R$ 105 a R$ 120. “É um valor cerca de três vezes maior do que a média em outros apps de food delivery”, afirma Marisol, em entrevista ao Startups.
Em termos de crescimento, a startup tem registrado um aumento 20% ao mês. “Dobramos o faturamento do primeiro para o segundo ano. A expectativa é de crescer este ano, embora não dobrar como no ano passado, e em breve o plano é ter mais uma ou duas verticais – groceries e de eventos”, afirma.
Além disso, restaurantes tradicionais da cena asiática (e alguns que não estavam no iFood), também “compraram” a ideia de Marisol e entraram na plataforma. Nomes como Sushi Yassuh, com mais de 50 anos de tradição, e o Hinodê, o restaurante mais antigo de São Paulo, além de outros nomes de destaque, como Barikote Ramen e Yong Dim Sum, estão no app.
“A pauta (do app) é baseada em uma construção de comunidade, não por preço, como é o caso de outros apps, e sim por valores, atendimento e identificação”, diz Marisol, para comentar como o Vou de Nekô está construindo o seu espaço. “A gente foi muito forte com nossa missão, de conectar pessoas e culturas, e a gastronomia entra como um dos focos. O iFood é um competidor nessa vertical, mas o Nekô quer ir além disso”, completa a fundadora.
Profissional com experiência tanto em varejo quanto em inovação, com passagens em empresas como o Grupo Pão de Açúcar, Marisol colocou a tecnologia como prioridade do Nekô desde o começo. O app entrou no ar desde 2021, e já na largada processava todos os seus pagamentos in-app. “Para fazer dar certo, vi que era necessário já ‘sair da garagem’ com a base pronta, como antifraude, gateways e outras funcionalidades. Fica mais difícil consertar depois”, explica a CEO.
Atualmente, a Vou de Nekô cobra 17% sobre cada pagamento, utilizando o gateway da Stone. Além disso, a plataforma também tem seu sistema de gestão de entregadores e suporte aos estabelecimentos. Parece bastante coisa, mas do ponto de vista de equipe, a startup ainda está enxuta, com cerca de 10 funcionários.
Com o aporte, o plano da startup é dobrar a aposta em tecnologia, conteúdo e experiência do usuário, reforçando a filosofia de Marisol, que planejou a interface de seu app pensando na sua avó de 92 anos. “Pensei em uma UX que ela pudesse usar, ou que alguém que não saiba falar português direito consiga fazer seu pedido”, explica.
Por falar em experiência, quando o usuário entra no Nekô, escolhe o país para onde quer ir e lá encontra os restaurantes, com foto do estabelecimento, do chef, e outras informações sobre o local (idade, curiosidades).
“É a cultura através da comida. Nosso objetivo também é oferecer uma plataforma de qualidade, conectando amantes da gastronomia a restaurantes incríveis e permitindo que mergulhem na história por trás de cada prato, por trás de cada balcão”, afirma a fundadora.
Com este foco na cultura, o plano da Vou de Nekô é ir além do food delivery, se posicionando como uma socialtech centrada na cultura asiática. Entre os próximos passos está o plano de incluir a oferta de espetáculos artísticos e outras experiências de imersão dos usuários em atividades culturais asiáticas, assim como a venda de produtos de mercearia.
Ex-jogadora de xadrez profissional, Marisol credita à sua experiência esportiva sua tendência a correr riscos, mas fazer isso de forma controlada. Segundo ela, isso foi o que permitiu à Vou de Nekô operar no breakeven desde o seu começo – o que sempre é um atrativo para investidores.
“Se analisar as chances macro da Nekô dar certo, elas são pequenas. Mas minha estratégia não é bater de frente com os grandes. O que quero provar é que tem como a conta fechar e ser sustentável nas relações dos estabelecimentos com os clientes”, explica.
Para Angélica NKyn, investidora experiente do setor e CEO da Boom Ventures, com participações em startups conhecidas como e Speedbird Aero e UauBox, liderar a rodada na Vou de Nekô foi “uma experiência incrível”, e que conquistou rápido os investidores. “Um grupo de investidores convidados aceitaram entrar e a rodada foi confirmada minutos após o pitch”, revela.
Segundo Angélica, o Nekô contribui para fortalecer negócios asiáticos e a divulgar a comunidade para os não asiáticos, uma visão que também é compartilhada por outro investidores e advisor da startup, Milton Yuki, da FCJ Participações.
“Foi uma grata satisfação encontrar a Vou de Nekô entre as inúmeras startups que avaliamos. A visão clara do que se busca construir, aliada com foco e disciplina na execução de cada etapa, foram essenciais para a decisão de investir para fazer parte ativamente deste negócio”, afirma Milton.
Com planos ambiciosos para o futuro, a fundadora almeja não apenas digitalizar a região da Liberdade, bairro típico japonês da capital paulista, mas também expandir a plataforma para outros bairros, cidades e, futuramente, para além das fronteiras do Brasil, mirando regiões com comunidades asiáticas.
É uma estratégia semelhante à de aplicativos dedicados à gastronomia asiática em outras partes do mundo, como o Chowbus, que levantou US$ 33 milhões em 2020 para expandir em diversos mercados da América do Norte.
“Promover e fortalecer a gastronomia e a cultura asiática está além do Nekô e do negócio em si, é algo feito com e para a comunidade de milhões de descendentes. Quero que essas pessoas se sintam acolhidas no Nekô, sejam ouvidas e suas tradições, valorizadas. O fortalecimento de tradições está ligado ao fortalecimento da nossa própria identidade como descendentes, faz parte de quem somos”, finaliza Marisol.
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