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Netflix x Spotify: qual o prazo de validade do conteúdo?

Modelo de negócios dos dois líderes do streaming são bem diferentes e impactam diretamente nas suas estratégias (e lucratividade). Entenda

Netflix x Spotify: qual o prazo de validade do conteúdo?

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Por Rodrigo Fernandes

A maior parte filmes assistidos são novos. Isso é um problema para a Netflix. A maior parte das músicas ouvidas são antigas. Isso é um problema para a Spotify.

De onde vem essa lógica invertida? Principalmente, das características inerentes a cada produto e do modelo de negócios de cada uma das empresas.

Um belo dia, a Netflix investe respeitáveis US$159 milhões para produzir "The Irishman". O filme é um sucesso. A plataforma ganha novos assinantes e o churn é jogado lá para baixo. Muito bem.

Em pouco tempo, porém, o efeito daquela produção sobre os números da empresa passa a ser mínimo. De fato, a plataforma passa a ter mais um ativo na sua biblioteca – mas um ativo que passa a render bem pouco, infelizmente.

A gente fala muito a respeito da escala em termos de usuários ou de mercados, mas raramente pensamos em escala no seu aspecto temporal.

A Netflix tem uma escala absurda para as suas produções, mas essa escala tem uma meia-vida muito curta.

Em uma comparação grosseira é como você tivesse clientes no mundo inteiro para o seu SaaS, mas que por algum motivo ele só pudesse ser vendido pelo período de um ou dois anos.

E o Spotify? Por que ele teria um problema se para ele não falta essa “escalabilidade temporal”?

Aqui o problema é outro. Boas músicas são ouvidas por muito tempo – mas elas são de propriedade de meia dúzia de grandes gravadoras. Elas não são da Spotify.

Com controle absoluto sobre ativos que possuem grande demanda, o que as gravadoras fazem? “Arrancam o couro” da Spotify e demais serviços de streaming.

Assim, mais de 70% da receita obtida pelos serviços de streaming vai direto para as gravadoras. Não aceita? Que fique com um serviço sem Beatles, Pearl Jam e cia.

Para Netflix e cia, falta a verdadeira escala (que também se dá no tempo). Para Spotify e cia, falta a margem (por não controlar o ativo) que poderia fazer com essa escala fosse efetivamente rentável.

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