Fundadora do Movimento Black Money conta sua experiência no mercado corporativo após um burnout e a importância do fortalecimento intracomunidade.
Nina Silva (foto: montagem/divulgação)
, jornalista da StartSe
7 min
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1 set 2021
•
Atualizado: 19 mai 2023
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Por Tainá Freitas
Foi após um burnout – síndrome de estresse crônico e exaustão devido ao trabalho – que Nina Silva impôs limites para o número de “sim" que dizia no trabalho. Formada em administração e especialista em tecnologia e inovação há mais de 20 anos, foi um processo até que ela se encontrasse no setor corporativo – e isso aconteceu quando ela fundou o Movimento Black Money.
Em entrevista à StartSe, Nina é direta: ela não escolheu ou foi escolhida pela tecnologia. Seu sonho sempre foi ver um mundo mais justo, principalmente no âmbito socioeconômico. Ao entrar no mundo da tecnologia, ela entendeu o papel importantíssimo dessa ferramenta para alcançar essa realidade.
“Eu me especializei em legislação de sistemas tecnológicos na América Latina. Mas nos primeiros dez anos de carreira, eu senti que tinha que fazer tudo. É muito romântico e retrógado pensar que é somente tendo oportunidades que chegaremos onde queremos – se não trabalharmos em cima delas, vamos continuar em um sistema de opressão, porque o sistema continua nos tirando essas oportunidades”, afirma.
E foi justamente porque seus ancestrais não tiveram a mesma abertura que ela sentia que tinha que dar o máximo de excelência em todas as suas tarefas. “Se eu tivesse nascido em família branca, com acesso à instrução, eu minimamente estaria na NASA hoje, ou em Marte", conta, bem-humorada. "E isso não é apenas obra da Nina, é obra dos meus pais e da minha ancestralidade, de tudo o que eles resistiram antes”.
O burnout, que aconteceu em 2013, acabou sendo uma placa de “pare” para Nina. “Não houve um estalo, um momento-chave. Foram processos que aconteceram. Eu sempre estive em um lugar de inquietação e incômodo, mas sentia que não podia reclamar. Até que um dia não consegui mais trabalhar. Com o tempo, entendi que não tenho que me colocar em um lugar de excelência para enriquecer o outro, não posso me colocar em um lugar de não prioridade comigo mesma", explicou.
Após o burnout, ela foi para os Estados Unidos e fez cursos. Voltou para o Brasil e decidiu abrir um salão de beleza especializado em cabelos crespos, mas acabou falhando por não ter executado um plano de negócios desde o início.
Mas ter criado o empreendimento foi uma experiência importante para Nina, que passou a pesquisar a viabilidade de criar projetos que atendessem especificamente a população negra.
“A intencionalidade de fazer negócios em primeira instância com os seus semelhantes é o que move a comunidade judaica, por exemplo. Eles passaram pelo holocausto e por diversos processos de exclusão, mas conseguiram ditar regras no mercado devido ao fortalecimento intracomunidade. Eles falam sobre dinheiro, se apoiam e incentivam cultura, tradições e a autonomia”, afirma.
Hoje, o Movimento Black Money oferece desde um marketplace destinado apenas a empreendedores negros até condições financeiras específicas através do D'Black Bank, fintech do movimento. “Pessoas negras e não negras têm um papel ativo na luta antirracista. Se você busca desde um personal trainer a um curso de oratória, no marketplace do Black Money vai encontrar. Nós pensamos no lugar do capital, de fortalecimento e de manter o dinheiro por mais tempo dentro da comunidade", explica. O MBM também oferece consultoria para trazer mais diversidade a empresas, entre outros serviços.
Atualmente, além de fundadora do Movimento Black Money e D'Black Bank, Nina Silva é também membro do conselho administrativo da Lady Driver (aplicativo de transporte que conecta mulheres motoristas à passageiras); conselheira na Wishe Women Capital e presidente do conselho de administração da Elas que Lucrem.
“Quando as pessoas veem uma mulher negra falando como referência de trabalho, independente de ser mulher e negra, é transformador. Para mim, todos os lugares que eu dialogo hoje estou empreendendo, trazendo inovação, novidades… Nunca é um lugar de conforto”, finaliza.
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, jornalista da StartSe
Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero. Apresenta o podcast Agora em 10 na StartSe e também atua na área de Comunidades na empresa. É especialista em inovação, tecnologia e negócios.
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