Medidas de ESG e eletrificação estão puxando o mercado para mudanças grandes, mas um novo olhar para gestão tem feito a diferença e abarca as mudanças da Mercedes-Benz
Foto: Divulgação Mercedes-Benz
, Jornalista
8 min
•
8 set 2022
•
Atualizado: 19 mai 2023
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Por Camila Petry Feiler
Focando em terceirização, a Mercedes-Benz, em sua divisão de caminhões e ônibus, demitirá 3,6 mil funcionários da fábrica de São Bernardo do Campo. O quadro representa 40% do efetivo da montadora no local, onde 9.000 pessoas trabalham atualmente.
A empresa disse, em nota, que "para dar conta da velocidade de transformação desta indústria e do aumento da pressão dos custos, é necessário focar ainda mais no core business da Companhia", concentrando esforços no que é "realmente necessário e demandado pelo mercado".
A visão de que "o mercado tem se tornado mais dinâmico do que nunca e a competitividade nessa indústria vai continuar a se intensificar”, como diz a própria empresa, levanta a questão dos impactos externos e internos na indústria automobilística. Tão gigante, conceituada e necessária por anos, vê agora a necessidade de uma nova articulação. Por que?
Em uma corrida por eletrificação, pautada pelo ESG e medidas governamentais, as empresas automotivas estão traçando metas ousadas para chegar em 2030 da forma mais verde possível. A proposta? Quintuplicar o número de veículos elétricos no mundo até 2025.
E essa tem sido um dos principais argumentos nas reduções das fábricas no Brasil -- inclusive da Mercedes-Benz, mas não só. Em abril deste ano, a Toyota decidiu fechar sua fábrica em São Bernardo do Campo e a Caoa Cherry anunciou em maio a interrupção da produção de veículos em sua principal planta no país, em Jacareí, para adaptar a unidade à produção de carros híbridos e elétricos.
A Ford também fez cortes, principalmente nos Estados Unidos, Canadá e Índia, e anunciou que “construir esse futuro requer mudar e reformular praticamente todos os aspectos da maneira como operamos por mais de um século”.
A transformação digital ganhou prioridade dentro da agenda estratégica das organizações automotivas, conforme aponta o Índice de Transformação Digital do Setor Automotivo (ICTd). Foi registrada uma maturidade de 66,15% no ambiente de transformação digital do setor e para mais de 60% dos participantes da pesquisa, a digitalização faz parte do planejamento estratégico.
E tem impacto no bolso também. Segundo uma pesquisa da Accenture, as Fabricantes Originais de Equipamentos (OEMs) podem aumentar o faturamento em até 6,5%, graças ao suporte da tecnologia para modificar os ecossistemas produtivos.
Na prática, é preciso construir um ecossistema que pensa em inovação, com uma comunicação fluida, impactando a experiência do cliente, que deve estar no centro. Ao reestruturarem a Mercedes-Benz, por exemplo, a aposta é criar uma estrutura que abarca isso com mais braços externos, terceirizando serviços e reestruturando a gestão. Como assim?
Ao caminhar para novos modelos de trabalho, a montadora passa também a enxergar novos caminhos de gestão. Mais transformação com menos operacional, se inspirando em modelos como da Tesla, cujo sucesso também é atribuído ao gerenciamento de ativos leves. Como assim?
A empresa não criou ativos fixos em grande escala, mas focou sua produção utilizando recursos de outras empresas, através da terceirização, o que permite que ela se concentre em setores de alto valor agregado ao desenvolvimento, marketing e canais de venda.
A Geração Z tem dado o que falar, movimentando do marketing às estruturas de trabalho das empresas, não deixando o setor automotivo passar. O foco em experiência perpassa a ideia de posse, criando novos hábitos de consumo.
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Segundo uma pesquisa feita pela Questtonó com moradores de São Paulo, entre 15 e 20 anos, das classes A e B, a mobilidade ativa (como bicicletas ou andar a pé) é muito valorizada.
O impacto disso? Eles vão deixar de comprar 250 mil carros em 2030 -- 25% dos consumidores da Geração Z simplesmente não vão comprar automóvel, segundo estudo desenvolvido pela Bright Consulting, dentro do Projeto Automotive Brasil 2030.
O mercado está mudando e puxando indústrias grandes e consolidadas a um movimento de análise dos seus padrões de gestão, atuação e olhar para o cliente.
A propulsão elétrica pede um reskilling e upskilling para fazer frente à mudança da cadeia produtiva, trazendo um alerta de que tudo está mudando e precisa mudar rápido. Até porque os recursos estão cada vez mais limitados, e o dinheiro também. É preciso atenção e foco, garantindo vida longa às empresas que conseguem se conectar às demandas do consumidor, adiantando-se às mudanças do mercado. E isso começa em um olhar para a gestão.
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Jornalista focada em empreendedorismo, inovação e tecnologia. É formada em Jornalismo pela PUC-PR e pós-graduada em Antropologia Cultural pela mesma instituição. Tem passagem pela redação da Gazeta do Povo e atuou em projetos de inovação e educação com clientes como Itaú, Totvs e Sebrae.
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