Agora, nem tudo que reluz é ouro. Há um novo – e difícil – normal para as startups que buscam investimento. Entenda.
A percepção de risco e as prioridades dos investidores mudaram e, com isso, o jogo do fundraising ganhou nova configuração. Entenda como fica a realidade para 2023. (Foto: Unsplash).
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8 min
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22 mai 2023
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Atualizado: 22 mai 2023
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O boom dos últimos anos no mercado de startups brasileiro fez nascer gigantes como Ebanx, Creditas, Gympass e outros. Além delas, o momento de bonança também empurrou outras startups em direção ao IPO, como Méliuz, VTEX e Zenvia. Mas há um novo normal no setor.
Segundo o relatório State of Private Markets do primeiro trimestre de 2023, o capital levantado pelas startups no período caiu 80% quando comparado a 2022. Embora o cenário pareça dar sinais de leve melhora, como volume 78% maior de aportes na América Latina em abril (segundo dados do SlingHub), o mercado ainda enfrenta condições adversas para quem está buscando investimento.
Acontece que a percepção de risco e as prioridades dos investidores mudaram e, com isso, o jogo do fundraising ganhou nova configuração.
A primeira grande novidade é que o ecossistema como um todo está dando passos mais lentos. Até mesmo as startups capitalizadas, que ainda não precisam de capital para continuar o crescimento, não estão buscando rodadas de investimento.
Quem investe pode até ter fundos capitalizados, o famigerado dry-powder, mas não há pressa de alocar – especialmente se for necessário liderar uma rodada.
Essa reticência maior dos dois lados da mesa desencadeou outros novos direcionamentos em cascata.
O primeiro passo para garantir o sucesso nessa busca em um cenário desfavorável é criar e manter relações com players que podem investir no futuro. Manter uma relação nutrida pode ser a diferença entre conseguir ou não uma próxima rodada.
Depois, garantir que não haja surpresas é um novo mandamento para não perder um deal. Como há maior cuidado na hora de investir, os temas e conversas difíceis não devem ser deixados para depois – tudo que puder ser feito para diminuir a percepção de risco de investir no negócio.
Por último, ainda vale a máxima de conhecer o investidor pretendido. Algumas perguntas precisam ser respondidas antes mesmo da primeira reunião: é esse o perfil que vai adicionar mais valor à startup? O tamanho do cheque aportado é suficiente para chegar ao próximo estágio? É melhor deixar para buscar esse player no futuro? Tudo isso para evitar perder tempo em um momento menos propenso a investimentos.
A segunda metade de 2023 e a primeira metade de 2024 devem ser mais desafiadoras para startups em estágio avançado. Por isso, é melhor garantir uma rodada agora, ainda que em condições que não tão perfeitas, ou se planejar para viver sem investimento até meados e final de 2024.
Se os dois cenários forem impossíveis, prepare-se para o pior: esteja com tudo em dia para reagir rapidamente às mudanças de mercado e aproveitar oportunidades inesperadas. Margens de segurança são as melhores amigas dos empreendedores no momento.
Na balança dos contratos do venture capital tem mais poder quem precisa menos. No momento, os empreendedores estão mais dispostos a ceder nos termos que os investidores. Cláusulas que eram pouco comuns em 2020/2021 agora são frequentes, como preferências de liquidação e proteções contra downrounds.
Vale lembrar que é importante não abrir mão do controle do negócio e que investimentos seguintes provavelmente irão querer termos similares – independente do cenário macro.
Qualquer empreendedor fica de cabelo em pé quando ouve os termos down round ou flat round. Parece que tudo que o empreendedor fez nos últimos meses não serviu para nada. Mas essas rodadas com valuation inferior não são uma sentença de morte. 20% das novas rodadas já são representadas por elas.
Ainda, vale olhar para além do venture capital, buscando fundraising através de Corporate Venture Capital e crowdfunding. Vale lembrar que o crowdfunding foi responsável por um crescimento de funding no cenário adverso de 2022: dados divulgados recentemente pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) indicam que a arrecadação de recursos para equity crowdfunding cresceu 61%, em 2022, passando de R$ 130 milhões, em 2021, para R$ 210 milhões no último ano.
Como exemplo, a Captable, plataforma líder do segmento, captou, em 2022, R$ 28 milhões – e está próxima de alcançar um total de R$ 100 milhões investidos em mais de 60 startups nos últimos três anos.
Nesse novo normal, as rodadas de comunidade nas plataformas de investimento, como a Captable, se tornaram frequentes. É a oportunidade do empreendedor garantir players com vantagens combinadas em uma só rodada. Esse foi o caso da Sensix que atraiu um investimento de Corporate Venture, da SLC Agrícola; de um fundo de venture capital, a Domo Invest e os investidores do varejo da Captable. Inscreva sua startup e cadastre-se para investir.
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Juliana Irala é produtora de conteúdo na Captable, plataforma de investimentos da StartSe, que conecta mais de 7 mil investidores a negócios inovadores. Formada em Jornalismo pela ESPM, tem mais de 4 anos de experiência em produção de conteúdo textual e audiovisual.
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