O IPO do Nubank aconteceu há menos de 10 meses, agora o neobanco muda a estratégia. Seria um sinal de que o IPO não é o melhor caminho para startups?
nubank-bolsa-acabou-ipo-para-startups (Foto: GettyImages).
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8 min
•
21 set 2022
•
Atualizado: 19 mai 2023
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Por Victor Marques, da Captable Brasil.
A verdade é que o Nubank abriu seu capital em um momento complicado e, depois de ouvir muita piada e avaliações deturpadas sobre seu negócio, resolveu recolher suas ações listadas diretamente na Bolsa brasileira e fugir para Nova York.
Na prática, o Nubank deixa de ser uma empresa aberta no Brasil. Antes, a fintech ofertava ações na forma de BDR Nível III – utilizado por empresas estrangeiras que possuem registro de companhia aberta no Brasil. Agora, vai operar com BDR Nível I, emitido por empresas estrangeiras sem precisar do registro como companhia aberta no Brasil.
Embora o Nubank tenha passado mais de uma década como uma empresa de capital fechado, talvez a decisão de realizar o IPO em 2021 não tenha sido a mais acertada.
Não é por acaso: a abertura de capital de uma empresa em uma bolsa de valores costumava ser o principal objetivo de um empreendedor. O IPO trazia uma aura de relevância e era visto como um selo de aprovação do potencial do negócio.
O mercado de capitais americano já dava sinais de que a prática se tornaria menos relevante: grandes nomes do mercado de tecnologia continuam operando como empresas privadas – da SpaceX, da indústria aeroespacial, de Elon Musk; passando pela Stripe, maior fintech americana; até o mensageiro Telegram. Todas elas com valorizações que justificariam o interesse em abrir o capital, mas, até agora, nada.
Alguns motivos para a fuga do IPO são: busca de maior controle, menor escrutínio do mercado, fugir de padrões de governança e aumentar o potencial de inovação do negócio.
As empresas precisam passar a prestar contas aos investidores, entregar relatórios extensivos sobre o negócio, ter uma área de relação com investidores e lidar com as expectativas do mercado. Inevitavelmente, as decisões passam a ser tomadas com maior burocracia e, portanto, de forma mais lenta.
Os requerimentos de estrutura de governança e de controle são outro motivo para adiar um IPO. Conselhos administrativos, estrutura de compliance, departamentos jurídicos numerosos e maior transparência de todos os processos costumam assombrar os empreendedores que escolhem abrir o capital.
Maior controle, estruturas mais complexas, cada vez mais a empresa vai perdendo a cara de startup e as características – uma delas, a mais marcante, é a capacidade de inovar. Há dados que mostram que é benéfico para a inovação uma empresa se manter fechada.
A trajetória do Nubank desde o IPO serve como alerta para outras startups que buscam abrir o capital: esteja pronto para o julgamento de uma classe completamente diferente de investidores e para ser medido por outra régua.
Enquanto empresas de capital fechado, as startups aproveitam uma liberdade maior, menos entraves burocráticos e contam com investidores adeptos ao risco. A partir do IPO, precisam agradar investidores que priorizam o lucro, que objetivam resultados no presente e que não possuem a mesma paciência para esperar um lucro futuro.
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Victor Marques é Head de Conteúdo na Captable, maior hub de investimentos em startups do Brasil, que conecta seus mais de 7000 investidores a empreendedores com negócios inovadores. Escreve há mais de dois anos sobre inovação. Formado em Letras e Mestre em Linguística pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
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