Plano do Nubank não é ser uma carteira, mas o banco de relacionamento do brasileiro, segundo seu fundador, David Vélez
Cristina Junqueira, Adam Edward Wible e David Vélez apresentam o programa NuSócios do Nubank (foto: divulgação)
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5 min
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23 mai 2023
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Atualizado: 23 mai 2023
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Surfando a onda dos bons resultados financeiros no momento em que completa 10 anos, o Nubank começa a dar os passos que prometem definir sua próxima década de evolução. No roteiro estão a busca pelos clientes de alta renda e o posicionamento como uma “money plataform”, com diferentes opções para atender as necessidades dos clientes.
“Se na nossa 1ª década nossa meta era criar um banco no bolso de cada brasileiro, na nossa 2ª década é ter um personal banker e um banco no bolso de cada brasileiro”, disse David Vélez, CEO e fundador do Nubank ao Startups, hoje pela manhã durante evento na sede da companhia em São Paulo para comemorar o aniversário do neobanco. Perguntado se, em bom português, essa nova proposta não seria simplesmente se tornar um banco completo como os incumbentes que ele sempre se dispôs a combater, Vélez disse que não. “Hoje a gente tem licenças financeiras de banco, é regulado, tem capital requirido. Toda o requerimento de banco a gente tem. Mas o jeito que a gente executa essa visão é como uma empresa de tecnologia”, argumentou.
De acordo com o fundador, essa oferta será construída com produtos próprios do Nubank, mas também pela distribuição de produtos de outras instituições inclusive grandes bancos. Hoje o aplicativo do Nubank já tem um marketplace para compra de produtos que conta com 140 marcas.
Outro ponto que a companhia pretende explorar é a presença além do seu tradicional aplicativo. O atendimento e interação poderão ser feitos em diferentes dispositivos e situações. De acordo com Vélez, essa expansão será possível por meio do uso da inteligência artificial. “A IA é nova mudança de plataforma que vai ser mais tranaformacional que a internet e que vai acontecer mais rápido que as outras porque depende de softwre e não de hardware”, disse.
Aumentar as ocasiões de uso é um passo importante para o Nubank em sua trajetória de crescimento. Nascido como um cartão de crédito sem anuidade, o Nubank evoluiu para uma conta, adicionou cartão de débito e hoje já tem criptomoedas, conta para empresas, crédito consignado e seguros. De acordo com Cristina Junqueira, cofundadora e CGO, ano passado foram 25 lançamentos. Só nos primeiros 5 meses de 2023 foram 10.
Segundo Guilherme Lago, diretor financeiro do Nubank, hoje a receita média por cliente está na faixa dos US$ 8, mas em alguns recortes de perfis de clientes o valor chega a US$ 22. O que por si só já abre uma oportunidade de crescimento. Mesmo o número mais alto, no entanto, é a metade da média do mercado, então o caminho é ainda mais longo – e a oportunidade ainda maior.
Além de mais ofertas, o aumento da receita por cliente passa por uma busca mais ativa pelos clientes de alta renda. O público é atendido pelo Nubank há dois anos, desde o lançamento do cartão Black da instituição, o Ultravioleta. Segundo Cristina, este segmento foi o que apresentou mais cresceu em faturamento no último trimestre por conta da maior adoção e do amadurecimento das políticas de crédito.
Sem dar detalhes, ela disse que o plano é incluir mais ofertas para esse perfil de cliente. Mais do que isso, o Nubank vai adotar um tom de comunicação mais sério. Em junho, inclusive, a marca estará no intervalo do Jornal Nacional, um dos espaços mais caros da publicidade brasileira.
A comemoração dos 10 anos do Nubank acontece no momento em que a companhia tem apresentado resultados bastante positivos. No balanço do 1º trimestre, o lucro líquido ajustado ficou em US$ 182,4 milhões, 18 vezes mais que o apurado um ano antes. A receita dobrou, para US$ 1,6 bilhão. Nos primeiros 3 meses do ano, foram 4,5 milhões de clientes adicionados. Com o bom desempenho, o segundo resultado positivo em sequência, a ação do Nubank, que foi castigada ao longo do ano passado, já valorizou 50%.
Durante o evento de hoje manhã, os executivos do Nubank destacaram o tempo todo o quão eficiente a companhia é por ter baixo custo de aquisição de clientes e índices de inadimplência menores que a média do mercado. “Somos donos do nosso próprio destino”, disse Vélez se gabando da posição financeira confortável da companhia – com mais de US$ 2 bilhões de caixa disponível – e por não precisar passar o chapéu para captar dinheiro de venture capital para tocar seus planos. “Esse jogo acabou”, desabafou.
Com 80 milhões de clientes, o Nubank tem operação no Brasil, no México e na Colômbia. De acordo com Vélez, nos próximos dois anos não há planos de ampliar essa presença. Mas para a próxima década, o mapa da região deve ganhar mais cores roxas. A expansão, no entanto, pode não se restringir só à América Latina. Sem dar detalhes de possíveis destinos, Vélez disse que não descarta, inclusive operar nos EUA.
De acordo com Cristina, as operações no México e na Colômbia estão crescendo a ritmos muito mais acelerados do que o Brasil registrou no mesmo período, e estão se tornando mais completas mais rapidamente também – já que agora o Nubank já tem os produtos desenvolvidos. Para ela, o México pode apresentar uma taxa de uso do roxinho maior do que a do Brasil por que o país ainda está muito atrás na adoção de cartão de crédito, o que abre espaço para o Nubank ganhar uma fatia mais relevante do mercado.
O Brasil, no entanto, deve se manter como o carro-chefe do neobanco. Segundo Vélez, o potencial é de crescer a base de clientes em 5x nos próximos anos. “Em 2033 espero ter todos aqui falando dessa última década e de como a gente converteu a plataforma de banco digital na maior e mais influente money plataform do mundo”, finalizou Vélez.
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