O que está por trás da dívida de R$ 750 milhões da CVC

A CVC está longe de atingir uma estabilidade. A empresa de turismo, que recentemente implementou um plano para reestruturar suas dívidas, contratou Leonel Andrade como CEO. A missão do executivo é de reerguê-la, o que fez com que a empresa conquistasse a confiança dos credores. No entanto, de forma curiosa, Andrade optou por deixar o cargo antes do esperado. 

• O CFO Marcelo Kopel e a conselheira Lilian Guimarães também renunciaram ao cargo neste ano
• A empresa ainda não tem nomes para ocupar as cadeiras
• A CVC tem dívidas que somam R$ 750 milhões
• As ações da empresa acumulam queda de 74%

POR QUE LEONEL ANDRADE RENUNCIOU AO CARGO NA CVC?

De acordo com o Estadão/Broadcast, Leonel Andrade deixou a companhia por divergências com o conselho de administração, relacionadas aos rumos da CVC nos próximos meses. O ex-CEO, por sua vez, cita — em comunicado no LinkedIn — que passou por grandes desafios durante os anos na alta liderança na empresa, mas que agora é “hora de mudança”. Veja:

“Hora de mudança [...] Neste período aprendemos como nunca, graças a desafios enormes. Desde a chegada enfrentamos graves distorções contábeis, a troca quase completa do management e completa do Conselho de Administração, quatro aumentos de capital, duas renegociações de dívida, um ataque cibernético gigantesco, a quebra de uma cia aérea, a construção e troca completa de sistema… E tudo durante a pandemia do Covid, o evento mais danoso que a indústria do turismo já enfrentou."

A CVC NÃO VAI BEM: O QUE ESTÁ ACONTECENDO COM A EMPRESA?

Em 2020, a CVC percebeu que seus sistemas internos de controle apresentaram problemas que resultaram em erros e distorções nas informações financeiras da empresa. Além disso, foram encontrados indícios de possíveis fraudes contábeis em algumas atividades. 

• Essas informações foram divulgadas junto com a reapresentação dos resultados
• O valor dos erros contábeis foi de R$ 362,384 milhões

Além disso, a empresa também enfrentou dificuldades devido à pandemia, que afetou severamente o setor de turismo. Com as restrições e a queda nas viagens, a empresa acumulou ainda mais dívidas durante esse período – totalizando em R$ 750 milhões de prejuízo. 

QUAIS SÃO OS PRÓXIMOS PASSOS DA CVC

A CVC chegou a um acordo com os credores para prolongar o prazo de pagamento de suas dívidas — o que eliminou suas preocupações sobre sua situação financeira e ajudou a melhorar seu valor de mercado. O prazo de pagamento foi estendido em 3,5 anos e o custo da dívida aumentou um pouco, passando de CDI + 6,5% para CDI + 7%. Além disso, a empresa também conseguiu um período de carência generoso. 

• A primeira parcela do pagamento da dívida, equivalente a 10% do total, só será feita em novembro de 2024, seguida por 45% em novembro de 2025 e os outros 45% um ano depois. Como parte do acordo, a CVC vai pagar antecipadamente R$ 124 milhões.

POR QUE IMPORTA?

O caso da CVC Corp. traz algumas lições importantes. Primeiro, a importância de sistemas internos de controle eficientes para garantir a precisão e a confiabilidade das informações financeiras de uma empresa. A identificação de problemas nesses sistemas e a pronta divulgação dos erros encontrados demonstram transparência e responsabilidade por parte da companhia.

Além disso, a situação da CVC também mostra a necessidade de adaptar-se e reinventar-se diante de desafios e mudanças no ambiente de negócios. A empresa enfrentou dificuldades decorrentes da pandemia, que impactou severamente o setor de turismo. Essa crise exigiu uma resposta ágil e criativa por parte da empresa para enfrentar os desafios e minimizar os prejuízos, algo que não aconteceu. 

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