A síndrome é o oposto do burnout. Está associada com a falta de demandas e interesse no trabalho. Se não tratada pode levar a transtornos como ansiedade e depressão. Entenda!
(Crédito: DjelicS via Getty Images)
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10 min
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10 ago 2021
•
Atualizado: 19 mai 2023
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Por Sabrina Bezerra
Não, você não está feliz no emprego. Todos os dias você tem pouca demanda de trabalho, sente desinteresse, tédio, e além disso, não encontra mais propósito nas atividades que faz. Se você se identificou com a abertura desse texto, cuidado. Você pode estar com a Síndrome de Boreout.
Ainda pouco falada, a síndrome está associada com a falta de demandas e interesse no trabalho. É o oposto do burnout, mas as consequências — se não tratadas — podem ser as mesmas: ansiedade, depressão, dor de cabeça, entre outras.
Mas vale lembrar: “é normal que as pessoas tenham sentimento negativo em relação ao trabalho. Porém, isso não pode ser uma coisa duradoura”, diz Yuri Busin, psicólogo, mestre e doutor em neurociência do comportamento e diretor do Centro de Atenção à Saúde Mental (CASME).
Trata-se de quando a pessoa tem poucos estímulos no ambiente de trabalho e sente apatia, tédio e acaba fazendo as tarefas no modo automático. Em outras palavras, é quando o funcionário tem poucas tarefas para cumprir e sente-se entediado e desvalorizado — e não é apenas um sentimento passageiro, e sim cotidiano.
Alguns profissionais sentem que poderiam aproveitar o tempo que sobra para melhorar as suas habilidades, mas não conseguem. Em 2007, o termo (não reconhecido oficialmente como um diagnóstico) foi exposto pelos psicólogos suíços Philippe Rothlin e Peter Werder, no livro “Diagnose Boreout”.
No entanto, não se trata de uma doença. “As síndromes não são critérios para diagnósticos. Elas são sintomas que aparecem ao longo da vida e a gente acaba notando dentro do trabalho, vida pessoal e assim por diante”, diz Busin.
Mas o comportamento tem sido observado — principalmente entre os jovens —, cada vez mais, nas empresas, sobretudo com a chegada da pandemia do novo coronavírus. Veja: segundo uma pesquisa feita pelo Conselho Nacional da Juventude, 7 em cada 10 entrevistados disseram que seu estado emocional piorou por causa da pandemia, enquanto os sentimentos mais marcantes para eles durante o isolamento social foram ansiedade, tédio e impaciência.
Segundo Busin, para descobrir se você está com a síndrome, é preciso fazer autoavaliação com frequência. “[Analise] se você acredita — e se tem os mesmos — ideais que a empresa […] e note quais são os prejuízos [saúde mental e física] que está tendo em relação ao trabalho. Esses são alguns ótimos indicadores."
“A causa [do tédio] não é normalmente o trabalho. Algumas vezes tem a ver com a vida pessoal”, diz o especialista. Por isso, é importante a autoavaliação: para entender se está ou não com boreout. “Se [o tédio] for somente no trabalho, é importantíssimo notar esse viés de propósito, ideal da empresa, o que acredita e assim por diante para entender se existe algo em conflito [com a companhia – que difere os valores].”
Isso porque, “o conflito surge a partir do momento que a gente está realizando uma coisa pensando em outra. A autoavaliação é bem importante para que as pessoas consigam ter uma melhora e entendam melhor o próprio comportamento”, conta Busin. “O balanço emocional deve ser muito bem feito não só dentro do trabalho mas fora também para que consiga ter uma qualidade de vida boa.”
Além disso, a síndrome de boreout tem tratamento e cura. Mas o especialista alerta: “não tem cura de uma [forma] rápida e simples. É um processo de autoconhecimento”. “Busque um profissional porque está tudo bem buscar ajuda”, afirma ele.
Com o passar do tempo, o líder vai perceber que o colaborador está desanimado, reclamando muito e com o humor não muito agradável. E como agir neste caso? Perguntando ao funcionário — em uma conversa livre, sem pressão e tranquila — se está acontecendo algo e como ele e a empresa podem ajudá-lo. É o que aconselha Busin.
“Neste momento, [o ideal] é entender junto com o colaborador o que está acontecendo. Dar espaço [ao funcionário] e ouvir atentamente, com uma escuta ativa. […] Isso vai ajudar bastante”.
Se for o caso, vale oferecer também um day off para o profissional pensar o que pode ser feito para melhorar o sentimento. De repente, ele precisa de novos desafios dentro da empresa.
E lembre-se: as decisões, de acordo com Busin, devem ser tomadas em conjunto. “E não o pressione ou o critique. Isso vai acabar gerando mais animosidade, mais dificuldade, mais tédio e acabar indo para o caminho oposto do que deveria ser. O líder pode conversar de forma ativa, positiva e otimista mostrando que está em conjunto com a outra pessoa".
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Sabrina Bezerra, head de conteúdo na StartSe, possui mais de 13 anos de experiência em comunicação, com passagem por veículos como Pequenas Empresas & Grandes Negócios e Época Negócios, ambos da Editora Globo.
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