Corporate Venture Capital virou moda nas empresas brasileiras. Mas afinal, o que é CVC e o que as empresas buscam com esse tipo de iniciativa? Entenda os benefícios compostos da relação de empresas com o ecossistema de inovação.
o-que-e-corporate-venture-capital (Foto: GettyImages)
, Head de Conteúdo na Captable
12 min
•
21 set 2021
•
Atualizado: 19 mai 2023
newsletter
Start Seu dia:
A Newsletter do AGORA!
Por Victor Marques
Corporate Venture Capital, CVC, Corporate VC, CV, embora os nomes variem, esse tipo de fundo de investimento está em alta no Brasil. O Corporate Venture Capital é um fundo de investimento criado por uma empresa, geralmente bem estabelecida, que busca investir em startups e outros negócios.
Os fundos de CVC são focados em expandir a colaboração entre empresas e startups através do investimento, fornecimento de serviços/produtos e até mesmo aquisições.
A 'inovação aberta', um termo abrangente que descreve uma forma de inovar através da conexão com parceiros externos, inclui as iniciativas de Corporate Venture, já que uma das melhores maneiras de estar conectado com uma startup é investindo nela e estando disposto a aprender e aplicar as experiências de outros empreendedores em seu próprio negócio.
Na corrida pela inovação, as empresas tradicionais perceberam que tinham muito a aprender com as startups: conhecidas por se mover rapidamente, adaptar e propor soluções tecnológicas que podem ser aproveitadas por empresas de todos os tamanhos. Na onda crescente de M&As, que também fazem parte da estratégia de CVC, os investimentos de empresas em startups também vêm se tornando tendência.
Mas, você pode estar se perguntando, por que empresas investiriam seu capital em outros negócios? A resposta varia de acordo com o objetivo, que depende da estratégia de cada empresa que decide estruturar um fundo com esse objetivo. Os motivos mais comuns são:
Os motivos podem ser compostos, ou seja, não se resumir a apenas um deles. E, geralmente, também podem evoluir com o andamento da relação entre empresa e startup. Muitas vezes, parcerias que começam com o fornecimento de uma solução pontual evoluem para um investimento ou até mesmo uma aquisição da startup.
Certo é que essa relação simbiótica entre os negócios traz vantagens para todo o ecossistema. Permitindo que soluções inovadoras sejam testadas em maior escala, que haja mais capital disponível para as startups, que as empresas possam testar novas abordagens através de projetos-piloto e que startups possam identificar problemas em estruturas corporativas tradicionais para produzir soluções. Tais benefícios quase sempre são espelhados, oferecendo vantagens mútuas.
Outra grande vantagem é a oportunidade de se proteger, como empresa tradicional, de possíveis avanços tecnológicos das startups que possam tornar seu negócio obsoleto. Através da conexão com a startup investida, você possui um assento na primeira fileira que permite visualizar as tecnologias que podem prejudicar seu negócio no futuro ou, caso se antecipe, que podem ser implementadas no seu negócio.
Claro que, além dos benefícios competitivos dessa relação, há uma expectativa desses investimentos também poderem dar retorno financeiro direto. O investimento da empresa na startup pode resultar em uma saída (exit) que dê lucro - ou seja, além de ter obtido vantagens competitivas, de cultura e de aprendizado, é possível que o investimento também gere lucro.
As estratégias de corporate venture geralmente se referem à colaboração externa, com o contato com outras empresas/startups. Porém, há empresas que desenvolvem um fundo de Corporate Venture Interno (CVI), uma iniciativa de inovação intraempresarial, que nada mais é que capital alocado para desenvolver projetos propostos por pessoas que estão dentro da companhia.
O Corporate Venture Externo (CVE) é o tipo mais comumente referido quando se fala de fundos de Corporate Venture, caracterizado por ser uma alocação de capital em negócios externos que possam trazer vantagens competitivas, aprendizado e retornos financeiros para uma empresa.
As iniciativas de Corporate Venture variam de acordo com o nível de sinergia, dedicação e capital alocado em cada startup. É importante entender que, como qualquer investimento em startup, o impacto e o retorno (financeiro ou não) não são imediatos, sendo, essencialmente, investimentos no futuro. Os resultados podem levar de 6 a 8 anos para serem percebidos e por isso é importante regular as expectativas.
Dependendo da vontade da empresa de mergulhar no ecossistema de inovação, os fundos CVC podem consumir uma quantidade considerável de capital de uma empresa, exigindo até mesmo a contratação de profissionais para atuarem internamente com o objetivo de identificar e negociar oportunidades junto às startups.
Ainda, pode ser necessário buscar um player externo que ofereça um deal flow (ou seja, ofereça oportunidades recorrentes que interessem àquela empresa), esses players precisam estar em contato frequente com um grande número de startups que são analisadas e selecionadas previamente, reduzindo a demanda de tempo de profissionais internos para encontrar boas oportunidades - a CapTable, plataforma de investimentos em startups da StartSe, por possuir contato com milhares de startups do ecossistema já oferece também esse tipo conexão dentro do seu hub de inovação - basta entrar em contato por e-mail.
O Corporate Venture Capital se assemelha muito à lógica de investimento do Venture Capital puro: ainda que haja uma tese de investimento bem definida, os gestores de um fundo sabem que não são todas as startups escolhidas para receber investimento que darão retorno, a maioria provavelmente não irá - ainda assim, algumas darão resultados espetaculares que são suficientes para compensar o desempenho do restante do portfólio.
O Corporate Venture nem sempre possui como objetivo máximo o retorno financeiro, diferente do Venture Capital tradicional, embora muitos dos investimentos não reflita diretamente em rentabilidade para o caixa da empresa, algumas das conexões e aprendizados criados pelas relações entre as empresas e as startups investidas podem trazer resultados transformadores - e até mesmo disruptivos - para o negócio, inclusive indiretamente gerando lucro para a operação.
Embora tenha ganhado tração recentemente, a prática do Corporate Venture não é nova. Desde antes dos anos 2000 já haviam casos de empresas consolidadas que criaram suas iniciativas de Corporate Venture. Porém, com a maturidade crescente do ecossistema de inovação, o Corporate Venture Capital virou tendência nos últimos anos.
O ecossistema brasileiro de startups vive a primeira onda de Corporate VCs, com as empresas do setor financeiro se destacando como as mais engajadas nesse tipo de iniciativa. Isso ocorre, principalmente, pela natureza mais disruptiva do segmento, que exige inovação constante para se manter relevante. Exemplo disso foi o investimento do Nubank em uma fintech indiana. Mesmo uma fintech percebeu a necessidade de compartilhar conhecimento com outro player do mercado através do investimento.
O setor tradicional das empresas incorporou a prática num movimento estratégico: é mais benéfico se juntar às startups do que competir com elas. Prova disso são os investimentos recorrentes do Magalu, Americanas, B2W e Mercado Livre. As aquisições são a demonstração de que há muito que se aprender e incorporar aos negócios através da conexão com as startups.
O Corporate Venture Capital é um mercado aquecido no Brasil, trazendo recordes de aportes e M&As. O crescimento dos movimentos do setor é um sinal de maturidade do relacionamento entre startups e empresas. Os fundos de Corporate Venture são parte do processo de inovação aberta - ou seja, o uso de elementos externos e internos para gerar valor à empresa que passa a empregar conhecimentos e ferramentas, desenvolvidos externamente, no negócio.
Para uma empresa, investir em uma startup é totalmente diferente de investir nos projetos internos, especialmente porque as empresas tradicionais não estão acostumadas a um ambiente de risco. Startups lidam cotidianamente com incertezas, processos ágeis e testes frequentes, que trazem grande valor para uma corporação.
Incluir o CVC em grandes empresas é uma maneira de unir o útil ao agradável - trazendo possibilidade de retornos financeiros acima da média aliados ao acesso a novas tecnologias, insights e vantagens competitivas que, se não fosse pela iniciativa, não seriam acessíveis por uma empresa tradicional.
É uma maneira de evitar a armadilha de trabalhar apenas por resultados de curto prazo, comum em empresas maiores, sem pensar no futuro, impedindo que haja crescimento no longo prazo - que podem levar a empresa a novos patamares. Isso ocorre porque o Corporate VC traz ganhos financeiros no longo prazo, mas pode trazer benefícios mais imediatos, no curto e médio prazo, através da conexão com o ecossistema de inovação.
O Invest Nelas III é um evento organizado pela CapTable, que, nesta edição, focará em trazer os aprendizados de lideranças femininas sobre as iniciativas de Corporate Venture Capital no Brasil. Ilana Horta, head de Corporate Venture na Faber-Castell, Carolina Perroni Sanvicente, fundadora de escritório de advocacia especialista em Venture Capital com braço em CVC e Cristiane Fensterseifer, analista da Empiricus, participam da terceira edição. O evento é gratuito e para se inscrever basta acessar este link.
A CapTable, plataforma de investimento em startups da StartSe, permite que qualquer um tenha a oportunidade de investir em startups. Apenas em 2021, a CapTable já captou mais de R$ 35 milhões para 22 startups. Recentemente, a plataforma teve seu primeiro exit com a aquisição do Alter pelo Méliuz, os investidores tiveram mais de 70% de valorização do investimento em nove meses. Cadastre-se e conheça as captações disponíveis.
Gostou deste conteúdo? Deixa que a gente te avisa quando surgirem assuntos relacionados!
Assuntos relacionados
, Head de Conteúdo na Captable
Victor Marques é Head de Conteúdo na Captable, maior hub de investimentos em startups do Brasil, que conecta seus mais de 7000 investidores a empreendedores com negócios inovadores. Escreve há mais de dois anos sobre inovação. Formado em Letras e Mestre em Linguística pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
Leia o próximo artigo
newsletter
Start Seu dia:
A Newsletter do AGORA!