Essa não é a primeira vez que empresas fazem parceria com celebridades. Outra estratégia que tem sido usada com frequência é a de embaixadores de marca. Entenda!
Xuxa (Foto: divulgação)
, jornalista
13 min
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17 jun 2021
•
Atualizado: 19 mai 2023
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Por Sabrina Bezerra
A Shopee anunciou a Xuxa como embaixadora da marca. A novidade foi contada em um vídeo de divulgação, com a música Ilariê. Além disso, a cantora também vai participar do Festival Shopee Oficial e Shopee Black Friday.
Esta, no entanto, não é a primeira vez que as marcas apostam em embaixadores de marca. Entenda:
O embaixador de uma marca é a pessoa — normalmente artista e influenciador digital — que representa a empresa porque tem princípios e valores parecidos. “Ele é responsável por disseminar valores, posicionamento, propostas e soluções da marca”, afirma Sofia Batista Ferraz, professora de Marketing na ESPM-SP e FGV-EAESP.
“O embaixador de uma marca é responsável por transmitir a mensagem [da marca] diretamente ao público, de forma mais clara e sem ruído. É um dos principais porta-vozes e meios de comunicação, tornando-a mais próxima e humanizada”, conta Paulo Pimenta, CEO da agência bpmcom, agenciando Maria Rita, Gabriel Maqui e Gabriel Gonti.
O garoto-propaganda ou garota-propaganda é quando a empresa usa a imagem deles para se promover a curto ou longo prazo. Já o embaixador tem um papel mais expressivo porque está transmitindo algo. “Ele representa a marca e tem uma certa frequência de ação — que pode ser tanto publicação das redes sociais em formato de vídeos educativos ou testar produtos antes para mostrar as novidades. O objetivo é sempre mostrar além do produto, com o intuito de associar a pessoa à empresa", afirma Beatriz Brunson, especialista em comunicação estratégica para marcas e chief marketing officer da Gummy Conteúdo Digital.
“O melhor caminho para entender o papel e a responsabilidade de um embaixador, é dando exemplos. Se fala em Skol Beats, lembra-se de Anitta. Pensou em Espaço Laser, vem Xuxa na cabeça. E mais recentemente temos exemplos da Iza com PicPay e do Gil do Vigor para Vigor. Ou seja, o embaixador é uma figura pública ou um formador de opinião que empresta sua autoridade para a marca e leva junto sua audiência para compartilhar dos benefícios de viver a experiência com aquela companhia. Mais do que um garoto propaganda, o embaixador traz a marca no seu discurso de rotina”, diz Flávio Santos, CEO da agência de marketing de influência MField e especialista em conteúdo com influenciadores para marcas.
Sofia diz que o primeiro passo antes da empresa buscar o embaixador, é traçar uma estratégia. “Há uma grande responsabilidade por parte da empresa, visto que ela deve escolher embaixadores que estejam alinhados com a atual estratégia da marca.” Por isso, é importante avaliar alguns pontos antes de fechar o contrato, como: “o que a empresa quer transmitir? O que o embaixador representa para o público-alvo da marca? Como o embaixador se comunica com o seu público (conteúdo, tom e vocabulário)?”, afirma Sofia.
A empresa também precisa entender quais são os objetivos: conquistar novos seguidores, aumentar o engajamento ou vender mais. E lembrar que, segundo Sofia, atualmente o número de seguidores não é sinônimo de sucesso. “Pois uma das grandes questões é como gerar engajamento e interação com e entre os consumidores. Deve-se avaliar o alcance, a relevância e a ressonância (reach, relevance, and resonance) do influenciador e do seu escopo de atuação.”
Santos aconselha avaliar o tripé de requisitos: autoridade, engajamento e perfil. “A autoridade vai trazer o crivo técnico e sinérgico que o nome tem com a área de atuação. O engajamento garante números e boa aceitação e o perfil adequado é analisado com base no cluster de interesse, território e segmento da marca", diz ele.
Analise o histórico do embaixador e veja se o comportamento dele está alinhado com o propósito da marca. “Um dos principais erros é focar em um embaixador ou representante devido a uma rápida popularidade ou algo que viralizou na internet. A questão da consistência é chave para a marca oferecer esse título a um representante”, afirma Sofia.
Sonia diz que depende do objetivo a curto, médio ou longo prazo da marca. “No entanto, é importante frisar que o título de embaixador é muito mais do que um ou uma garoto ou garota-propaganda”, diz ela.
Pimenta, por sua vez, aconselha fechar contrato a longo prazo — tempo suficiente — para o embaixador construir uma relação efetiva com a marca. “Diferente de um influenciador digital que pode sim ser por dias ou meses, para apenas uma campanha pontual”, diz ele.
Os especialistas falam que não existe regra. “Depende muito de como a negociação vai ser realizada. […] Cada empresário calcula a valoração com percepção da associação da imagem de seu embaixador à marca, o tamanho dela e o seu segmento. Sempre é levado em conta também sua percepção do mercado com relação a outros embaixadores do mesmo tamanho”, conta Pimenta.
Santos conta que, em alguns casos, o embaixador pode se tornar até sócio da empresa. “Tem o formato de cachê + sucess fee. E existem os formatos de contratos tradicionais por pacote de entregas. O investimento do embaixador vai muito além da quantidade de entregas e do escopo acordado. O embaixador vai se dedicar a aquela marca por 12, 24, 36 meses e plugar o produto ou serviço na sua rotina, além de estrelar as campanhas e ser porta-voz da empresa. Todos esses ativos são considerados na composição do investimento."
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“A empresa entra em modo crise e é preciso criar uma estratégia de comunicação para resolvê-la”, diz Beatriz. De acordo com Pimenta, o primeiro passo é avaliar o tamanho da polêmica antes de se posicionar. “E se de fato isso vai contra o futuro dela. Se sim, a marca provavelmente pode pausar a campanha, ouvir as partes, se pronunciar e de forma coesa avaliar se continua apenas com uma pausa ou finalizar o contrato”, diz ele.
Anitta é um exemplo. A cantora deixou recentemente o conselho de administração do Nubank após completar seu mandato na Assembléia Geral Ordinária deste ano. Agora, a empresária assume o papel de embaixadora de marca do banco digital.
Juliette, vencedora do BBB 2021, se tornou um fenômeno, como disse o apresentador Tiago Leifert durante o discurso que anunciava a vitória da advogada e maquiadora. E se tornou mesmo. Juliette conquistou milhares de seguidores. Veja bem: apenas no Instagram — atualmente — são mais de 30 milhões.
O sucesso chamou a atenção de empresas e a frase “Juliette se tornou embaixadora de empresas como Avon, GloboPlay, L'Occitane e Samsung” se tornou comum no noticiário.
O mesmo aconteceu com o economista Gilberto Nogueira Junior — ou Gil do Vigor (como é apelidado) — que, apesar de não ser campeão, se tornou queridinho das redes sociais e embaixador das marcas Motorola, Santander e, agora, da Vigor.
A cantora e também ex-BBB Nayara Azevedo se tornou embaixadora da marca Downy. Um fato curioso é que a cantora, durante o reality show, pronunciou o nome da marca (patrocinadora do programa) errado — o que gerou engajamento nas redes sociais.
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Sabrina Bezerra, head de conteúdo na StartSe, possui mais de 13 anos de experiência em comunicação, com passagem por veículos como Pequenas Empresas & Grandes Negócios e Época Negócios, ambos da Editora Globo.
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