O plant-based, a.k.a. "feito de plantas", se tornou um estilo de vida e está presente na alimentação, aos produtos e embalagens. Entenda
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10 min
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27 mai 2021
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Atualizado: 19 mai 2023
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Por Tainá Freitas
O plant-based é um estilo de vida que está ganhando as prateleiras e movimentando bilhões de reais no Brasil e no mundo. O conceito busca a utilização de produtos e alimentos feitos de plantas para diminuição do impacto ambiental e crueldade animal.
Não é uma coincidência que existam cada vez mais alimentos “feitos de planta” – seja carne, leite, entre outros. O rótulo se estende também aos cosméticos, por exemplo, com produtos sem ingredientes de origem animal e até mesmo embalados com plástico vegetal.
É importante, porém, não confundir: os consumidores de produtos plant-based não são necessariamente vegetarianos ou veganos. Existe o movimento de substituir produtos e alimentos aos poucos. Além disso, à medida que as opções crescem, as pessoas se tornam mais flexíveis e conscientes do peso de suas escolhas.
De acordo com uma pesquisa do IBOPE coordenada pelo GFI, 49% dos brasileiros já reduziram o consumo de carne nos últimos 12 meses. Deste número, 12% passou a consumir carne plant-based e 47% substituiu apenas por vegetais, como legumes e grãos.
Quando as carnes de plantas começaram a surgir nos mercados brasileiros, houve uma dúvida sobre o nome que deveria vir nas embalagens. Essa dúvida ainda não foi sanada. Há quem aceite o termo “carne vegetal”, há quem o ache contraditório.
Agora que o alimento está se tornando mais frequente nas gôndolas, é possível sentir uma aceitação pelo termo. O The Good Food Institute realizou um estudo com o departamento de psicologia da Universidade de Bath, no Reino Unido, para entender a reação do consumidor brasileiro. “Carne vegetal” e “carne feita de plantas” são os termos mais comuns atualmente, enquanto “vegano” ainda possui uma recepção negativa.
Plant-based é um termo genérico que engloba diversas categorias de produtos e, portanto, uma grande diversidade de marcas e “modos de fazer”. No entanto, no Brasil ainda não há uma regulamentação que defina quais produtos podem receber esse rótulo.
Em dezembro de 2020, o Ministério da Agricultura discutiu, em um debate público, a regulamentação do setor. Apesar das divergências sobre a nomenclatura continuarem a existir, há o consenso de que este é um segmento em pleno crescimento no país. A expectativa de Gustavo Guadagnini, diretor executivo do The Good Food Institute, é que o Brasil seja tão forte no mercado de alimentos plant-based quanto é no de origem animal.
Já nos Estados Unidos, em geral, a regulamentação é feita pelo FDA (Food and Drug Administration, Departamento de Saúde dos Estados Unidos). Há, no entanto, divergências nas diretrizes de cada estado.
No Missouri, por exemplo, há uma lei que exige que apenas alimentos derivados de animais possam receber nomes como “carne”, “linguiça”, “hambúrguer”, entre outros.
Uma alimentação à base de plantas pode acontecer por diversos motivos: saúde, sustentabilidade e pelo bem-estar animal. O desmatamento para criação de pastos, a emissão de CO2 nos processos e a crueldade animal são algumas das causas que rondam este segmento.
Uma preocupação mais distante, mas que segue em crescimento, é como alimentar 10 bilhões de pessoas até 2050, de acordo com a previsão da ONU para a população mundial. O plant-based passa a ser uma alternativa cada vez mais estável.
São diversas as empresas que estão apostando nesse tipo de alimento. Nos Estados Unidos, há a Beyond Meat (de capital aberto, avaliada em US$ 7,55 bilhões em maio de 2021); a Impossible Foods (empresa fechada, mas que pode abrir capital buscando um valuation de US$ 10 bilhões; ao passo que frigoríficos tradicionais também estão neste mercado. Nós discutimos o mercado de carne feita de plantas aqui.
Já no Brasil, temos nomes como Fazenda Futuro, NotCo, The New Butchers e até mesmo a linha “Incrível”, da Seara.
Anteriormente, na busca por um leite sem origem animal, a opção mais comum nas prateleiras dos mercados era a de soja. Agora, o que não faltam são opções -- aveia, coco, amêndoas, castanha, etc – embora o preço ainda esteja acima da média da versão tradicional.
A Nude., por exemplo, aposta na aveia para produzir leite vegetal na versão tradicional, com baunilha, cacau e até a “versão barista” para vaporizar no café. A startup brasileira, uma versão semelhante à sueca Oatly, preza pela aveia principalmente devido à menor pegada de carbono em sua cadeia de produção.
“O tabu que existia antigamente, de que produtos feitos de planta eram nichados para públicos com restrição alimentar, não existe mais. Há uma sede muito grande para esse tipo de alimento, com pessoas abertas a experimentar”, explica Giovanna Meneghel, CEO e cofundadora da foodtech brasileira, em entrevista à StartSe.
Além dos alimentos, há outros integrantes que colaboram para o estilo de vida plant-based. A Simple Organic, por exemplo, é uma marca de maquiagem 100% orgânica, vegana e cruelty free. Há lugar para o plant-based inclusive no nome de seus produtos, a exemplo da base.
O produto é vendido por R$ 130 e está disponível em 10 tons. “A base recebeu esse nome porque é uma das primeiras do mercado a ter uma gama de tons maior, sem elementos sintéticos ou animais”, explica Patrícia Lima, fundadora da Simple Organic, em entrevista à StartSe.
A Simple Organic foi criada há quatro anos por Patrícia, após a publicitária se tornar mãe e decidir empreender. Em dezembro de 2020, a marca foi comprada pelo grupo farmacêutico Hypera Pharma.
A companhia substitui ingredientes de origem animal por vegetal. O ácido hialurônico, substância utilizada em produtos de hidratação e anti idade, é extraído a partir da fermentação de milho e trigo. Outras alternativas da substância são, muitas vezes, extraídas da placenta e em fluidos das articulações de animais.
A preocupação com o impacto ambiental também está presente nas embalagens e, por isso, as empresas estão buscando cada vez mais alternativas naturais. Ainda há, no entanto, limitações nesse sentido: produção em escala, segurança de alimentos e produtos, entre outros. A Simple Organic pretende utilizar plástico feito a partir de milho e mandioca, mas essa ainda não é uma realidade na companhia.
Alguns cosméticos já podem ser encontrados na prateleira com o selo de “plástico vegetal”. O Boticário e a Quem Disse, Berenice? são algumas das companhias que estão utilizando o material. A embalagem é feita de polietileno, feito a partir do eteno da cana-de-açúcar.
Uma das diferenças é que, enquanto o polietileno verde utiliza uma fonte renovável, os tradicionais utilizam fonte fóssil, como petróleo ou gás natural.
“O polietileno pode ser utilizado em embalagens rígidas ou flexíveis, como frascos de shampoo, hidratantes e até brinquedos”, explica Alex Duarte, líder comercial de Soluções Sustentáveis da Braskem, em entrevista à StartSe. “Há uma pequena diferença de custo, mas entendemos que o mercado final ainda consegue aceitar”.
Os produtos que são feitos com “plástico verde” da Braskem recebem o selo “I’m Green”.
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Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero. Apresenta o podcast Agora em 10 na StartSe e também atua na área de Comunidades na empresa. É especialista em inovação, tecnologia e negócios.
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