Cerca de 30% dos mais de 100 milhões de profissionais brasileiros sofrem. Saiba o que é, quais são os sintomas e o que fazer!
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13 min
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17 ago 2022
•
Atualizado: 19 mai 2023
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Por Sabrina Bezerra
Ao começar o expediente em teletrabalho, ou quando se aproxima do escritório, você tem a sensação de não querer estar naquele lugar. Sente cansaço. Pouquíssima energia. E muito, muito sofrimento interno. É sempre difícil. Esses são alguns dos sintomas da Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional.
Está diretamente relacionada ao trabalho, como resultado de um estresse crônico, exaustão, entre outros. É caracterizada por três fatores, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS):
O termo ganhou espaço na literatura em 1974, quando estudos foram feitos com profissionais da área da saúde e mostraram que o excesso de trabalho poderia provocar a Síndrome de Burnout, ou seja, uma resposta física ao estresse ocupacional crônico.
Embora tenha sido identificada inicialmente nos trabalhadores da área da saúde, pode afetar qualquer pessoa — de cuidadores de casa a executivos.
No começo deste ano, a OMS a incluiu na Classificação Internacional de Doenças. Isso não significa, no entanto, que é classificado como uma condição médica, “mas sim como fenômeno laboral que influencia na saúde dos indivíduos, relacionado com atividades profissionais e que podem gerar incapacidade para o trabalho”, diz em entrevista à StartSe Jacques Rasinovsky Vieira, sócio da área trabalhista do FAS Advogados.
“Houve o estabelecimento de uma relação da doença com o ambiente de trabalho (e não com o trabalhador), impondo responsabilidade às empresas em relação à saúde de seus trabalhadores”, completa o especialista.
A principal causa é, de fato, o excesso de trabalho. “O mais comum são em profissionais que estão diariamente lidando com uma exigência de solucionar problemas muito complexos e que estão em situações sob pressão”, diz Luiz Mafle, psicólogo, professor na UNA e Doutor em Psicologia pela PUC Minas e Universidade de Genebra.
Além disso, um estudo publicado na Research in Organization Behavior mostrou que as pessoas que estavam mais estressadas no trabalho tendiam a fazer menos exercícios físicos e a não dormir bem.
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Os sintomas dependem do nível de gravidade da Síndrome de Burnout. Alguns deles envolvem ansiedade, alteração do apetite, falta de concentração, dor de cabeça frequente, pensamentos negativos, nervosismo, sofrimento psicológico e problemas físicos como cansaço excessivo e tontura.
“Sem tratamento é difícil prever. Isso porque, quando não tratada, a tendência é se alastrar. Já quando o tratamento — que pode ou não envolver medicamentos — o efeito é entre dois e três meses. Em casos mais graves pode demorar até dois anos se bem tratado”, afirma Mafle.
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Três setores famosos por causarem esgotamento profissional são: medicina, jurídico e tecnologia. No entanto, pode afetar pessoas das mais variadas áreas.
Trabalhar com clientes, por exemplo, também tende a ser uma profissão desgastante, porque é necessário ter muito foco, esforço e simpatia — e nem o profissional se sente assim. É o que afirma Sabine Sonnentag, psicóloga da Universidade de Mannhein.
A título de curiosidade, cerca de 30% dos mais de 100 milhões de profissionais brasileiros sofrem com a síndrome, segundo um estudo feito pelo International Stress Management Association (Isma).
Mas afinal, qual é o perfil do profissional com maior propensão a ter a Síndrome de Burnout? Em 2021, uma análise feita com base em 198 diferentes estudos sobre o comportamento dos profissionais no trabalho e na vida pessoal mostrou que os trabalhadores com mais desgaste mental eram os que não conseguiam descansar no tempo livre.
As informações mostraram que, ao que parece, pensar demais no trabalho pós-expediente não é saudável para o profissional.
Não existe receita pronta. Isso porque, o impacto da demanda excessiva do trabalho varia de pessoa para pessoa. Diante disso, para ajudar os trabalhadores, os pesquisadores chegaram em duas categorias que podem ser eficazes:
Andrew Bennett, cientista social, aconselha que o trabalhador se esforce para pensar e fazer atividades que vão além de seus empregos. Afinal, uma pesquisa que Bennett ajudou a realizar em 2018 com mais de 26 mil funcionários — incluindo enfermeiros, professores, juízes e de escritórios — mostrou que profissionais que não pensavam em trabalho fora do expediente estavam menos exaustos quando comparados aos que mantinham o pensamento na empresa.
Mini pausas no trabalho, férias e dias de folga também podem evitar o esgotamento profissional. Não à toa cresce a tendência da semana mais curta de trabalho.
Agora, quando o profissional trabalha no mesmo lugar onde mora, “vale ter o cantinho de trabalhar, de comer, de dormir. Mesmo que seja no mesmo cômodo [separe cada espaço para uma tarefa], pois ter essa organização física e mental ajuda a ter mais produtividade e relaxamento”, diz nesta entrevista à StartSe Rafael Oliveira, psicólogo e diretor de gente na Z-Tech e na Donus.
Assim, busque métodos que ajudem a diminuir o estresse e a pressão do trabalho. Resumindo: faça atividades físicas regularmente, faça tarefas diferentes das habituais (de preferência que não tenha a ver com o seu trabalho), encontre amigos e familiares.
“Primeiro, deve quebrar o tabu. Há muito tempo, as empresas colocavam síndromes psicológicas debaixo do tapete. Não gostavam de abordar sobre ansiedade e Síndrome do Pânico, por exemplo. Agora, precisam entender a importância em trazer informação sobre o assunto para os profissionais”, afirma Nayra Cattarin, Head of People do Dialog. “Desde as mais básicas, como o que é, quais são os sintomas, como melhorar a qualidade de vida”, completa.
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Além disso, é importante oferecer segurança psicológica no ambiente de trabalho. “Não adianta criar campanhas apenas em datas como janeiro branco ou setembro amarelo. É preciso oferecer suporte para o colaborador ao longo do ano”, diz Nayra.
O espaço deve estar aberto para que o colaborador se sinta à vontade em dizer se está sobrecarregado ou não e o que está sentindo em relação ao trabalho.
“Escutar os trabalhadores é importante para a criação de projetos que sejam importantes dentro da empresa. Por exemplo, a necessidade de atendimento psicológico, atividades físicas, entre outros”, afirma Nayra. Outra recomendação da especialista é a importância de reuniões One-on-One.
Já Rasinovsky, aconselha: “reforçar a cultura organizacional por meio de ferramentas que possibilitem evitar diagnósticos da Síndrome de Burnout ou acolher os trabalhadores acometidos; demonstrar todas as medidas adotadas para proporcionar aos trabalhadores um ambiente de trabalho sadio e seguro. Que sejam sempre revistas as políticas e diretrizes internas.”
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Sabrina Bezerra, head de conteúdo na StartSe, possui mais de 13 anos de experiência em comunicação, com passagem por veículos como Pequenas Empresas & Grandes Negócios e Época Negócios, ambos da Editora Globo.
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