Nesta coluna, Priscila Schmidt, especialista em comunicação para alta liderança, traz dicas de como ser um bom ouvinte e a importância disso para o seu time. Confira!
Foto: Canva
, Colunista
10 min
•
9 nov 2023
•
Atualizado: 7 out 2024
newsletter
Start Seu dia:
A Newsletter do AGORA!
A melhor maneira de abrir a mente de alguém, não é discutindo. É ouvindo. Quando as pessoas se sentem compreendidas, elas se tornam menos defensivas e mais reflexivas - e se permitem posições menos extremas e mais matizadas.
+ Agora, aprofunde-se nos temas de liderança e inovação em RH no evento RH Leadership Xperience, da StartSe. Descubra práticas e insights que podem transformar sua abordagem e fazer a diferença na sua gestão de pessoas. Participe agora!
Mas como líderes, nos acostumamos a dizer às pessoas o que fazer. Nós damos muitas diretrizes, orientações, respostas. E claro, é sensato reconhecer que existe a hora e o local para agir desta forma, líderes precisam falar e se posicionar, mas não o tempo todo.
No fluxo cotidiano, pressionados pela falta de tempo (e de paciência) nós simplesmente nos esquecemos de ouvir. Ouvir é uma habilidade de comunicação muitas vezes negligenciada e líderes devem levá-la a sério.
Quanto mais alto os líderes sobem em uma organização, mais tempo eles passam ouvindo. Isso é um comportamento chave de liderança porque ouvir profundamente ajudará você a transpor as barreiras que existem entre você e os outros porque é assim que você aprende sobre quem é o outro, como pensa, o que teme, com o que sonha, quais decisões teria tomado diferente de você e por quê.
As pessoas simplesmente adoram quando os líderes as ouvem!
Sinceramente, quem não gosta de um bom ouvinte? Para além disso, há também benefícios práticos da boa escuta de líderes.
Bons ouvintes conseguem estar presentes enquanto ouvem, sabem dominar e direcionar sua atenção. Guardam seus telefones e reduzem outras distrações. Eles "ouvem com os olhos", não apenas com os ouvidos. Não procuram algo ‘mais interessante’ enquanto o outro fala. Muito pelo contrário.
Um ouvinte totalmente presente faz você sentir que você é a pessoa mais importante do mundo naquele momento.
Faz você se sentir interessante, só pelo fato dele estar interessado. Eles são dotados com o privilégio da dúvida. São abertos. Abertura é sobre acolher novas ideias, perspectivas e abordagens. E não se preocupe, permanecer aberto não significa que você abandonará seu ponto de vista. Abertura é sobre encontrar um equilíbrio fino entre manter nossa própria perspectiva e estar profundamente permeável aos outros.
Ganhar uma perspectiva nova mesmo que alguém não mude completamente de visão, é obviamente essencial para líderes. É preciso estar aberto a ouvir novas ideias, pensamentos e construtos para que possamos inovar, adaptar e prosperar.
Um dado muito curioso demonstra que apenas 6% de todos os atos de comunicação são perguntas. Mas 60% do que dizemos são respostas.
Ou seja, as perguntas engajam muito mais do que afirmações. Quando perguntamos, estimulamos o outro a falar, e se estamos prontos para ouvir, sem pressa de responder, podemos alcançar lugares que jamais imaginaríamos.
Pesquisas mostram que, uma vez que nos fazem uma pergunta, nossa mente se concentra quase inteiramente em responder a essa pergunta. Em cima do palco, podemos usar perguntas como isca de atenção, como estratégia para resgatar a atenção do público. Em um feedback, uma pergunta pode fazer com que o outro revele verdadeiras objeções, necessidades e angústias ao sentir que existe espaço para troca e interesse em um outro ponto de vista. Em uma discussão de relacionamento, optar por uma pergunta (ao invés de dar todas as respostas) pode salvar um casamento.
Uma boa pergunta é cativante!
Boas perguntas darão aos seus liderados uma oportunidade de expressarem sua opinião e, assim, mostrar a eles que você realmente se importa com o que eles pensam. Adam Grant defende que debates realmente produtivos começam com curiosidade, não com persuasão. Fazer boas perguntas é uma maneira muito eficaz de engajar seu time.
Como líder, perguntas colocam você em uma posição de descoberta.
De fato, os benefícios de fazer perguntas aprofundam os benefícios de ser um bom ouvinte. Aqueles que ouvem profundamente e fazem perguntas têm mais chances de serem percebidos como líderes. Líderes que fazem perguntas são vistos como mais afetivos e geram mais confiança entre os seus. Encorajam e fortalecem seus liderados. Motivam. Quando você ouve, você valida a existência do outro E isso é muito poderoso.
Como você se sente quando alguém te faz uma boa pergunta?
O próximo passo é não apenas fazer perguntas, mas fazer boas perguntas.
Semanas antes de assumir o comando da companhia, em 2020, Jim Farley, CEO da Ford, andava pelos escritórios, pelas fábricas, fazendo perguntas para gerentes, diretores, vendedores, para quem cruzasse o seu caminho.
Especificamente, uma pergunta era a sua preferida: “O que você gostaria que fosse mudado na Ford Motor Co.?” Esse espírito de ouvir as pessoas vem da filosofia do “genchi genbutsu” (ir e ver) que Farley aprendeu nos anos que esteve na Toyota. De lá pra cá, Farley já conseguiu um aumento de 7,2% na receita no último ano e foi apontado pela revista Fortune como um dos dez CEOs mais inspiradores do ano.
Farley opta por perguntas abertas, uma ótima estratégia para que o outro nos traga boas histórias e informações valiosas. Cada pergunta bem feita é uma fonte importante de conhecimento.
Geralmente as perguntas abertas começam com “o que”, “porque” ou “como”. As perguntas abertas dão margem para respostas mais ricas e profundas, ao contrário das perguntas fechadas que induzem a um ‘sim’ ou um ‘não'.
Troque “você entregou o relatório?” por “como foi a entrega do relatório?”.
Ou “você concorda com isso?” por “qual a sua opinião sobre isso?”.
As perguntas fechadas são um ponto de partida aceitável. Mas avançar para as perguntas abertas irá levar a sua comunicação, a sua liderança e o nível de confiança do seu time para outro patamar!
Trabalhe não apenas para falar bem mas para ouvir bem. Se tornar um bom ouvinte, que faz perguntas que fomentam o diálogo, ao invés de encerrá-lo não é apenas uma tática superficial ou um comportamento estratégico. O interesse proveniente da empatia é, por definição, genuíno.
Por isso, mais do que ouvir bem e fazer boas perguntas, você precisa aguçar sua curiosidade para se interessar pelo outro e pelo novo, precisa desenvolver sua humildade para se lembrar que não tem todas as respostas e não conhece todas as soluções, precisa de disciplina para colocar isso em prática e colher os benefícios de ser um líder capaz de gerar verdadeira conexão com aqueles que te seguem.
*Este artigo não representa a opinião da StartSe; a responsabilidade é da autora.
Quer aprender mais sobre liderança com Priscila? Faça o WLP, formação internacional de impacto para lideranças femininas, da StartSe em parceria com a Nova SBE. Priscila é uma das professores. Confira!
Gostou deste conteúdo? Deixa que a gente te avisa quando surgirem assuntos relacionados!
Assuntos relacionados
, Colunista
Priscila é professora do WLP, formação internacional de impacto para lideranças femininas, da StartSe em parceria com a Nova SBE. Ela também é fundadora da Versa, empresa referência em desenvolver habilidades para comunicação em treinamentos corporativos, com foco em Altas-Lideranças e C-Levels. Com mais de 15 anos de experiência, ensina líderes como se tornarem porta-vozes de sua melhor versão. Além de atriz e professora de teatro, possui pós-graduação em Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem, bem como certificação em neurociência pela PUC-RS
Leia o próximo artigo
newsletter
Start Seu dia:
A Newsletter do AGORA!