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Por que o PIX decolou e o open banking ainda não?

Entrevistamos o CEO de um dos principais players de Open Banking do país sobre o porquê a adoção do sistema anda a passos lentos. Entenda mais sobre os bastidores da implementação.

Por que o PIX decolou e o open banking ainda não?

Foto: onurdongel/Getty Images

, Head de Conteúdo na Captable

10 min

17 mar 2022

Atualizado: 19 mai 2023

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Por Juliana Irala, da CapTable Brasil.

Pouco mais de um ano atrás, o open banking entrava no ar no país. Gerido pelo Banco Central e conhecido também como “Sistema Financeiro Aberto”, o open banking foi criado para que os consumidores pudessem ter maior controle sobre seus dados. Para mais, o compartilhamento de dados entre instituições financeiras permite transações com Pix fora dos aplicativos bancários.

Hoje, o open banking já está em sua fase final de implementação, que possibilitará compartilhar dados de produtos e serviços para refinar as opções de investimentos, seguros e câmbio – o open data. A expectativa é de que, ainda no primeiro semestre, a mesma iniciação de pagamentos válida no Pix fique possível também em TED, DOC e boletos. Os pagamentos de débito em conta fora dos aplicativos bancários ficarão para o segundo semestre.

DECOLAGEM LENTA

Ainda assim, no meio desse turbilhão de inovações, “o consumidor ainda está em 2020”, diz Danillo Branco, CEO e cofundador da Finansystech, uma tecnologia modular plug and play e open source que permite que sistemas financeiros ofereçam soluções seguras em open finance.

“Durante o ano passado, o mercado de bancos foi inundado pelo termo ‘open banking’, que saiu em jornais, nas redes sociais e até no Jornal Nacional, mas, agora, 2022, onde está ele?”, questiona Branco. Ao fazer uma retrospectiva dessas notícias, o empresário percebeu um gargalo: as notícias eram, em sua maioria, voltadas às perspectivas dos bancos e do mercado, e não as dos consumidores. 

“Falaram sobre o consentimento e transferência de dados, mas o movimento do open banking não é uma questão de transferir dados de um lado para o outro ou contratar serviços financeiros, mas, sim, sobre o empoderamento da população sobre a sua própria vida financeira”, afirma.

QUESTÃO DE TIMING

Tanto o open banking quanto o Pix foram soluções criadas, praticamente, ao mesmo tempo pelo Banco Central. Mas enquanto os consumidores “abraçaram” o Pix, por ser um serviço simples e gratuito, o open banking acabou ficando de lado.

De acordo com Branco, o sucesso do Pix foi impulsionado pela pandemia, que tornou a população mais digital, mas também pelo menor custo e gratuidade na transação. “Para o open banking, no entanto, é necessário uma agenda de educação da população para que ela entenda o coração dessa iniciativa”.

“De maneira simples, o open banking permite que tenhamos acesso e que possamos ceder as nossas informações para obter melhores experiências, como um crédito com juros mais baratos, uma isenção de taxa de manutenção de conta ou melhor rendimento do dinheiro”, Branco explica.

Pelo lado dos bancos, a implementação é obrigatória em razão da regulação, mas a adoção só vai acontecer quando os consumidores entenderem os benefícios que ela pode trazer. 

Um levantamento realizado pela Axway, com um pouco mais de mil brasileiros, revelou que cerca da metade deles, 46,3%, ainda não sabem o que é open banking, ainda que já tenham ouvido falar, e 7,7% nunca ouviram falar. No entanto, quando apresentados ao sistema, quase 80% acredita que o open banking é um movimento positivo.

Isso porque as inovações trazidas pela abertura do sistema bancário possibilitam que até mesmo clientes com pouco histórico de crédito tenham novas oportunidades, a partir de análises mais apuradas sobre suas movimentações financeiras e menor exigência de documentação, que é algo que frequentemente desqualifica os consumidores.

No entanto, “os bancos, fintechs e companhias não estão prontos”, afirma Danillo, “por mais que o tema seja abordado desde 2018 pelas instituições financeiras no país, pouco se vê de novos produtos ou benefícios ao consumidor final”.

POR QUE IMPORTA?

Foi pensando em solucionar esses problemas, provendo acesso a tecnologias de ponta e soluções open-source a preços acessíveis – a qualquer entidade que queira participar das transformações do mercado financeiro geradas pelo open banking, independente do seu tamanho – que Danillo criou a Finansystech.

Apesar do seu início de operações recente – foi fundada em junho do ano passado –, a startup já é reconhecida mundialmente. A plataforma de Open Finance as a Service é a primeira entidade do mundo a ser certificada pela OpenID, fundação que fornece padrões internacionais de segurança para iniciação de pagamento. 

Com esse diferencial, a Finansystech lançou no mercado o Brick Open Banking Platform, uma plataforma de tecnologia totalmente modular, que atende a todo tipo de instituição financeira, dando a elas o necessário para os requisitos regulatórios, e também permitindo estender a solução para novos horizontes de negócios. 

A solução atende bancos, iniciadores de pagamento e agregadores de dados e qualquer instituição que queira participar do open finance.

Recentemente, a startup captou R$2,5 milhões de 135 investidores, através da CapTable, maior hub de investimentos em startups do Brasil. Com a captação, a Finansystech quer aprimorar a tecnologia e, com isso, aumentar o portfólio de clientes. Para os próximos meses, a fintech já possui contratos que somarão um faturamento de R$2,8 milhões.

“Como cidadãos, temos que cobrar que esse sistema funcione, pois ele foi feito para nós, e essa é a nova ordem financeira: ele deve servir a nós e não ao contrário”, diz Danillo.

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Imagem de perfil do redator

Victor Marques é Head de Conteúdo na Captable, maior hub de investimentos em startups do Brasil, que conecta seus mais de 7000 investidores a empreendedores com negócios inovadores. Escreve há mais de dois anos sobre inovação. Formado em Letras e Mestre em Linguística pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).

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