A Oatly, foodtech sueca de leite de aveia, busca um valuation de US$ 10 bilhões em IPO -- e no Brasil, a Nude. busca traçar um caminho semelhante (e neutro em carbono!)
, jornalista da StartSe
8 min
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4 mai 2021
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Atualizado: 19 mai 2023
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Por Tainá Freitas
Aveia, amêndoas, castanhas, coco, soja -- essas são algumas das matérias-primas utilizadas para produção dos leites vegetais (ou plant-based) encontrados no mercado hoje. A primeira da lista se destaca por dois motivos: menor emissão de carbono em seus processos e a criação de empresas bilionárias.
De acordo com um estudo de Oxford, a produção de um copo (200 ml) de leite de vaca por ano requer dez vezes mais espaço de plantio do que a mesma quantidade de leite de aveia. O leite de aveia se tornou o segundo plant-based mais consumido dos Estados Unidos em 2020, ultrapassando a soja e ficando atrás apenas da amêndoa, de acordo com a consultoria SPINS.
“Isso acontece porque há uma grande produção mundial de amêndoa na Califórnia. Agora, a aveia tem crescido ano a ano”, explica Giovanna Meneghel, CEO e cofundadora da foodtech brasileira de leite de aveia Nude. em entrevista à StartSe.
A estimativa do mercado de leite feito de plantas no país até setembro de 2020 era de US$ 2,3 bilhões – um crescimento de 17% em comparação ao ano anterior. Segundo o The Good Food Institute, o leite de aveia possui o crescimento de vendas mais rápido da categoria – em 2019, o crescimento nos EUA foi de 686%.
Entre as alternativas mais consumidas, a amêndoa e a aveia competem em menor impacto ambiental. No entanto, a amendôa perde a batalha da sustentabilidade devido a quantidade muito maior de água envolvida em seus processos, ainda segundo Oxford.
“A emissão de carbono mais impactante ainda é na agricultura, mesmo no caso da aveia. Em comparação, no leite de vaca os números crescem ainda mais”, explica a fundadora da Nude.
A Nude. é uma foodtech brasileira criada em 2020. A companhia foi fundada após Giovanna e o marido, Alexander Appel, passarem um período na Alemanha e observarem o tamanho do mercado de aveia, bem como seu reduzido impacto ambiental.
O objetivo da companhia não é criar um produto igual ao leite de vaca, mas trazer a combinação de sabor, saúde e sustentabilidade à mesa dos brasileiros. A Nude. já nasceu neutra nas emissões de carbono.
“Nós acreditamos que não há como uma empresa hoje – principalmente uma nova, criada do zero – nascer sem pensar em ser sustentável ou em como irá trabalhar essa parte”, disse Meneghel.
A startup contratou a empresa sueca Carbon Cloud para calcular toda a cadeia de emissão de carbono do campo ao copo – desde a agricultura, fábrica, energia e embalagem – para neutralizar e trazer aos consumidores o quanto cada caixa de leite emite em CO2.
Segundo a companhia, a emissão de carbono gira em torno de 0,25 a 0,40 kg/CO2e por caixa. O 0,40 kg/CO2e corresponde às versões com cacau ou baunilha adicionados.
Por enquanto, a Nude. está focada no leite de aveia. No entanto, a companhia também quer se aventurar em outros produtos lácteos. Por enquanto, a startup está presente em mais de 500 pontos de venda no país, mas deseja chegar de 2 mil a 3 mil estabelecimentos até o final de 2021.
Dos 500 pontos de venda onde há Nude., 100 são cafeterias. Foi assim que eles entenderam o potencial do leite de aveia – quando um barista ofereceu a substituição do leite tradicional pelo plant-based, ainda fora do Brasil. Hoje, há uma versão do produto específica para baristas, que facilita a vaporização do leite.
A empresa recebeu um aporte de R$ 2 milhões de investidores-anjo para início do negócio. “Nascemos com uma escala global e capacidade de produção de 5 milhões de litros”, conta Alexander Appel em entrevista à StartSe. Enquanto o desenvolvimento do produto é feito dentro da foodtech, a fabricação – assim como em outras startups plant-based, como a Fazenda Futuro e NotCo – é terceirizada.
A criação de empresas bilionárias citada no início deste artigo não foi um exagero. A Oatly, startup sueca especializada em leite de aveia, foi avaliada em US$ 2 bilhões em julho de 2020, após um aporte de US$ 200 milhões liderado pelo fundo Blackstone.
A rodada também levou o nome de investidores menos convencionais: a apresentadora Oprah Winfrey, a atriz Natalie Portman, a agência de entretenimento Roc Nation (fundada pelo Jay-Z) e pelo ex-presidente e CEO do Starbucks, Howard Schultz.
Mas a Oatly – que também contou com a Carbon Cloud como conselheira para investigar sua pegada ambiental – não deseja parar por aqui. A companhia registrou, recentemente, um pedido para um IPO (abertura de capital) na Nasdaq, bolsa de valores de Nova York.
Atualmente, a Oatly possui em seu portfólio produtos à base de aveia: leite, iogurte, sorvete, natas, entre outros. Em 2020, a companhia teve receita de US$ 421,4 milhões – um aumento de 106,5% em comparação a 2019.
A empresa possui 53% da fatia do mercado de lacticínios sem lactose na Suécia, seu país natal, em 2020, segundo a Nielsen. Em 2016, a empresa chegou no Reino Unido e, dois anos depois, na Alemanha. A entrada nos Estados Unidos foi em 2017 – a receita no país no ano passado foi US$ 100 milhões. Já em 2018, a empresa ingressou no mercado asiático através da China.
“Hoje, o movimento da Oatly continua, junto a uma crescente parte da população que está percebendo que suas decisões de consumo podem realmente fazer diferença”, relatou a companhia no documento de pedido por IPO.
Enquanto ao redor do mundo a Oatly tenta crescer tão rápido quanto tem sido a adesão do leite de aveia, a Nude. faz planos para traçar uma trajetória semelhante, iniciando pelo Brasil.
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, jornalista da StartSe
Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero. Apresenta o podcast Agora em 10 na StartSe e também atua na área de Comunidades na empresa. É especialista em inovação, tecnologia e negócios.
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