Um ano após chegar ao Brasil, a startup bloqueou a conta dos clientes sem aviso prévio e decidiu focar no mercado. Entenda!
Tribal (Fonte: divulgação)
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0 min
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3 mar 2023
•
Atualizado: 19 mai 2023
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A vida da Tribal no Brasil durou pouco mais de 1 ano. Nascida no Vale do Silício como uma plataforma B2B com soluções de pagamento e financiamento para PMEs, a fintech aterrissou no país em fevereiro de 2022 capitalizada com uma série B de US$ 60 milhões liderada pelo SoftBank Latin America Fund. Os planos de se consolidar no Brasil, no entanto, não deram certo. Esta semana, a companhia bloqueou a conta dos clientes e decidiu encerrar as operações para focar em outros mercados.
O Startups apurou a notícia com fontes familiarizadas no assunto. Elas revelam que no início da semana a empresa bloqueou as contas sem aviso prévio e, no dia seguinte, avisou do encerramento das operações. “Do nada, bloquearam a conta. Não deram nenhum aviso prévio, nada. Depois, ligaram porque questionamos o que estava acontecendo, e avisaram que fecharam a operação no Brasil”, disse um dos entrevistados. É, simples assim.
Segundo ele, a notícia foi repentina e não houve tempo para migrar para outra plataforma. Outra fonte ouvida pela reportagem confirmou que, além de fechar as operações com as contas atuais, a companhia também encerrou a aquisição de novos clientes.
Os funcionários brasileiros foram realocados para trabalhar de forma remota na operação mexicana, que é o principal mercado da Tribal no continente e passará a ser o foco da região. “Dessa vez, não houve demissões, mas isso aconteceu no ano passado”, afirma. Em julho de 2022, a Bloomberg Línea noticiou que a startup havia cortado 15% do seu quadro de funcionários, com cortes atingindo especialmente o departamento de vendas. O cenário macroeconômico desfavorável teria sido o principal motivo das demissões.
A fintech não tem representantes de marketing ou assessoria locais para contato com a imprensa. O Startups buscou o time mexicano para mais informações:
“Na Tribal, nossa prioridade é fornecer soluções e serviços financeiros inovadores de 360° para PMEs em mercados emergentes. Revisamos continuamente nossos serviços para garantir que possamos oferecer o melhor nível de experiência para nossos clientes.
Como parte dessas análises, suspendemos os serviços para alguns clientes em locais onde atualmente não conseguimos atender a esse alto padrão. Atualmente, estamos trabalhando no processo de fortalecimento de nossas operações, capacidades e infraestrutura no Brasil e esperamos expandir nossos serviços com os mais altos padrões de qualidade novamente no futuro”, disse a Tribal, em nota.
Os clientes impactados podem entrar em contato, esclarecer dúvidas e acompanhar seus casos com a equipe de suporte no formulário aqui.
Lançada nos Estados Unidos, em 2019, a fintech iniciou a expansão na América Latina dois anos depois, começando por Colômbia, Chile, México e Peru. Em 2021, o volume bruto de transações cresceu 90 vezes no continente e, quando a startup chegou ao Brasil, tinha planos ambiciosos.
“Esperamos crescer o mesmo, ou ainda mais, em 2022, graças à atuação no mercado brasileiro”, disse Sonia Michaca, gerente regional da Tribal para a América Latina, em entrevista ao Startups em fevereiro de 2022. “O Brasil foi uma escolha estratégica, porque é o maior ecossistema de fintechs da região.” A proposta era oferecer às empresas brasileiras capital de giro e cartões de crédito corporativos, além de transferências internacionais ilimitadas e um painel de controle de despesas.
A fintech não revelou as projeções de crescimento locais. A estratégia era primeiro conhecer o mercado de perto, analisando as dores e potenciais dos clientes, para depois endereçar as metas para o próximo ano. A companhia dizia estar trabalhando para construir uma equipe local e abrir um escritório em São Paulo, gerando mais de 100 empregos diretos até o fim de 2022, incluindo um country manager para comandar as operações daqui.
Semanas depois de chegar no Brasil, a Tribal fechou uma parceria com a Visa para apoiar a emissão de cartões de crédito corporativos a PMEs latino-americanas e caribenhas. Nessa ocasião, Sonia disse ao Startups que as operações no Brasil pareciam promissoras, embora a companhia ainda não abrisse suas projeções. O foco inicial dos clientes era startups, empresas digitais e outras fintechs.
O aporte do SoftBank contou com a participação de Coinbase Ventures, BECO Capital, QED Investors e Rising Tide. A série B aconteceu quase 1 ano depois da rodada anterior, quando a fintech levantou US$ 34.3 milhões de QED Investors, Partners for Growth e outros fundos de investimento. Em janeiro de 2022, a companhia captou mais US$ 40 milhões em dívida (venture debt) com PFG e Stellar Development Foundation.
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