“Tem uma demanda muito forte pelo conhecimento da tecnologia. No Brasil, o grande lance é a tokenização". Entenda!
DREX (Foto: Divulgação/Banco Central)
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8 min
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17 jan 2024
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Atualizado: 17 jan 2024
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A moeda digital do Banco Central brasileiro, também chamada de Drex, é vista por muitos como uma promessa de abrir novas possibilidades para as startups, em especial no setor de blockchain.
A bem da verdade, na visão de diversos players, ela será um divisor de águas no blockchain.
“O sistema financeiro vem passando por muitas transformações, com as fintechs, o próprio Pix, mas a infra continuava a mesma, a essência não mudou. O que está acontecendo agora é o surgimento de uma nova infra, um novo sistema, que é o sistema das NFTs e do Bitcoin, mas que com o Drex ganha uma potência enorme”, avalia Dan Yamamura, CEO da Fuse Capital.
A expectativa é que, no futuro, o blockchain faça parte das operações de todas as empresas, afirma Fabrício Tota, diretor de Novos Negócios do Mercado Bitcoin (MB). E o Drex vai ser a forma como a moeda brasileira será utilizada nesse universo.
“Vai fazer pouco sentido daqui a pouco tempo falar de uma startup especializada em blockchain, porque todo mundo vai ter que falar essa língua. É como, hoje em dia, uma empresa dizer que é especializada em internet”, compara Fabrício.
Mas enquanto as empresas e a sociedade aprendem sobre esse universo, as startups que já dominarem a tecnologia sairão na frente, tanto no oferecimento de soluções próprias, quanto na prestação de serviço para grandes companhias que queiram entrar nesse mercado.
“Tem uma demanda muito forte pelo conhecimento da tecnologia. No Brasil, o grande lance é a tokenização, o que abre muitas oportunidades para startups que dominam essa área”, destaca o diretor do MB.
Um dos usos mais esperados para o Drex é com relação aos contratos inteligentes — ou smart contracts. A ideia é que, com o dinheiro programável, seja possível automatizar as fases de um contrato, reduzindo os intermediários e agilizando os processos.
No blockchain, os contratos seriam feitos por meio de uma programação, que permite a inclusão de variáveis, como as condições para a liberação de um pagamento, por exemplo.
Nesse caso, assim que essas condições fossem cumpridas, o dinheiro seria liberado automaticamente. E o Drex é a forma como o real, ou seja, a moeda brasileira, poderá ser incluída nessa programação.
Um dos exemplos mais citados para o uso dos smart contracts em transações do “mundo real” são na compra de um carro, em que o comprador primeiro transfere o dinheiro e depois recebe a propriedade do veículo. Com o Drex, o dinheiro e a propriedade do carro serão transferidos de forma simultânea.
Esse princípio vale também para operações com bens virtuais, como antecipações de recebíveis. A aplicação do Drex e dos contratos inteligentes nessas modalidades tem sido estudada pela Transfeera, startup especializada em pagamentos.
“O nosso mercado é B2B e quando falamos em PJ uma das possibilidades de uso do Drex que observamos é na antecipação de recebíveis. Isso está no nosso radar e estamos começando a fazer estudos para ver como conseguiríamos aproveitar essa nova plataforma”, afirma Fernando Nunes, CEO da Transfeera.
Hoje, a Transfeera não atua no blockchain. Segundo Fernando, o Drex será a porta de entrada da startup nesse universo.
“Entendemos que haverá um ganho de eficiência com a eliminação de alguns intermediários. Provavelmente vamos ver o surgimento de novos tipos de fintechs baseadas muito mais no open finance e no Drex e criando novas possibilidades dentro desses sistemas”, avalia o CEO.
João Gianvecchio, gerente estratégia e inovação no banco BV, também identifica oportunidades no segmento de crédito com garantias. Para ele, o Drex tratá mais segurança aos contratos, além de possibilitar o uso de um mesmo bem como garantia em mais de uma operação.
“Hoje, se você tem um imóvel rural, por exemplo, e precisa tomar crédito, dando o imóvel como garantia, você bloqueia esse bem. O Marco Legal das Garantias possibilita usar a mesma matrícula para mais de um crédito. E o Drex ajuda no pós porque pode atrelar pagamento da dívida com a liberação da garantia de forma escalonada”, explica.
O Drex também abre novas possibilidades para startups que querem captar recursos por meio de Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC). Dan Yamamura, CEO da Fuse Capital, afirma que está em processo de autorização na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a criação dos tokens de Direitos Creditórios, chamados de TIDCs ou tokens de recebíveis, que serão registrados em blockchain.
“Eles replicam processos de um FIDC através do blockchain, tornando a operação mais barata e transparente. Hoje você consegue fazer tudo isso usando uma moeda que é privada. No momento em que substitui por uma moeda pública, a credibilidade aumenta e você traz mais liquidez para dentro do sistema”, afirma Dan.
Outro efeito de curto prazo a partir da liberação do Drex será o surgimento de stable coins lastreadas no Real Digital, avalia Fabrício, do Mercado Bitcoin. Essas moedas são usadas para fazer operações dentro do universo cripto.
“Hoje, essas moedas são lastreadas em títulos públicos. Com o Drex, elas poderão ser lastreadas na moeda do Banco Central”, aponta.
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