Estamos vivendo a Quarta Revolução Industrial, e ela está trazendo mudanças significativas aos modelos de negócios. Entenda como ela está afetando as empresas e os consumidores
dicas de gestão de pessoas
, Palestrante e Mentor de Vendas B2B
12 min
•
23 fev 2023
•
Atualizado: 25 mai 2023
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Não são apenas a tecnologia e os processos que a Indústria 4.0 está transformando, mas todos os aspectos de uma empresa, incluindo sua própria essência.
Estamos falando sobre seu modelo de negócios. Mesmo que você ainda não tenha adotado a Indústria 4.0, ela ainda afeta seu modelo de negócios, porque seus concorrentes estão implementando essas tecnologias e processos baseados em dados.
Seu modelo de negócios define como sua empresa cria valor para seus clientes em termos de produtos ou serviços que você fornece. Compare isso com sua estratégia de negócios, que mapeia como sua empresa atinge seus objetivos.
Além disso, com a Indústria 4.0, as empresas estão em um novo paradigma industrial que está transformando a criação de valor tradicional. As tecnologias avançadas estão gerando novas oportunidades, conectando dados, pessoas e objetos. Está mudando as operações dos fabricantes e como os clientes recebem e se envolvem com os produtos.
A emergência de novas tecnologias como Big Data, Internet das Coisas (IoT), Inteligência Artificial (IA), Realidade Virtual (VR) e manufatura aditiva cria as bases para essa nova revolução industrial. E, com ela, surge uma série de "quebras de paradigma" que mudam o jeito de enxergar o funcionamento de uma indústria e o processo que faz um produto chegar até ao consumidor.
Existe uma série de preocupações que tiram o sono dos executivos e empreendedores que trabalham com processos de manufatura: economizar recursos, aumentar a lucratividade, reduzir o desperdício, automatizar para prever erros e atrasos, acelerar a produção para trabalhar em função da cadeia de valor, digitalizar fluxos que eram feitos no papel, conseguir intervir rapidamente em casos de problemas da produção, e muito mais. A necessidade é tão grande que a maior parte dos investimentos feitos em internet das coisas (IoT) pela indústria são relacionados a operação, dos processos à logística e gestão do inventário.
Você deve ter notado. Se antigamente, um bom carro era aquele que gastava pouco combustível oferecendo o máximo conforto, hoje isso já não é mais suficiente. Os mais novos automóveis indicam a melhor rota em um painel multimídia, se conectam com seu celular, apitam se você não usa o cinto de segurança e te deixam fazer quase tudo via comando de voz.
Um produto com mais de 200 anos — o carro — agora passa a ser integrado a um novo ecossistema digital com internet, telefonia móvel e GPS.
Esse movimento é parte do processo de integração em que todos os produtos que existem hoje passam a se conectar por meio de uma rede digital. Já aconteceu com seu carro, celular, televisão, geladeira, relógio e todos os conhecidos wearables. Mas esse é só o começo da revolução.
O jeito como as pessoas usam os produtos hoje indica aos fabricantes e marcas como será o design do futuro. Os dados gerados a cada uso — que vão do modo como você dirige, assiste televisão, se exercita e até dorme — vão moldando os produtos e serviços que veremos em breve no mercado
O resultado disso é que os novos produtos e serviços serão inspirados, mais do que nunca, no uso que o consumidor faz hoje dos produtos e serviços que tem, em uma abordagem de engenharia e design inteiramente centrada no cliente.
O uso dos dados é, por si só, um campo de vasta oportunidade para melhorar a eficiência da indústria.
Quando Sakishi Toyada criou o sistema de produção da Toyota, surgiu também uma abordagem para lidar com os problemas da linha de produção: os 5 porquês. Se aparecesse um problema que fizesse a produção parar, era preciso perguntar 5 vezes o porquê aquilo aconteceu.
Nessa abordagem, todos os problemas eram identificados depois do acontecido, até encontrar a causa raiz. Porém, nesse meio tempo, havia desperdício de recursos, riscos de manchar a imagem da marca, pedidos que eram cancelados e produtos que sofriam recall por problemas na produção. Se todo o sistema industrial está conectado e pode ser monitorado, é possível programar alertas, dar o suporte às máquinas antes de falharem, e ainda, monitorar em tempo real e diagnosticar de forma mais rápida os problemas, mesmo que os engenheiros não estejam no chão da fábrica. Com essa visão, abre-se uma oportunidade para os empreendedores na criação de serviços de manutenção inteligente e prevenção de falhas na linha de produção.
Agora, com os sensores instalados nas fábricas e as análises feitas praticamente em tempo real, é possível fazer a manutenção preditiva dos equipamentos.
O alto grau de personalização, em uma escala de produção, também é uma das mudanças que vão impactar diretamente a indústria nos próximos anos. Durante um tempo, ter algumas cores disponíveis do mesmo tênis já era o suficiente; agora, nós queremos customizá-los do nosso jeito. Uma evolução disso é a capacidade do consumidor interagir com a marca e sua linha de produção por meio de plataformas digitais que personalizam os produtos, diminuem a distância entre produção e entrega e possibilitam a cocriação.
Em várias indústrias, isso já acontece, mas a capacidade de escalar a personalizar no mesmo nível de uma produção massiva ainda é um desafio que a automação industrial se propõe a resolver.
A Indústria 4.0 oferece maior percepção e visibilidade dos dados em toda a cadeia de suprimentos. Também afeta a forma como os produtos são personalizados, onde são feitos e como chegam até nós.
Por exemplo, tecnologias como a impressão 3D permitem que as empresas de manufatura imprimam suas próprias peças, o que pode fazer maravilhas para melhorar a qualidade do produto a um custo menor e mais rápido do que os processos tradicionais.
Estabelecer uma relação mais próxima com seus clientes tem como resultado a potencialização da margem de lucro a longo prazo, ao criar laços entre consumidores e marcas. Assim, com a relação de afetividade, conseguem fascinar seus clientes com produtos e serviços novos.
Ao transformar o relacionamento com o cliente, as empresas começaram a perceber um aumento no engajamento e uma fidelização. A consequência direta dessa proximidade é a sobrevivência em um mercado cada vez mais competitivo.
Hoje, já temos negócios no mundo inteiro atuando com essa nova realidade que veio para ficar.
Uma empresa que fabrica pneus não vende hoje apenas pneu, mas o "Tire as a Service" ou "Pneu como Serviço" em português. Ela desenvolveu sensores nas borrachas que coletam dados, assim a empresa consegue avisar ao cliente da necessidade de troca, revisão ou riscos que o pneu tem de estourar.
Ao invés de vender apenas o produto em si, vende a experiência do usuário. Assim sendo, o cliente recebe a mensagem sobre a troca de pneus, evita problemas e fica implicitamente sabendo que se continuar utilizando os pneus da marca, certamente essa experiência seguirá positiva.
Outro exemplo é dentro da indústria de tratores. Não é apenas vendida a tecnologia existente na máquina como sempre foi feito, mostrando potência, valores agregados, novas tecnologias instaladas, etc., passou-se a vender os hectares arados produzidos por esse trator, o "Tractor as a Service" ou "Trator como Serviço". Ou seja, a venda está ligada ao valor agregado ao serviço e não ao produto em si. A tecnologia não é, necessariamente, cara e ultramoderna, mas fundamental para o aprimoramento de um serviço que existe no mundo desde que o ser humano passou a utilizar a agricultura no seu dia a dia, e isso foi há muitos séculos.
Posso ainda trazer essa conexão tecnológica e de serviço ao cliente para um cenário ainda mais próximo, a nossa casa. Hoje já existem cafeteiras interconectadas com sistemas operacionais que avisam ao fabricante que as cápsulas ou o pó do café estão acabando. Automaticamente essa empresa, ao invés de esperar o cliente procurar, fornece a mensagem de que o estoque está baixo e ele deve comprar mais cápsulas. Viu como tudo está interconectado?
De acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Brasil possuía (antes da pandemia) aproximadamente 700 mil indústrias. Apenas 1,6% desse total haviam aderido à indústria 4.0.
Ainda segundo dados da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), menos de 2% das indústrias nacionais estão prontas para a indústria 4.0. Na China, EUA e União Europeia, estima-se que este número chegue a 50%. Na Índia e Paquistão são cerca de 25%.
Com base nos dados acima, chegamos à conclusão que a indústria nacional ainda está, em grande parte, na transição do que seria a Indústria 2.0, caracterizada pela utilização de linhas de montagem e energia elétrica, para a Indústria 3.0 que aplica automação por meio da eletrônica, robótica e programação.
A boa notícia é que não precisaremos passar por todo o processo ocorrido nos países mais desenvolvidos para chegarmos a Indústria 4.0. Com o barateamento dos equipamentos, tecnologias, softwares, plataformas e, agora, implementação do 5G, ser bem factível, é possível pularmos etapas.
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Executivo e autor de 2 e-books sobre indústria 4.0: "Como a indústria 4.0 tem revolucionado o século XXI" e "Como desmistificar a indústria 4.0 e aplicá-la ao seu negócio".
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