Conheça o bilionário fundador da Patagonia que doou US$3 bilhões para salvar o planeta
Yvon Chouinard fundou a Patagônia em 1973 - (crédito: Campbell Brewer)
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9 min
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20 set 2022
•
Atualizado: 5 jun 2023
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Por Ana Julia Guimarães
Ele se chama Yvon Chouinard, tem 83 anos e é fundador da marca de roupas esportivas Patagonia.
Junto com sua família, o empresário simplesmente transferiu todas as ações da sua companhia - avaliada em US$3 bilhões, com lucro anual em torno de US$ 100 milhões - para um fundo especialmente criado para uma organização sem fins lucrativos.
E mais: decidiu que todo lucro que viesse da empresa deveria ser investido em iniciativas para combater as mudanças climáticas e salvar o planeta.
Isso significa que a Patagonia continuará como organização privada, mas a família Chouinard, que era responsável pela marca até o mês passado, não é mais dona da empresa.
Pois é, a ação custará cerca de US$ 17,5 milhões de impostos aos Chouinards. Algo que reforça a importância do fundo ser muito bem supervisionado pelos doadores - eles precisam garantir que ele está cumprindo o seu compromisso social.
Além do presente da empresa para o fundo, a família também decidiu doar os outros 98% da Patagonia, suas ações ordinárias, para uma organização sem fins lucrativos – a Holdfast Collective – que agora também receberá os lucros da empresa para o desafio de salvar o planeta.
Com isso, os Chouinards – Yvon, sua esposa Malinda e seus dois filhos, Fletcher e Claire, se tornaram uma das famílias mais caridosas do mundo.
Segundo a reportagem do The New York Times, a doação da sua fortuna tem a ver com o seu amor ao meio ambiente e sentimento contraditório em relação a como os negócios estão sendo feitos.
Yvon Chouinard comentou que espera que a sua atitude influencie uma nova forma de capitalismo: “que não acabe com algumas pessoas ricas e um monte de pessoas pobres.”
Além disso, o ex-bilionário disse que não sabia o que fazer com a empresa porque, na verdade, nunca quis ter uma. “Agora a organização pode continuar sobrevivendo “e fazendo a coisa certa pelos próximos 50 anos”.
Em sua carta oficial, ele reforçou:
“Enquanto começamos a observar os efeitos das mudanças climáticas e destruição ecológica e nossa própria contribuição para isso, a Patagonia se comprometeu a mudar a forma como os negócios são feitos”.
A atitude realmente não surpreende: Yvon nasceu em 1938 no Maine, norte dos Estados Unidos e se mudou para a Califórnia em 1946. Aos 14 anos, descobriu o alpinismo, seu grande hobby.
Já na década de 1960, Chouinard passou a morar em seu carro e comia latas danificadas de comida de gato porque pagava apenas US$0,05 cada.
E a simplicidade está presente até hoje: mesmo após a riqueza, o empresário continua usando roupas velhas, dirige um carro popular, não tem celular ou computador e possui duas casas bastante modestas.
O ex-bilionário sempre abominou a riqueza e viu-se, durante décadas, diante da contradição imposta pelo sucesso da empresa que havia criado. O executivo, inclusive, afirmou que a presença na lista de bilionários da Forbes "o irritou".
A empresa nasceu em 1973 durante uma viagem à Escócia, em que Yvon Chouinard teve seu primeiro contato com o setor de vestuário. Lá, ele comprou uma camiseta de rúgbi para praticar alpinismo, porque o tecido protegia o pescoço do atrito das cordas - e isso chamou muita atenção quando ele voltou aos Estados Unidos.
Muito inteligente, o empreendedor passou a importar as peças e finalmente entrou no ramo de roupas.
Desde então, a empresa passou por evoluções em favor de uma moda mais consciente, abdicando de matérias-primas poluentes e contrariando a lógica da substituição rápida de peças. Foi uma das primeiras marcas de vestuário, por exemplo, a usar apenas algodão orgânico.
As mudanças climáticas e o aquecimento global têm se tornado cada vez mais uma preocupação dos bilionários.
Em julho, o dono da Microsoft, Bill Gates, também declarou que doará US$20 bilhões de sua fortuna para instituições sem fins lucrativos voltadas ao meio ambiente - entre elas, está a própria fundação do criada por ele e sua ex-mulher Melinda French Gates, em 2000.
Outros bilionários do ranking da Forbes, como investidor Warren Buffett e Mark Zuckerberg, fundador da Meta (ex-Facebook), também se comprometeram a doar a maior parte da fortuna.
Será que estamos caminhando para uma nova era da conscientização?
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Jornalista. Possui experiência no mercado financeiro, social media e customer experience. Passou pela XP Inc.
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