De carros voadores a sandbox: a prefeitura está investindo para que a cidade se torne o maior hub de inovação da América Latina
Foto: Getty Images
, jornalista da StartSe
7 min
•
19 mai 2022
•
Atualizado: 19 mai 2023
newsletter
Start Seu dia:
A Newsletter do AGORA!
Por Tainá Freitas
São Paulo é considerada, atualmente, a melhor cidade para empreender no Brasil. Essa realidade, porém, pode estar ameaçada. Isso porque a prefeitura do Rio de Janeiro quer torná-lo o maior hub de inovação não apenas do Brasil, mas da América Latina.
E para transformar o desejo em realidade, a cidade está investindo em diversas verticais: em novos eventos, aceitação e incentivo de inovações e na criação de um ambiente mais receptivo a empresas de tecnologia do Brasil e do mundo.
Um dos movimentos recentes da prefeitura do Rio de Janeiro foi garantir a realização do Web Summit na cidade. O evento está previsto para acontecer entre 1 a 4 de maio de 2023, com estimativa de receber mais de dez mil pessoas.
Originalmente, o Web Summit foi fundado na Irlanda, mas é realizado há alguns anos em Lisboa, em Portugal. A cidade de Lisboa fechou um investimento público de 11 milhões de euro por ano até 2028 para garantir a realização do evento.
Desde a primeira edição, em 2016, o Web Summit tornou-se peça-chave para mudar o cenário empreendedor local. Empresas como BMW e Mercedes Benz abriram sede na cidade; as vagas de emprego em tecnologia aumentaram e, anualmente, milhares de empreendedores e suas startups viajam para fazer negócios (e turistar) na cidade.
Agora, a expectativa é que um movimento parecido comece a acontecer também no Rio de Janeiro, que será a primeira cidade latinoamericana a receber o evento. Ela disputou com Porto Alegre e Brasília por este posto. No negócio, a cidade saiu ganhando: o investimento público será através de patrocínio, principalmente do Senac.
“Nós vimos claramente o papel do Web Summit na transformação econômica de Portugal. Nós sabemos que Lisboa se tornou um centro de inovação por causa do evento e procuramos fazer o mesmo por aqui: consolidar o Rio como um centro inovador na América Latina”, afirmou o prefeito Eduardo Paes no anúncio.
Neste ano, a cidade já realizou outros eventos de tecnologia, como o Rio Innovation Week, Ethereum.Rio e Rio2C.
O Rio de Janeiro também está olhando para outra vertical de inovação: as criptomoedas. Os moradores poderão pagar o IPTU em 2023 com Bitcoin. Na prática, a prefeitura não irá guardar o valor em moedas criptografadas e contará com empresas para realizar a conversão para o real.
“Vamos estimular a circulação de moedas criptos, integrando-as ao pagamento de tributos, como no caso do IPTU e, no futuro, isso poderá ser ampliado para serviços como as corridas de táxi, por exemplo”, disse o ex-secretário Pedro Paulo no anúncio.
CONFIRA COMO O RIO DE JANEIRO IRÁ ACEITAR CRIPTOMOEDAS
Esse posicionamento pró-criptomoedas já tem surtido efeito. A Binance, uma das maiores corretoras de criptomoedas do mundo, anunciou que irá abrir um escritório na cidade maravilhosa. Changpeng Zhao, CEO da corretora, confirmou no Twitter após uma visita ao local. Ele disse que o Rio de Janeiro está fazendo sua parte e que a empresa também faria a dela.
Ainda em 2023, a expectativa é que as pessoas possam curtir o carnaval do Rio de Janeiro também no metaverso. A ideia é que pessoas de qualquer lugar do mundo possam desfilar virtualmente na Sapucaí, escolhendo a escola de samba preferida.
Para complementar a aposta no metaverso, a prefeitura planeja estimular a arte, cultura e turismo com a criação de NFTs de imagens históricas de artistas cariocas.
A localização da Binance e outras empresas de tecnologia no Rio de Janeiro poderá trazer benefícios. Isso porque, desde fevereiro de 2022, empresas do setor que são residentes do Parque Tecnológico da UFRJ contam com redução da alíquota de ISS de 5% para 2%.
A redução também será válida para as residentes do “Porto Maravalley”: um distrito que está sendo criado dentro do Porto Maravilha. A expectativa é que a região abrigue startups e outras empresas inovadoras, atuando também na revitalização do local.
Em março deste ano, a cidade lançou o “Programadores Cariocas”, um programa que busca formar cinco mil profissionais de tecnologia em três anos. A prefeitura contará com instituições parceiras e fornecerá bolsas de estudo e computadores para os jovens matriculados.
O programa está buscando residentes na cidade do Rio de Janeiro entre 17 e 29 anos, com ensino médio completo e oriundos da rede pública. “Há um déficit de 24 mil vagas por ano no setor de tecnologia da informação por falta de profissionais qualificados. O Programadores Cariocas vai dar oportunidades e empregabilidade para os jovens que mais precisam”, destacou Chicão Bulhões, secretário de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Simplificação, no anúncio.
Além de dar espaço a tecnologias que já estão sendo desenvolvidas há algum tempo pelo mercado, o Rio de Janeiro também irá dar espaço para que as empresas façam testes. A cidade abriu as inscrições para o Sandbox.Rio – elas vão até 10 de junho de 2022.
Na tradução, sandbox significa “caixa de areia” e é, na prática, um espaço isolado, controlado e seguro para testes. Desta vez, a cidade quer que as empresas inscrevam projetos que não poderiam ser testados de outra forma, seja por conta de impedimentos regulatórios ou por conta de longos processos de aprovação.
Essa é uma abordagem que tem sido adotada no Brasil também pelo Banco Central, por exemplo, para testar inovações no setor financeiro. Já para o Rio de Janeiro, a expectativa é de testar novas tecnologias que possam desenvolver o setor econômico da cidade.
E, falando de projetos econômicos, há inovações de todos os tipos surgindo por ali. A Eve, braço da Embraer para soluções em mobilidade urbana, realizou um estudo para o futuro da mobilidade aérea urbana no Rio de Janeiro. A expectativa é que o projeto tenha eVTOL – também chamados de “carros voadores” – operando em 2026.
Na prática, os eVTOLS são aeronaves elétricas que decolam e pousam verticalmente – e podem carregar pessoas. Elas são preferíveis aos helicópteros, por exemplo, pela minimização de ruídos, maior acessibilidade dos voos e redução da pegada de carbono (pois são elétricos).
Em uma simulação, seria possível sair do aeroporto do Galeão e ir até a Barra da Tijuca em 9 minutos. O trajeto de carro geralmente leva 1h30.
Até 2035, a expectativa da Eve é de ter 245 eVTOLS em funcionamento. Será?
…
Gostou deste conteúdo? Deixa que a gente te avisa quando surgirem assuntos relacionados!
Assuntos relacionados
, jornalista da StartSe
Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero. Apresenta o podcast Agora em 10 na StartSe e também atua na área de Comunidades na empresa. É especialista em inovação, tecnologia e negócios.
Leia o próximo artigo
newsletter
Start Seu dia:
A Newsletter do AGORA!