A empresa acabou de fazer uma segunda onda de demissões, terminou acordos e fechou operações com clientes
significado da palavra resiliência no dicionário (Fonte: Getty Images)
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Tudo parecia ir tão bem para a Hash. Em 2021 a fintech de Banking-as-a-service, de maquininha de cartão para outras empresas, levantou não apenas uma rodada série B, mas também a série C, colocando mais de R$ 250 milhões no bolso para acelerar no mercado brasileiro. Corte rápido para agosto de 2022: a empresa acabou de fazer uma segunda e ainda mais agressiva onda de demissões, terminou acordos e fechou operações com clientes – e segundo apurou o Startups, a empresa corre o risco de fechar as portas.
No mais recente passaralho, cerca de 58 pessoas foram desligadas, conforme reportou o jornal O Globo. O comunicado foi passado aos funcionários via mensagem no Slack, diretamente do CEO e cofundador da empresa João Miranda. Segundo o texto na rede social corporativa, o executivo apontou que a empresa chegou a um “ponto crítico”, o que obrigou a empresa a “quebrar o combinado” e fazer novas demissões.
Em junho, a Hash já tinha mandado embora cerca de 50 colaboradores, e segundo ex-funcionários, em maio já tinha demitido 20. No total, as demissões comprometeram quase metade do quadro de trabalhadores (cerca de 180 no início do ano). A nova leva reduz a startup a um quadro ainda mais enxuto, de 52 pessoas. “Chegamos num ponto crítico que nos obriga a fazer outro corte, dessa vez com o objetivo de ter o mínimo para manter a operação atual”, escreveu o CEO no Slack.
Contudo, o processo de enxugamento não para por aí. Segundo apurou o Startups, clientes da Hash tiveram seus contratos de serviço terminados imediatamente sem aviso prévio, obrigando-os a buscar soluções com outros players de uma hora pra outra. O comunicado foi realizado aos clientes via email nesta terça (02).
“Temos uma solução de POS white label com a Hash e eles estão literalmente desligando [o sistema]. Recebemos um e-mail ontem à noite dizendo que a operação está sendo suspensa a partir desse aviso, louco assim”, declarou um empresário em um grupo de executivos de uma rede social. No portfólio de clientes da Hash constam nomes como Aramis, Aché, Neon e a rede de construção Léo Madeiras – o maior contrato da fintech.
O Startups teve acesso ao email recebido pelos clientes da Hash, assinado pelo COO Ademar Proença e que diz o seguinte:
Devido às condições de mercado adversas, informamos que as operações da sua companhia estão sendo suspensas na Hash a partir da data de hoje, com a liquidação de quaisquer valores futuros existentes na semana que vem. Eventuais usuários serão comunicados sobre o encerramento das atividades na data de amanhã (03).
O Startups procurou a Hash para um posicionamento sobre a recente situação, mas obteve uma nota com uma resposta padrão para apaziguar os ânimos.
“Após uma reestruturação, visando redução de custos, a Hash precisou realizar novos desligamentos em seu time. A empresa segue comprometida em apoiar as pessoas colaboradoras afetadas, ajudando em sua recolocação profissional. A Hash reitera que segue em operação e busca opções, avaliando novas possibilidades para o futuro”, destacou a empresa em comunicado.
Porém, segundo destacou o CEO na nota enviada via Slack, a companhia está buscando uma sobrevida por meio de aportes, e deverá tomar uma decisão definitiva até o final de agosto. Neste meio tempo, a empresa e os fundos sócios da fintech se colocaram à disposição dos demitidos para possíveis recolocações no mercado.
“Faremos essa redução para nos mantermos vivos até chegarmos a uma decisão final (ainda em agosto)”, escreveu, acrescentando que a empresa está, sim, mapeando “um plano de encerramento da empresa caso nenhuma das opções remanescentes funcione”, afirmou João Miranda na mensagem divulgada pelo jornal carioca.
A expressão acima é utilizada quando alguma empresa ou pessoa cai de um posto de muito prestígio para uma posição bem abaixo do que se esperava – e de certa forma está combinando com a Hash neste momento. Para uma startup que estava entre as queridinhas do segmento BaaS no boom de investimentos de 2021, foi uma queda considerável.
Com o quarto de milhão de reais levantado no ano passado, a empresa revelou em entrevista ao Startups na época que fecharia 2021 com 20 clientes, e a meta para 2022 era dobrar esta base de empresas utilizando suas soluções de maquininhas customizadas de cartão.
Apoiada pelos aportes, a empresa cresceu em força de trabalho, chegando a 180 colaboradores. Em abril de 2021, quando anunciou a série B, a companhia tinha 110 pessoas e 8 clientes, com um volume de transações multiplicado por seis vezes no ano passado.
Contudo o mercado acirrado nesta área pode ter colocado obstáculos neste caminho de crescimento. Grandonas como a Porto Seguro entraram no jogo com a compra da Atar. A Dock, por sua vez, se capitalizou de forma pesada, virando unicórnio após levantar US$ 110 milhões em maio, de olho em aquisições para crescer agressivamente.
A lista não para por aí. A Swap recebeu R$ 135 milhões em rodada liderada pela Tiger Global, e a argentina Pomelo está focada em crescer na América Latina, depois de receber US$ 190 milhões, também da Tiger Global. Em abril, a plataforma de open finance Celcoin levantou R$ 85 milhões junto à gestora Innova Capital.
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