A varejista foi acusada de ter fábricas com longas horas de trabalho e pagamento por centavos em peças aos funcionários; agora, ela se pronunciou sobre as acusações e lançou um plano de mudanças com impacto em ESG
Shein (Foto: divulgação LinkedIn)
, jornalista da StartSe
6 min
•
6 dez 2022
•
Atualizado: 19 mai 2023
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A varejista chinesa SHEIN se tornou uma sensação no Brasil e no mundo pelos preços baixos, entrega rápida (dentre os envios internacionais) e pela variedade de milhares de produtos e tamanhos.
Em novembro, a empresa abriu uma loja temporária em que os clientes poderiam comprar pessoalmente em um shopping em São Paulo e surpreendeu reunindo filas com mais de 7 mil pessoas.
Mas, ao mesmo tempo, a Shein também tem sido alvo de críticas por supostas irregularidades em suas fábricas e fornecedores. De acordo com a emissora britânica Channel 4, funcionários estariam recebendo menos de 1 centavo por peça e acumulando uma carga horária diária de até 18 horas por dia.
Agora, a varejista se pronunciou sobre algumas das acusações – e trouxe um plano de investimento de US$ 15 milhões para transformar sua cadeia de fornecedores.
A SHEIN negou que os trabalhadores das fábricas recebiam apenas um centavo por peça, mas confirmou que alguns tinham uma jornada de trabalho maior do que o permitido.
Sobre o pagamento, a empresa anunciou que os funcionários das fábricas recebem um salário maior do que o mínimo estipulado por Guangzhou, na China, e que também é “maior que a média de outras indústrias têxteis”. O pagamento de cerca de um centavo por peça é uma comissão que os funcionários recebem além do próprio salário.
A SHEIN nega a carga horária de 18 horas relatada no documentário “Inside The Shein Machine: UNTOLD”, feito pelo Channel 4, mas admite que alguns funcionários estão trabalhando mais do que as 11 horas diárias permitidas por lei na China.
“As investigações mostraram que o máximo de horas trabalhadas na Fábrica A são 13,5 horas por dia, com os funcionários tirando pelo menos de dois a três dias livres por mês. Já na Fábrica B, a investigação mostrou que os funcionários trabalham, no máximo, 12,5 horas por dia e não possuem uma estrutura fixa de dias livres”, escreveu a companhia no anúncio. Uma auditoria foi realizada nas fábricas fornecedoras para chegar a esses números.
Agora, a empresa estabeleceu que as fábricas possuem até o fim de dezembro para se regularizarem e que, caso isso não aconteça, poderão responder judicialmente. A SHEIN anunciou que reduziu sua demanda de produção em ¾ nas fábricas específicas que não estão cumprindo todas as regras.
“Embora a auditoria tenha revelado um problema com o horário de trabalho, isso foi endereçado com os dois fabricantes e reduzimos significativamente nossos pedidos até que tomem medidas efetivas. A SHEIN preza sua reputação como um grupo de moda responsável e não hesitará em tomar medidas como esta quando necessário”, disse Adam Whinston, líder global de ESG na Shein, no anúncio.
O investimento de US$ 15 milhões faz parte de um programa de responsabilidade da própria companhia, que busca estabelecer locais de trabalho seguros para os trabalhadores e fornecedores.
Para além de questões de salário e horas trabalhadas, a empresa anunciou que fará mudanças físicas na estrutura das fábricas. A expectativa é de completar 30 projetos de transformação até o final deste ano; 100 até o fim de 2023 e mais de 300 ao longo dos próximos quatro anos.
E não é por acaso que o anúncio dessas mudanças foi feito pelo líder global de ESG da companhia. A origem dos produtos é um fator cada vez mais relevante no ato da compra. Segundo pesquisa da Opinion Box, 67% dos consumidores têm o hábito, mesmo que às vezes, de pesquisar as práticas de ESG das empresas antes de comprar delas.
E o que é o ESG? Ele é formado pelo “environmental” (meio ambiente), governança e o social. Por isso, além do impacto no meio ambiente, os consumidores estão de olho se as companhias são diversas, por exemplo, e em como elas têm tratado seus funcionários e escolhido seus fornecedores.
A SHEIN não é a primeira varejista a ser acusada de longas jornadas de trabalho, baixo pagamento aos funcionários, entre outros problemas da cadeia de produção… E, infelizmente, ela provavelmente também não será a última.
No entanto, a empresa pode ter ganhado (ou reconquistado) a confiança dos consumidores justamente por ter agido de forma transparente, admitindo erros, retificando as informações errôneas e se comprometendo a mudar. Agora, a expectativa é de que ela continue olhando atentamente e diminuindo possíveis impactos negativos em cada pilar do E, S e G.
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, jornalista da StartSe
Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero. Apresenta o podcast Agora em 10 na StartSe e também atua na área de Comunidades na empresa. É especialista em inovação, tecnologia e negócios.
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