Quem acendeu o alerta vermelho foram os CEOs das principais empresas dos EUA: 92% deles preveem recessão
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6 min
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20 mar 2025
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Atualizado: 20 mar 2025
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A confiança dos principais executivos americanos despencou de maneira alarmante nos últimos seis meses, refletindo um cenário econômico cada vez mais incerto.
Na mais recente edição da Yale CEO Caucus, evento que reúne líderes das maiores corporações dos Estados Unidos, o clima foi marcado por apreensão e descontentamento.
De acordo com uma pesquisa realizada durante o encontro, 92% dos CEOs agora preveem uma recessão no horizonte. O dado contrasta fortemente com os 10% que, há apenas seis meses, compartilhavam essa preocupação. A mudança abrupta de perspectiva reflete uma insatisfação crescente com a condução da política econômica.
Jeffrey Sonnenfeld, professor da Yale School of Management e organizador do evento, relatou ao Wall Street Journal que os executivos estão profundamente insatisfeitos com as tarifas impostas pelo governo Trump, especialmente em relação ao Canadá. "Há uma repulsa generalizada contra essa estratégia", afirmou Sonnenfeld.
A incerteza em torno das tarifas e suas consequências nas cadeias globais de suprimento preocupa os líderes empresariais, que já enfrentam dificuldades em realocar produção e garantir estabilidade operacional.
O evento contou com a presença de 100 CEOs, dos quais 85% se manifestaram contrários à guerra comercial, embora alguns reconheçam a necessidade de proteção seletiva de setores estratégicos.
Nos bastidores, a revolta era evidente, mas as críticas ainda não têm sido feitas publicamente. De acordo com o Wall Street Journal, os executivos preferem aguardar um agravamento econômico e uma correção mais acentuada nos mercados financeiros antes de se posicionarem abertamente contra o governo.
Quando questionados sobre o momento ideal para se manifestarem, 44% disseram que uma queda adicional de 20% na Bolsa seria o gatilho. Outros 22% só tomariam posição após um colapso de 30%, enquanto 10% esperariam um tombo de 50% antes de se pronunciarem. Um grupo de 24% afirmou que não considera apropriado criticar publicamente as decisões do governo.
"Fiquei impressionado com o temor dos executivos em falarem abertamente", disse Bill George, ex-CEO da Medtronic. "O humor mudou completamente. O que é dito em público difere muito das conversas privadas."
Confiança dos consumidores também cai e inflação ameaça
A apreensão dos CEOs encontra eco na população. De acordo com a pesquisa da Universidade de Michigan, a confiança dos consumidores americanos atingiu o nível mais baixo desde 2022. Joanne Hsu, diretora do estudo, apontou que o pessimismo está diretamente ligado às incertezas econômicas e às preocupações com a inflação.
A projeção de inflação para os próximos 12 meses saltou para 4,9%, um aumento significativo em relação aos 4,3% registrados no levantamento anterior.
Para a alta liderança empresarial, o desafio agora é equilibrar estratégias que minimizem impactos dessa volatilidade enquanto aguardam maior clareza sobre os rumos da economia. Com um cenário tão imprevisível, uma postura proativa e resiliente se torna essencial para a sustentabilidade dos negócios.
“Ok, mas o que uma recessão nos EUA tem a ver com o resto do mundo?”
Uma recessão nos EUA tende a desacelerar o comércio internacional, afetando exportações brasileiras, especialmente em commodities agrícolas e minerais, setores fortemente dependentes da demanda americana.
Além disso, o aperto monetário nos EUA pode levar a um fluxo de capitais para mercados mais seguros, pressionando o câmbio no Brasil e encarecendo importações e investimentos.
Empresas com exposição ao mercado externo precisam revisar estratégias financeiras e operacionais, enquanto o varejo e a indústria nacional devem monitorar o impacto sobre o consumo e crédito local.
Decisores brasileiros precisam adotar uma abordagem cautelosa, garantindo liquidez, diversificando mercados e revisando riscos cambiais para atravessar um possível cenário de turbulência econômica global.
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Jornalista e Copywriter. Escreve sobre negócios, tendências de mercado e tecnologia na StartSe.
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