Fronteiras estão se dissolvendo e empresas estão buscando a internacionalização.
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7 min
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23 fev 2022
•
Atualizado: 19 mai 2023
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Por Camila Petry Feiler
Mesmo em um país de tamanho continental, empresas seguem sonhando em cruzar as fronteiras e internacionalizar os negócios. Já são mais de 100 startups brasileiras em contato com o cenário internacional, de acordo com os dados do Governo Federal, mas para além das chamadas unicórnios, existe espaço para pequenas e médias empresas.
E apesar das restrições de viagens e consulados fechados, a pandemia manteve em alta a busca para expandir os negócios em outros países. Os destinos? Estados Unidos, Argentina e México lideram o ranking, mas Portugal aparece como aposta de expansão. Mas o que está em jogo na hora de pensar em internacionalizar? Por onde começar? Vamos ver a seguir.
Michel de Amorim, sócio da Drummont Advisors, mora em Miami e está há mais de 10 anos criando pontes entre Brasil e Estados Unidos, oportunizando crescimentos e histórias de sucesso para quem escolheu o país como nova sede da empresa. De tudo que ele já viu até hoje, a conclusão é: não existe receita de bolo, cada empresa vai ter parâmetros e necessidades diferentes, por isso ele desenha cenários para que empreendedores e empreendedoras possam se preparar o melhor possível.
E ao entrar em novos países, como os Estados Unidos, por exemplo, é fundamental que a empresa esteja atenta aos trâmites burocráticos para não sofrer depois - registro de marca, tributos, leis, visto. Além disso, é preciso entender quem vai tocar a nova base, se essa pessoa tem conhecimento do mercado no país em questão, se fala a língua e tem contatos para expandir o negócio. Quanto antes isso é decidido, melhor: as movimentações da empresa já podem começar a acontecer durante o planejamento, com idas a feiras para networking e envolvimento com o mercado local.
Michel comenta que idealmente a empresa já tem clientes, fornecedores, conhece o mercado e já colocou seus serviços ou produtos à prova no novo cenário, e aí parte para um escritório físico no país e toda a internacionalização de serviços.
Na prática, não é bem isso que acontece, e tudo bem. Só que nesse caso, as empresas precisam mapear o mercado, conhecer os competidores e analisar os riscos para criar uma entrada calculada, mas sem postergar demais. Michel compara a internacionalização ao plano de ter filhos: se a decisão não é tomada, ela vai sendo jogada para frente, esperando um momento ideal e, a gente sabe, esse momento precisa ser criado, senão ele não existe.
Com o trabalho remoto, fronteiras foram dissolvidas e tanto nômades digitais quanto empresas passaram a habitar outros cantos do mundo. O mundo da tecnologia viu essa necessidade ainda mais latente, para diversificar seu risco, ter acesso a outros mercados e também capturar melhores talentos.
Para quem quer captar investimento, Michel conta que os fundos de venture capital estão indicando a internacionalização e tem sido uma crescente. Os sinais do sucesso estão nos aspectos de alavancagem, aquisições e fusões que ocorreram durante a pandemia com empresas brasileiras que estavam em outros países, inclusive com abertura na bolsa americana nesse período de incerteza, que só mostra que o mercado não parou.
Outra coisa que ele salienta: só de a empresa ter uma estrutura americana já faz diferença na hora da apresentação. “Quando você chega em uma feira e apresenta seu cartão com um endereço americano, isso faz diferença tanto para o investidor quanto para o potencial cliente. Afinal, ele pensa que se for atendido por uma empresa brasileira, como vai ser se ele tiver algum problema, por exemplo?”.
“Os principais destinos tem sido Flórida e Portugal e também uma demanda de América Latina - existe inclusive o movimento de empresas brasileiras que começam a internacionalização na América Latina. Nesse caso, a Flórida é um ponto interessante porque você já tem ligação com a América Latina e fortalece a conexão com os Estados Unidos”, comenta Michel sobre Miami, que se tornou a capital da América Latina por conta da grande quantidade de falantes de espanhol e também pelas diversas características latinas.
Como Michel já disse, não tem receita de bolo, mas alguns passos são importantes para todo mundo que quer pensar na internacionalização. Primeiro, pesquisar a fundo e conhecer bem os concorrentes. “Por isso as missões da StartSe são fundamentais para quem quer conhecer os mercados em ascensão para os negócios brasileiros”, explica Michel, que acredita no poder do networking para conseguir possibilidades reais no novo país.
“Planeje e comece o quanto antes” é o mantra para quem quer ter sucesso, de acordo com Michel. Com todos os pontos em mente, é possível entender quanto tempo, investimentos e preparos são necessários. Assim você garante uma internacionalização consistente em um prazo que não enlouqueça ou enfraqueça ninguém.
E também garante que erros básicos não sejam cometidos. Uma loja de utensílios de cozinha de alto valor agregado, por exemplo, resolveu barganhar na hora de prospectar o aluguel, ficou em uma região que não alcançava seu público-alvo e acabou tendo que refazer toda a estratégia depois de 1 ou 2 anos. Outra empresa internacionalizou os produtos, mas não fez o registro de marca. Depois de um tempo, teve que tirar de circulação tudo que vinculava com o nome porque já tinha uma outra marca registrada e a multa seria caríssima.
“São coisas simples, o ambiente é muito pró-negócio, mas é muito fácil você seguir o caminho que não é ideal”, alerta Michel, que indica a busca por orientações profissionais e o máximo de preparo antes de dar um primeiro passo.
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Jornalista focada em empreendedorismo, inovação e tecnologia. É formada em Jornalismo pela PUC-PR e pós-graduada em Antropologia Cultural pela mesma instituição. Tem passagem pela redação da Gazeta do Povo e atuou em projetos de inovação e educação com clientes como Itaú, Totvs e Sebrae.
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