A comunicação assertiva é a arte de expressar nossos pensamentos e sentimentos de forma clara, respeitosa e eficaz. Para alcançarmos essa habilidade, é fundamental dominar nossas emoções e construir mensagens que sejam compreendidas e bem recebidas pelo outro.
Foto: Pexels
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10 min
•
1 out 2024
•
Atualizado: 1 out 2024
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Imagine um lago. É noite. A lua cheia brilha redonda no céu.
Quando as águas deste lago estão calmas, refletem a luz da lua com precisão, podemos ver no céu e nas águas uma lua perfeita, redondinha. A realidade e o seu reflexo são muito parecidos.
Agora, caso as águas deste lago estejam agitadas, o reflexo da lua será deformado e disforme, não condizente com a realidade que enxergamos no céu.
Entenda que a lua representa a realidade. O lago representa a sua mente. Quando nossas emoções estão em ebulição, não conseguimos enxergar a realidade com nitidez.
Meu caro leitor, esta não é uma boa hora para falar.
A tão cobiçada comunicação assertiva está diretamente relacionada com a sua inteligência emocional. Saber reconhecer e gerir suas emoções é a base do sucesso na sua comunicação.
Seis etapas nos aproximam de uma comunicação realmente assertiva e capaz de solucionar conflitos. Vamos entender o que devemos considerar em cada uma dessas etapas e como as emoções podem prejudicar nosso discernimento em cada uma.
Este é o objetivo da sua mensagem. Saber por que falar é o primeiro passo para construir uma mensagem assertiva. Muitas vezes, começamos uma conversa sem saber sequer aonde queremos chegar ou qual é o nosso objetivo ao falar. Possivelmente, isso resultará em uma conversa que apenas descarrega no outro nossas emoções e frustrações. Quando estamos tomados pela emoção, é muito mais provável que queiramos ‘rebater ou nos defender’, ao invés de solucionar. Saiba, exatamente, seu objetivo.
Parece óbvio, mas nem sempre consideramos para quem vamos levar nossa mensagem. Esse é um recorte muito precioso para delimitarmos o que vamos dizer. O ‘quem’ estará imbricado no passo anterior, o ‘porquê’. Quanto aquela pessoa sabe ou viveu acerca do tema da mensagem? Quais as objeções que ela pode ter sobre o tema? Quais vieses e valores? Qual o interesse nesta conversa? Essas são perguntas muito importantes sobre o nosso interlocutor.
Mas veja bem, quando estamos em ebulição, provavelmente não teremos condições de observar e responder a estas perguntas com isenção, pois estaremos analisando o outro através das nossas lentes ofuscadas pelas emoções. Considere quem está do outro lado.
As etapas anteriores serão a base desta terceira etapa. Se temos clareza do porquê e para quem estamos construindo a mensagem, podemos escolher com assertividade o que dizer, considerando o que deve ou não entrar na nossa mensagem. Ou seja, as etapas anteriores nos orientam sobre a curadoria do nosso conteúdo.
Se pecarmos nas etapas anteriores, corremos um grande risco de escolhermos mal nossos argumentos, misturando os fatos com as nossas emoções, distorcendo o acontecido e nos distanciando de uma possível solução. Não podemos permitir que nossas emoções ditem o que será dito, isso nos colocaria em um lugar demasiadamente apaixonado e pouco estratégico e assertivo. Diga, exatamente, o que você quer dizer.
O ‘como’ diz respeito à forma. Como nos expressamos, como a voz e a linguagem não verbal contribuem e sustentam a nossa mensagem. Ou como elas distorcem a mensagem. Albert Mehrabian conduziu um estudo que demonstra que, quando existem ruídos emocionais na nossa comunicação, a voz e a linguagem não verbal são responsáveis por mais de 90% da interpretação da mensagem.
Imagino que aqui já esteja evidente para você que, se não fizermos uma boa gestão das nossas emoções, elas falarão mais alto do que qualquer coisa que você diga, transbordando pelo ritmo, pelo tom e pela frequência da nossa voz, pelas expressões faciais e postura corporal. O ‘como’ é responsável pelos maiores e mais graves ruídos de comunicação. Busque uma performance que transmita calma e confiança.
Não costumamos considerar essa etapa na hora de construir uma comunicação assertiva, mas a escolha do lugar é fundamental para a atmosfera que queremos dar para a conversa. Uma conversa ‘na sala do chefe’ provavelmente vai adicionar mais tensão e seriedade à conversa do que uma conversa em uma cafeteria ou ao ar livre. A escolha de, por exemplo, ter uma conversa difícil caminhando ao ar livre ao invés da ‘sala do RH’ (onde as pessoas são contratadas e demitidas) pode influenciar muito no estado emocional, tanto no seu quanto no do seu interlocutor. Seja estratégico nesta escolha!
Por fim, escolher a hora certa de dizer. E a pergunta que traduz esta etapa é ‘essa é a hora de termos essa conversa?’. Aqui devemos considerar a objetividade do tempo, se existe tempo hábil para que a conversa aconteça, mas, também, se é a hora certa de ter a conversa no sentido das nossas emoções. Estamos, eu e o outro, em condições de ter essa conversa?
As regras não vão substituir o seu autoconhecimento.
De forma genérica, especialistas de comunicação assertiva recomendam que esperemos 48 horas até que as nossas emoções arrefeçam para que possamos ter uma conversa difícil. Mas a verdade é que esta regra é muito precária.
É preciso que você crie condições de ler a si e ao outro, considerando que, em algumas situações, estaremos prontos em 15 minutos para ‘falar sobre isso’, e em outras, mesmo depois de 48 horas, ainda nos sentiremos muito afetados quando tocamos no tema. Portanto, a regra a ser considerada aqui é ‘estamos prontos?’, independentemente de quanto tempo tenha se passado. E treine, treinar vai te ajudar a entender se você consegue tocar no assunto sem se afetar emocionalmente.
Esteja atento a cada uma das etapas descritas acima.
Saber analisar e definir sobre cada uma dessas etapas não se trata de olhar apenas para si, mas exercitar a sua empatia e verificar se todos estão prontos para uma conversa difícil e fazer escolhas que favoreçam a conversa, ao invés de torná-la ainda mais difícil. Isso permitirá o fortalecimento da confiança e a verdadeira resolução de conflitos.
Uma comunicação de excelência não é apenas um artifício de persuasão e poder, é uma jornada de autoconhecimento e de autogestão! Quanto melhor nos conhecemos, melhor nos comunicamos. Quanto melhor nos comunicamos, melhor nos conhecemos.
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Priscila é professora do WLP, formação internacional de impacto para lideranças femininas, da StartSe em parceria com a Nova SBE. Ela também é fundadora da Versa, empresa referência em desenvolver habilidades para comunicação em treinamentos corporativos, com foco em Altas-Lideranças e C-Levels. Com mais de 15 anos de experiência, ensina líderes como se tornarem porta-vozes de sua melhor versão. Além de atriz e professora de teatro, possui pós-graduação em Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem, bem como certificação em neurociência pela PUC-RS
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