Inovação como objetivo não tem dado certo. Chama a atenção, mas não gera resultados. O que fazer, então, para superar o Teatro da Inovação?
, Jornalista
8 min
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1 nov 2022
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Atualizado: 19 mai 2023
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Quando as luzes se acendem e a cortina do palco é fechada, o que resta de inovação na sua empresa?
Vamos voltar um pouco. A inovação é hoje o segundo fator mais desafiador para empresários brasileiros, sendo que 1 em cada 2 líderes se sente muito ou totalmente preparado para resolver os desafios de inovação nos próximos anos, de acordo com levantamento da StartSe e Opinion Box sobre o futuro dos negócios no Brasil.
Prioridade ela é, notória também, a questão que fica é: quando a inovação, de fato, faz a diferença no negócio? A faísca oriunda do Vale do Silício movimentou o desejo de hubs, hacktons e iniciativas para impulsionar o crescimento das empresas a partir da inovação, mas pouco resultado foi gerado. De tão grande (e preocupante), a questão ganhou um nome: teatro da inovação.
Steve Blank, conhecido por seu papel no desenvolvimento do empreendedorismo, chama de “innovation theater” (teatro da inovação) quando as empresas realizam um monte de coisas que parecem inovação, mas criam pouco valor real. Estas iniciativas são muitas vezes acompanhadas por grandes comunicados de imprensa com poucos detalhes tangíveis. Já viveu isso?
Afinal, a inovação corporativa vai além de ações bonitas e pontuais ou tecnologias surpreendentes. É preciso propósito para escolher qual caminho trilhar, e isso perpassa cultura e pessoas.
O autor explica em publicação que “à medida que as grandes organizações enfrentam disrupções contínuas, elas reconhecem que sua estratégia e estruturas organizacionais existentes não são ágeis o suficiente para acessar e mobilizar o talento inovador e a tecnologia de que precisam para enfrentar esses desafios.”
Fica claro que é preciso mudar, porém, o resultado muitas vezes é uma tentativa frustrada de tentar acabar com os problemas à medida que eles surgem, sem olhar para a raiz da questão.
Steve Blank aponta os processos engessados de gestão uma das maiores barreiras à inovação. Afinal, o processo supera o produto e acaba deixando a rotina confortável. Problemas e soluções conhecidas não levam à inovação.
Por isso, Denis Ferrari, CEO da Azys, primeira aceleradora de inovação independente do Brasil, listou três pilares para quem quer implementar a cultura de inovação nas empresas.
1) Aprendizado contínuo: É muito importante que todos da equipe tenham total conhecimento sobre as soluções tecnológicas e os modelos de operação e de negócios que podem ser adotadas no dia a dia. Só assim vão conseguir melhorar a criação de produtos e serviços. Portanto, o compartilhamento do conhecimento é fundamental. “Não tem como você ter uma cultura de inovação sem uma manutenção constante dos saberes da equipe”, afirma Denis.
2) Hábitos: Os líderes e gestores devem inserir processos criativos curtos na rotina das instituições, para que os colaboradores consigam praticar a resolução de adversidades. “Nesse caso, se eles conseguirem incluir um mapeamento de problemas comuns das empresas, clientes ou até de outros mercados, isso se transforma em insumos para a criatividade”, ressalta ele. Vale lembrar que é muito importante que todo o trabalho de criação seja validado e desenvolvido, pois caso contrário, todos esses esforços serão nulos.
3) Crenças – Esse pilar está relacionado a percepção que o colaborador terá sobre o processo de inovação da instituição e movimentado por histórias contadas, atos e símbolos das empresas. “Caso o líder desvalorize uma ideia gerada pelos colaboradores, isso criará uma crença contrária a essa cultura e, ao ser compartilhada com outras pessoas, pode manchar a imagem de uma corporação”, explica Denis.
Esse tipo de atitude influencia o engajamento sobre as outras duas ações, pois se os colaboradores não acreditarem mais no projeto que foi desenvolvido, não darão sequência aos projetos criativos e de aprendizado.
A inovação não é um objetivo final, mas sim uma mentalidade e um processo para criar valor. O impacto para um negócio é através de suas novas abordagens para resolver uma necessidade do cliente e o valor que cria – não o teatro de simplesmente fazer inovação.
Por isso, deve estar entremeado na rotina e vivenciado na cultura para trazer valor e gerar resultados.
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Jornalista focada em empreendedorismo, inovação e tecnologia. É formada em Jornalismo pela PUC-PR e pós-graduada em Antropologia Cultural pela mesma instituição. Tem passagem pela redação da Gazeta do Povo e atuou em projetos de inovação e educação com clientes como Itaú, Totvs e Sebrae.
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