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Por que a startup das 'bikes laranjas do Itaú' fez empréstimo milionário

O empréstimo foi feito pelo BNDES para aumentar a frota de bikes no Brasil

Por que a startup das 'bikes laranjas do Itaú' fez empréstimo milionário

Bicicleta Tembici (Fonte: divulgação)

, conteúdo exclusivo

6 min

2 fev 2023

Atualizado: 19 mai 2023

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A Tembici,  startup de aluguel de bicicletas que opera as conhecidas bikes laranjas do Itaú, fechou uma linha de financiamento de R$ 160 milhões com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para aumentar sua frota de bicicletas elétricas e comuns no Brasil, além de ampliar investimentos em tecnologia e inovação.

A meta é colocar na rua cerca de 7.000 de novas bicicletas para compor a atual frota de 21.000, somando bikes elétricas e comuns. Isso permitirá a expansão do serviço nas cidades onde a Tembici já opera, principalmente em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre, e em novas praças do país. Segundo Leandro Fariello, que é CFO da Tembici, a companhia deve chegar a Curitiba, Florianópolis e Belo Horizonte em 2023.

“Essa linha de financiamento endereça a compra do ativo e o desenvolvimento de toda a tecnologia da bicicleta e da estação. O que inclui a integração com outros parceiros, as funcionalidades do aplicativo, meios de pagamento, entre outros”, afirma Leandro, em entrevista ao Startups.

A decisão de buscar financiamento ao invés de um cheque de venture capital, segundo o diretor financeiro, envolve diversos fatores. “Nosso modelo de negócio implica na compra de ativos, além da oferta de manutenção, logística e operação para as cidades. Entendemos que buscar linhas de financiamento competitivas trás muito mais valor para o nosso acionista do que fazer rodadas de captação”, explica Leandro.

Ele ressalta que novas rodadas de investimento implicam na diluição da participação dos acionistas. “O que temos feito é estruturar uma linha de financiamento competitiva com a qual podemos comprar o ativo, colocar na rua, operar, trazer a receita do usuário, patrocínio, mídia e depois pagar o financiamento fazendo essa roda girar sem a necessidade de diluição”, pontua. “Startups em geral tendem a olhar para rodada de equity como a única fonte de recurso, mas há alternativas como essa que trazem muito valor ao acionista, o cliente e a sociedade em geral.”

Em setembro de 2021, a Tembici levantou R$ 420 milhões em uma rodada capitaneada pela gestora Crescera Capital, com participação da Pipo Capital e da Endeavor Catalyst. IFC, Valor, Redpoint eventures e Igah, que já eram investidores, acompanharam o round. O aporte foi feito com um pedaço de equity dos fundos e outro de captação de dívida com selo verde em linhas obtidas com o Itaú e o Santander.

FUTURO VERDE

Dos R$ 160 milhões do BNDES, metade virá do Fundo Clima, que apoia projetos relacionados à redução de emissões de gases do efeito estufa e à mitigação das mudanças climáticas. O fundo é um instrumento da Política Nacional sobre Mudança do Clima, vinculado ao Ministério do Meio Ambiente. O restante do empréstimo será concedido por meio do BNDES Finem – Mobilidade Urbana, programa de financiamento para projetos de investimentos de interesse público voltados à mobilidade urbana. Esse é o primeiro apoio do banco ao setor de micromobilidade urbana.

“É um projeto emblemático para o BNDES, pois as bicicletas fazem parte do ecossistema de mobilidade urbana e têm potencial para substituir parcialmente o transporte motorizado nos deslocamentos de curta distância, contribuindo para melhoria da qualidade de vida nas cidades brasileiras. Esse potencial pode ser ainda maior com a ampliação da oferta de bicicletas elétricas e com a devida integração com os sistemas de transporte público”, afirma Rafael Pimentel, chefe do Departamento de Mobilidade Urbana do BNDES, em nota. 


Para o executivo, o apoio financeiro ajudará muito além da Tembici, apoiando também o desenvolvimento da indústria e da cadeia de fornecedores no Brasil. “Além disso, irá fomentar inovações tecnológicas importantes para a gestão e o planejamento desses sistemas nas cidades”, acrescenta Rafael.

Segundo o CFO da Tembici, ter o apoio do banco é bastante significativo. “A Linha Fundo Clima é bastante alongada, com custo baixo e um período de carência relevante. Isso faz com que os projetos se tornem cada vez mais atrativos na nossa modelagem financeira. O que, na prática, se materializa na nossa expansão nas cidades e nos investimentos em tecnologia. A partir desta operação a empresa ganha ainda mais competitividade nos seus ativos, gerando mais valor à sociedade, meio ambiente e economia”, diz Leandro.

O financiamento faz parte de um plano de investimento de R$ 274  milhões que a Tembici desenvolveu para ser executado nos próximos três anos. “Além do BNDES, temos outras linhas de financiamento que endereçam o restante desse dinheiro. No médio e longo prazo, a renovação de contratos com o Itaú e o BNDES – para atender clientes Itaú, iFood, Claro e nossos usuários – vai seguir.  Uma vez conquistado o direito de acessar a Linha Fundo Clima, isso é algo que queremos utilizar de maneira recorrente”, afirma o executivo.

Com os recursos, a startup pretende aumentar a capacidade de montagem em suas fábricas na Zona Franca de Manaus e na cidade de Extrema (MG). Estão previstas ainda ações ligadas ao tema de cidades inteligentes, como o compartilhamento de informações de trânsito, localização, clima e poluição, contribuindo para o planejamento da locomoção urbana em parceria com o poder público.

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