Na busca por melhorar logo seus resultados, a Tiger Global pode perder boas oportunidades no longo prazo. Entenda a postura controversa.
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7 min
•
24 ago 2022
•
Atualizado: 19 mai 2023
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Por Juliana Irala, da Captable Brasil.
Fundada por Chase Coleman na virada do milênio, a Tiger Global conseguiu capitalizar com a queda de valor das empresas de tecnologia após a bolha das pontocom. Ao entrar cedo no jogo, o fundo aprendeu os meandros do setor e apostou alto em algumas das empresas mais promissoras do mercado, como Facebook e Atlassian.
Essas apostas fizeram da Tiger Global um dos fundos de hedge mais lucrativos de todos os tempos, com mais de US$ 90 bilhões em ativos na carteira.
Isso durou até o início desse ano, quando as ações das empresas de tecnologia despencaram nas bolsas ao redor do mundo. Com a desvalorização dessas empresas, a Tiger Global já acumulava em junho uma perda de 52% em 2022.
Diante de resultados ruins, a Tiger decidiu controlar o seu lendário “apetite” de risco para tomar decisões mais conservadoras e focar em sua recuperação financeira. Algumas pessoas próximas da companhia descreveram a nova abordagem como “um foco em não perder dinheiro”.
“Aproveitamos a oportunidade de usar as lições aprendidas recentemente para melhorar nosso processo de investimento”, informou a gestora em uma carta aos investidores obtida pelo Financial Times. “À medida que as empresas ajustam suas previsões, estamos focados em saber se os lucros seguirão os preços, e são necessárias revisões em nossos modelos”.
Para conter os danos, a Tiger Global teve que reformular suas estratégias de investimento, o que incluiu reduzir muitas das suas participações maiores e vender muitas das menores. Das cinco principais participações, apenas uma delas foi aumentada, enquanto as demais sofreram reduções de 20% a 37%.
Entre as reduções, estão empresas como a Zoom, DocuSign, Carvana e Roblox, que cresceram durante a pandemia, mas que agora enfrentam a ressaca dos investidores e perdas bilionárias em seus valores de mercado. Outras empresas, como Spotify e Coinbase, já estão na fila para serem desinvestidas pela gestora.
Nisso, a Tiger Global agora focará nas empresas que acredita que possam crescer no pós-Covid-19. As apostas de ganhos no longo prazo ficarão concentradas em companhias como Microsoft, Atlassian e… Nubank! A gestora detém 5,8% da fintech brasileira, o que equivale a um montante superior de US$ 1,2 bilhão, que vale atualmente US$ 21,7 bilhões.
Além disso, a Tiger Global manterá a sua participação nas gigantes Meta e Alphabet por acreditar na valorização delas ao longo dos próximos meses. Lembrando que o Facebook, da Meta, já perdeu mais da metade do seu valor de mercado desde o início do ano, enquanto a Alphabet acumulou perda de 19%.
O tigre errou o alvo?
Na carta aos investidores, a Tiger escreveu que “uma das mensagens que mais ouvimos é que o caminho para o sucesso a longo prazo raramente é linear, e os contratempos e as perdas fazem parte do acordo”.
Mas, na busca por melhorar logo seus resultados, a gestora pode perder boas oportunidades no longo prazo, além de afastá-la da essência do venture capital, que é o risco – mas com chance de retornos exponenciais.
Afinal, o venture capital é uma modalidade que investe em startups, comprando uma participação minoritária, com o fim de valorizar estas ações num futuro. Exemplo disso veio em uma das notícias que mais bombaram no mercado recentemente. Adam Neumann conseguiu levantar um aporte de US$ 350 milhões para a sua mais nova startup, Flow, que nem saiu do papel ainda.
Mesmo com histórico de Neumann na WeWork e mesmo a Flow ainda não tendo resultados operacionais, os investidores aceitaram o risco porque acreditam que ele é um empreendedor brilhante capaz de construir um negócio bilionário, o que ele já fez antes.
O cenário de incertezas pode levar a maioria dos investidores a alocar seus recursos em empresas que possuam uma certeza maior de performance e diminuir novos investimentos, mas também deve servir para que eles reflitam sobre os propósitos das empresas para o longo prazo e como elas podem revolucionar a sociedade.
Afinal, já pensou se o Uber não tivesse tido investidores dispostos a investir num futuro distante? Muitos de nós provavelmente ainda estaríamos pedindo táxi fazendo sinal com a mão.
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Victor Marques é Head de Conteúdo na Captable, maior hub de investimentos em startups do Brasil, que conecta seus mais de 7000 investidores a empreendedores com negócios inovadores. Escreve há mais de dois anos sobre inovação. Formado em Letras e Mestre em Linguística pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
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