Um estudo global realizado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) em parceria com a OIT (Organização Internacional do Trabalho) mostra que as jornadas excessivas de trabalho estão matando milhares de pessoas por ano; saiba como criar boas práticas no ambiente corporativo para evitar a sobrecarga de tarefas.
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8 min
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26 mai 2021
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Atualizado: 19 mai 2023
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Por Sabrina Bezerra
Workaholics, cuidado! Trabalhar demais pode matar — e não é uma metáfora. Um estudo global realizado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) em parceria com a OIT (Organização Internacional do Trabalho) mostra que as jornadas excessivas de trabalho estão matando milhares de pessoas por ano. A análise, divulgada nas últimas semanas, foi feita em 2016, e concluiu que 745 mil mortes por acidente vascular cerebral e doenças cardíacas aconteceram por causa de longas horas de trabalho. E a OMS alerta: com a pandemia de coronavírus, a tendência é piorar.
Segundo a OMS, trabalhar 55 ou mais horas por semana aumenta em 35% o risco de ter um acidente vascular cerebral; e um risco de 17% maior de morrer de doença cardíaca, em comparação com uma semana de 35 a 40 horas de trabalho.
No Brasil, os profissionais contratados em regime celetista (Consolidação das Leis do Trabalho - CLT) devem trabalhar o total de 44 horas semanais. Existem algumas exceções: como, por exemplo, a companhia pode contratar funcionários para cumprir jornadas de 12 horas. Contudo, deverá oferecer — obrigatoriamente — um intervalo de 36 horas antes do retorno à empresa.
A chegada da pandemia de coronavírus fez muitas empresas adotaram o home office. “Mas nem todo mundo estava preparado para isso. […] Passaram a trabalhar de pijama, entrando mais cedo, sem cumprir o horário de almoço e finalizando as tarefas corporativas após o horário de trabalho. Por conta disso, algumas pessoas estão perdendo os momentos de descompressão", diz Ana Borges, psicóloga e sênior manager HR no Michael Page, consultoria especializada em recrutamento. “Por exemplo, elas não têm mais o cafézinho com os colegas de trabalho, a sala de jogos ou os puffs de descanso. Me desculpe pelo trocadilho, mas hoje em dia, as pessoas 'não trabalham em casa, elas dormem no trabalho."
Para Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, o teletrabalho misturou a vida pessoal e a profissional do colaborador. “Além disso, muitas empresas foram forçadas a reduzir ou encerrar suas operações para economizar dinheiro, e as pessoas que continuaram na empresa, consequentemente, passaram a trabalhar por mais horas. Nenhum trabalho compensa o risco de acidente vascular cerebral ou doença cardíaca. Governos, empregadores e trabalhadores precisam trabalhar juntos para chegar a um acordo sobre limites para proteger a saúde dos trabalhadores”, disse em nota.
E Ana alerta que, além das doenças físicas, “a pandemia tende a afetar a saúde mental dos colaboradores." E os números comprovam: 62% dos profissionais que estão trabalhando de casa estão mais ansiosos e estressados e têm trabalhado, ao menos, uma hora a mais por dia, segundo uma pesquisa realizada pelo LinkedIn.
Leonardo Berto, branch manager da consultoria de recursos humanos Robert Half, diz que o profissional deve ficar atento não apenas a carga horária, mas também ao excesso de trabalho. “Pois, quando a pessoa tem um volume muito alto — seja de entrega ou de carga horária — faz com que tenha a possibilidade de perder o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. E isso favorece e potencializa a ansiedade e o estresse", diz ele.
Para Berto, algumas boas práticas podem ajudar. São elas: “levantar a cada uma hora para tomar uma água ou um café, fazer algumas paradas de, cerca de dez minutos e parar para fazer algumas atividades são alguns exemplos. […] Evite fugir da carga horário de, em média, oito horas por dia."
Ana aconselha a evitar trabalhar no quarto ou ficar de pijama durante a jornada de trabalho. Além disso, “é importante que as pessoas façam a pausa do almoço, tenham momentos com a família, se alimentem de forma mais saudável."
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Sabrina Bezerra, head de conteúdo na StartSe, possui mais de 13 anos de experiência em comunicação, com passagem por veículos como Pequenas Empresas & Grandes Negócios e Época Negócios, ambos da Editora Globo.
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