Empreendedor e pesquisador afirma sobre o venture capital: “trata-se de um clube fechado com uma correlação altíssima, onde há uma tendência de um seguir o outro ao invés de apostar em algo que seja realmente diferente". Entenda.
O venture capital impulsionava a inovação e financiava novos caminhos para empreendedores que tinham a audácia de ir contra o status quo ou criar caminhos completamente novos; mas isso mudou. Entenda. (Foto: Unsplash).
, Head de Conteúdo na Captable
7 min
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14 set 2023
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Atualizado: 14 set 2023
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O venture capital já foi reverenciado como um dos responsáveis pela inovação e progresso da humanidade – mas faz algum tempo que negócios e modelos disruptivos passam longe das prioridades de investimento dos VCs.
Literalmente traduzido como capital de risco, o venture capital, de fato, impulsionava a inovação e financiava novos caminhos para empreendedores que tinham a audácia de ir contra o status quo ou criar caminhos completamente novos – e mais curtos – que aqueles traçados por empresas tradicionais.
Mas a essência do venture capital mudou.
Os investimentos não são mais de tanto risco, a cartilha dos empreendedores pré-aprovados pelos fundos tem mais a ver com a faculdade que o founder frequentou do que com a inovação do negócio e, por último, os gestores passaram a mirar retornos certeiros – e de preferência rápidos, em torno dos 5 anos, para satisfazer os investidores e garantir a taxa de performance para os administradores do fundo.
Conforme conta Alexandre Nascimento, empreendedor e pesquisador em Inteligência Artificial:
“Trata-se de um clube fechado com uma correlação altíssima, onde há uma tendência de um seguir o outro ao invés de apostar em algo que seja realmente diferente. Como a essência de inovar é fazer algo de um jeito diferente, talvez o venture capital esteja se tornando incompatível com a inovação real, infelizmente.”
Alexandre continua esclarecendo que embora o venture capital tenha sido criado para financiar inovações a médio e curto prazo, o mais comum hoje é que busquem por inovações incrementais. "E, melhor ainda, que sejam daquelas que rapidamente tenham uma confirmação, como uma estratégia de ‘de-risking’”.
Para Alexandre, os investimentos nem sempre são escolhidos pelo mérito do negócio – há, frequentemente, questões de relacionamento envolvidas. Não é incomum que a escolha de uma startup seja motivada pelo acesso do empreendedor a novos investidores qualificados, de rodas exclusivas antes inacessíveis ao fundo.
Há também um conflito de interesse por buscar investir em negócios de retorno rápido, em uma busca por mostrar resultado em pouco tempo e levantar novos fundos – deixando de lado ideias realmente disruptivas.
Glaucia Guarcello, sócia-líder de Inovação e Ventures da Deloitte Brasil, esclarece:
“O capital de um fundo VC deve ser paciente, já que é preciso um longo prazo para que uma solução disruptiva se torne viável e escalável. Além disso, o risco de insucesso é enorme. Por isso, penso que o investidor brasileiro ainda não está preparado para o venture em si - que é experimentar, testar e aceitar a falha ou o erro. Na ânsia de ter um resultado rápido, o que tem acontecido é a elevação do risco de inviabilizar uma inovação ou ‘matar uma boa ideia’ porque ela não trouxe resultados de curto prazo."
Alexandre completa, deixando claro que existem exceções:
“O modelo de venture capital precisa ser redesenhado, pois há um enorme conflito de interesses e alinhamento entre os gestores do fundo, os sócios e os empreendedores que realmente buscam inovações disruptivas. Disruptar uma indústria pode levar mais de duas décadas [veja a Amazon, por exemplo], e não encontramos esse tipo de apetite em ventures capital para bancar uma aventura dessas”.
Esses argumentos fazem sentido quando se pensa do lado do empreendedor inovador que não encontrou financiamento para sua startup, mas, especialmente no Brasil, é importante lembrar que essa classe de ativos compete com juros reais altos em outros tipos de investimento.
Mesmo os EUA, com juros historicamente baixos, está vivendo um período de juros mais elevados e os gestores de fundo de venture capital estão precisando correr atrás de ativos mais seguros e com retornos maiores.
Essa busca por inovação pura ou lucro rápido não precisa ser mutuamente exclusiva. É preciso encontrar o equilíbrio para apoiar a inovação ao mesmo tempo que haja geração de retorno para os investidores.
Invariavelmente, a maioria das pessoas que investe em startups através de fundos de venture capital só irá continuar investindo no longo prazo caso seu portfólio renda minimamente mais que outros investimentos mais seguros.
Essa corrida entre retorno rápido versus negócios que criam o novo só gerará valor para a humanidade se encontrarmos o ponto ideal para alinhar os interesses de investidores e empreendedores – gerando valor para a sociedade.
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Victor Marques é Head de Conteúdo na Captable, maior hub de investimentos em startups do Brasil, que conecta seus mais de 7000 investidores a empreendedores com negócios inovadores. Escreve há mais de dois anos sobre inovação. Formado em Letras e Mestre em Linguística pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).
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