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Warren Buffett investe no Nubank, por que um investidor tradicional está investindo em startups?

Warren Buffett - um investidor que tradicionalmente investe em grandes empresas listadas na Bolsa - investiu no Nubank, uma startup. Entenda o que isso significa para o setor.

Warren Buffett investe no Nubank, por que um investidor tradicional está investindo em startups?

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, Head de Conteúdo na Captable

8 min

9 jun 2021

Atualizado: 19 mai 2023

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Por Victor Marques

O Nubank anunciou o recebimento de aporte de US$ 750 milhões, destes, US$ 500 milhões foram investidos pela Berkshire Hathaway, empresa de Warren Buffett. Mas, o que significam esses movimentos no mercado de brasileiro de startups? Warren Buffett é o selo de aprovação que irá impulsionar ainda mais os investimentos em fintechs brasileiras? Entenda.

BERKSHIRE HATHAWAY

A Berkshire Hathaway - empresa de investimento de Warren Buffett - tem longo histórico de sucesso em investimentos. Porém, a maioria da carteira de investimentos é concentrada em empresas tradicionais gigantes. Nela, é possível encontrar nomes como Apple, Kraft/Heinz, General Motors e Verizon. 

Outro segmento com bastante relevância na carteira são as empresas da área financeira - em sua maioria bancos americanos - como Bank of America, Bancorp, Well's Fargo, JP Morgan, Visa, Mastercard, American Express, entre outros. No início da pandemia, em 2020, Buffett decidiu vender a maioria das ações de bancos tradicionais.

Embora o movimento pareça ter sido incorreto - a maioria das ações das instituições financeiras dos EUA voltou ao patamar pré-pandemia - há grande significado no que esses movimentos indicam. Em uma tentativa de diminuir a exposição da Berkshire Hathaway à volatilidade das ações de bancos em meio a uma pandemia, Buffett até mesmo vendeu suas ações do banco Well's Fargo, um dos representantes mais antigos e significativos de seu portfólio.

Parece, no entanto, que a Berkshire Hathaway está aproveitando sua saída precipitada do setor bancário tradicional - com exceção das ações do Bank of America - para embarcar em um setor com alto potencial de crescimento: as fintechs. Faz sentido, há mais probabilidade de multiplicação de capital em companhias menores do que em bancos tradicionais estabelecidos.

WARREN BUFFETT INVESTINDO EM STARTUPS

A Berkshire Hathaway está lidando com um "problema" pouco usual: a companhia tem muito dinheiro em caixa e, segundo o próprio Warren Buffett, dinheiro "parado" não é um bom investimento. Na busca dos próximos setores com potencial de crescimento a Berkshire Hathaway começou um tímido - quando comparado ao volume de investimentos totais da empresa - movimento de investimento em fintechs.

Engana-se quem pensa que o primeiro investimento em startup do fundo foi o Nubank. Em 2018 Buffett comprou participação na fintech indiana de pagamentos Paytm - o valor de mercado da companhia era de US$ 10 bilhões na época que a Berkshire comprou participação - agora, a mesma Paytm se prepara para seu IPO, com valor de mercado de US$ 30 bilhões - o que significa que o capital aplicado por Buffett multiplicou 3x desde o aporte. 

Esse também não é o primeiro aporte de Buffett em uma empresa brasileira, o magnata americano investiu no IPO da Stone Co. - fintech brasileira de pagamentos - na Nasdaq em 2018. Buffett detinha 11,3% da empresa à época, equivalente a US$ 340 milhões. Em 2021, quando a Berskshire Hathaway reduziu sua participação no segmento financeiro, o fundo decidiu reduzir sua participação - agora de 3,4% - na Stone. Ainda assim, os 3,4% hoje valem US$ 682,7 milhões: mais que o dobro do valor investido em 2018.

A ESTRATÉGIA

A estratégia de investir no mesmo setor - o financeiro, em que a Berkshire já é especialista no mercado de ações - quando busca startups para investir, é chamada de hedge de investimento. Ao investir em bancos tradicionais e em fintechs - as startups do setor financeiro - o risco é diluído. Ou seja, mesmo que os bancos percam valor, o investidor garante que aquelas que possivelmente tomarão seu mercado, as fintechs, estão presentes em sua carteira.

A aposta da Berskshire parece ir ainda além: com menos investimentos no setor financeiro tradicional e aumento de participação em fintechs no mundo, o que indica que o fundo acredita mais no potencial de crescimento delas do que dos bancos tradicionais. 

Mas por que Buffett não investiu em fintechs dos EUA, como a Stripe? A resposta parece ter a ver com o potencial de digitalização bancária de regiões desbancarizadas, como a América Latina e a Índia - as possibilidades de crescimento rápido de fintechs nessas regiões são maiores.

FINTECHS AMÉRICA LATINA/BRASIL

Em relatório recente do Crunchbase é possível ver que as fintechs LatAM estão atraindo cada vez mais capital - US$ 2 bilhões foram investidos no setor em 2021, número igual ao ano de 2020 inteiro. Com a extensão da rodada do Nubank - US$ 750 milhões - o número já ultrapassa o ano anterior: US$ 2,75 bilhões.

Os números expressivos são reflexo da confiança dos investidores e fundos - nacionais e internacionais - no potencial de crescimento das fintechs da região. Segundo Ben Savage, um gestor de fundo americano, não há dúvidas que o que levou 5 ou 6 anos para acontecer com as fintechs americanas pode acontecer em apenas 18 meses nas fintechs da América Latina.

A alta desbancarização da região aliada à alta digitalização é a receita perfeita para uma fintech crescer. O Brasil se destaca na digitalização do sistema financeiro com serviços como o PIX e a implantação do Open Banking.

POR QUE IMPORTA? 

Os investimentos recentes de Buffett em startups chamam a atenção, já que a Berkshire Hathaway tradicionalmente investe em grandes corporações, como Coca-Cola, Bank of America, Apple e American Airlines. Os movimentos indicam que até mesmo Buffett, com seu estilo tradicional de investir, está percebendo a necessidade de aportar em startups, especialmente as fintechs.

Observar o crescimento das fintechs Latino Americanas e, principalmente, brasileiras é necessário. Com cada vez mais atenção de fundos e investidores - até mesmo internacionais - fica claro que possuir startups em seu portfólio faz sentido, mesmo que seja numa estratégia de proteção dos investimentos na Bolsa de Valores, como ações de grandes bancos tradicionais brasileiros.

Em breve você também terá a chance de ter uma fintech em seu portfólio de investimentos, através da CapTable, a plataforma de investimento em startups da StartSe. Junte-se ao canal da CapTable no Telegram e seja avisado em primeira mão sobre novas captações e cadastre-se na plataforma para estar um passo mais próximo de investir em uma fintech.

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Imagem de perfil do redator

Victor Marques é Head de Conteúdo na Captable, maior hub de investimentos em startups do Brasil, que conecta seus mais de 7000 investidores a empreendedores com negócios inovadores. Escreve há mais de dois anos sobre inovação. Formado em Letras e Mestre em Linguística pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).

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