WhatsApp Comunidades: Meta quer imitar o Telegram?

Por Erica Queiroz

Já sabemos que, sempre que uma rede social ou algum tipo de aplicativo de troca de mensagens faz sucesso, logo vem uma empresa que o adquire (talvez incorporando-o aos seus serviços) ou lança um concorrente, com ideias e funções aprimoradas, para desbancar o outro.

Foi assim que o Instagram conseguiu desbancar o SnapChat e copiar funções do TikTok, para se manter sempre em alta. Foi assim também que, meio que "sem querer", o Facebook acabou dominando as redes sociais e tirando o Orkut do mercado.

E então veio o WhatsApp, que foi a forma mais revolucionária de se comunicar, o que também acabou prejudicando as empresas de telefonia, pois passamos a poder ligar, de graça, para o mundo inteiro (a propósito, isso também fez com que o telefone fixo quase morresse). O WhatsApp aumentou o seu poder global ao ser adquirido pelo Facebook (hoje Meta), em 2014.

O HISTÓRICO POLÊMICO DO TELEGRAM

De repente, surgiu o Telegram, aplicativo que está sempre presente na mídia, em situações pra lá de polêmicas. Ele foi lançado em 2013, mas, aqui no Brasil, começou a ganhar mais popularidade no final da década passada. Trata-se de um aplicativo originalmente desenvolvido na Rússia, hoje com sede nos Emirados Árabes, em que você pode reunir milhares de pessoas, em grupos ou canais abertos ou fechados, para trocas ou envio de mensagens.

Por não haver mediação, as pessoas começaram a fazer nele coisas que até então vinham fazendo no Facebook, como influenciar eleições, propagar discursos de ódio, ampliar grupos neonazistas e terroristas, criar os mais diversos grupos relacionados à guerra Russia X Ucrânia, promover a venda de armas... O que gera grande polêmica em períodos pré-eleitorais, por exemplo, como o que estamos vivenciando no momento.

Em 2019, foi do Telegram que vazou a polêmica conversa entre Sérgio Moro e Deltan Dallagnol e, em março de 2022, o Ministro do STF, Alexandre de Moraes, determinou a suspensão do aplicativo, enquanto algumas funções não fossem tomadas, como ter um representante legal no Brasil e combate às fake news entre outras. Ele foi liberado após a empresa cumprir as decisões no prazo estabelecido, de 24 horas.

SERÁ QUE FINALMENTE O WHATSAPP VAI VIRAR O TELEGRAM?

No dia 14/04/22, o WhatsApp anunciou a criação das Comunidades.

Essas comunidades, de acordo com o blog do WhatsApp, "permitirão que as pessoas reúnam grupos relacionados sob uma mesma estrutura que funcione para elas. Dessa forma, os participantes poderão receber avisos enviados para toda a Comunidade e organizar grupos menores para discutir os assuntos que são de seu interesse com facilidade. As Comunidades também contarão com novas ferramentas avançadas para admins, como o envio de avisos a todos os participantes e o controle de quais grupos podem ser adicionados (...) "Acreditamos que as Comunidades tornarão mais fácil para um diretor de escola reunir todos os pais e responsáveis para compartilhar avisos importantes e criar grupos para turmas específicas e atividades extracurriculares ou voluntárias". (https://blog.whatsapp.com/sharing-our-vision-for-communities-on-whatsapp)

Sim, isso é muito lindo, útil e promissor, mas já a empresa já deveria ter acelerado o processo para que isso tivesse acontecido durante a pandemia, não?

As comunidades serão privadas e as mensagens trocadas continuarão a ser protegidas com a criptografia de ponta a ponta. 

NOVIDADES DAS COMUNIDADES DO WHATSAPP

Aquelas reações, que já temos no Facebook e Instagram, para você dizer que curtiu a mensagem, a achou engraçada, triste etc., também estarão disponíveis no WhatsApp. Confesso que sinto falta delas, pois nos acostumamos a dar "dois cliques" na mensagem e ela já fica curtida! Isso é bem mais prático do que ter que enviar outra linha de mensagem, mesmo que seja apenas com um coraçãozinho ou OK.

Além disso, os administradores terão a possibilidade de apagar aquelas mensagens polêmicas ou inconvenientes para todos os participantes do grupo.

Uma novidade incrível é que o compartilhamento de arquivos passou para 2GB, facilitando imensamente a distribuição de arquivos grandes entre associações, clubes, escolas, funcionários de pequenas empresas e afins.

Saiba mais:

• Por que os usuários estão deixando o WhatsApp?
• Podcast StartSe - O WhatsApp vai virar um banco?

E por último, mas não menos importante, houve a ampliação do número de participantes das chamada de voz para 32!

Cada comunidade poderá ter até 10 grupos, com 256 participantes em cada, inicialmente, totalizando 2.560 membros. Mas, com o tempo, acredito que esse número deverá ficar bem maior. Afinal, um grupo do Telegram, hoje, pode conter até 200 mil membros.

Essas alterações começarão a ser implementadas pouco a pouco, nos próximos dias/meses.

Vale ressaltar que apenas os administradores poderão fazer transmissões para a comunidade, sendo que os membros ficarão limitados aos sub-grupos a que pertencem.

E, para você entrar em uma Comunidade, alguém precisa adicionar o seu número de celular - as Comunidades não serão descobertas por buscas ou recomendadas por algoritmos (https://www.theverge.com/2022/4/14/23024703/whatsapp-communities-admin-group-messaging-feature)

Vamos ver o que essa briga de gigantes vai proporcionar de oportunidades aos marketeiros. E não serão poucas. Afinal, já pensou em divulgar uma mensagem para um grupo de seguidores totalmente vinculado ao seu nicho, que não será entregue apenas para usuários selecionados pelo algortimo? E talvez poder anunciar para grupos de nichos afins? Criar links compartilháveis e comissionar as vendas de pessoas que os divulgarem em outros grupos?

Os ganhos podem ser inimagináveis...