A falta de transparência da empresa de videoconferência pode ter consequências negativas significativas, não apenas financeiramente, mas também em termos de reputação e confiança do cliente
Reunião no Zoom (Foto: Canva)
, Produtora de Conteúdo
10 min
•
9 ago 2023
•
Atualizado: 10 ago 2023
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O Zoom — plataforma de comunicação por videochamadas — introduziu no mês de março recursos baseados em Inteligência Artificial para aprimorar sua ferramenta.
No entanto, um problema surgiu: a empresa não comunicou adequadamente aos usuários que seus dados pessoais, incluindo conversas em chats, áudios e vídeos, estariam sendo utilizados como base para treinar esses novos recursos.
De acordo com a declaração e novos termos de uso da empresa, o Zoom terá a permissão para realizar várias ações com o conteúdo do usuário. Isso inclui redistribuir, publicar, acessar, armazenar, modificar, exibir, copiar, traduzir e outras atividades relacionadas ao conteúdo compartilhado.
"Ao aceitar, você concorda em conceder e, por meio deste, conceder ao Zoom uma licença perpétua, mundial, não exclusiva, isenta de royalties, sublicenciável e transferível e todos os outros direitos exigidos ou necessários para redistribuir, publicar, importar, acessar, usar, armazenar, transmitir, revisar, divulgar, preservar, extrair, modificar, reproduzir, compartilhar, usar, exibir, copiar, distribuir, traduzir, transcrever, criar trabalhos derivados e processar o Conteúdo do Cliente e realizar todos os atos com relação ao Conteúdo do Cliente".
Se você permitir, o Zoom poderá treinar sua ferramenta de Inteligência Artificial com as seguintes informações:
De acordo com Mônica Inglez, Advogada Especializada em Privacidade e Proteção de Dados, ao treinar modelos de IA com dados pessoais dos clientes, a empresa pode personalizar produtos e serviços para atender melhor às necessidades individuais dos usuários, para fazer recomendações mais precisas, como sugestões de produtos, conteúdo ou conexões sociais, com base nos interesses e comportamentos do usuário. No entanto, para que seja ético e juridicamente viável, os titulares dos dados devem estar cientes e autorizar o tratamento para essa e outras finalidades.
"As empresas podem usar a IA como uma ferramenta poderosíssima para aprimorar soluções e oferecer produtos personalizados, desde que respeitem a legislação de proteção de dados (LGPD), e obtenham consentimento adequado e garantam a transparência e a segurança dos dados pessoais dos clientes, que são os titulares dos dados”, diz Mônica.
Os dados solicitados devem ser relevantes para essa finalidade específica e não devem ser usados para outros propósitos sem o consentimento adicional dos clientes.
A empresa deve avaliar quais informações são realmente necessárias para atender à finalidade pretendida. Por exemplo, se ela está vendendo produtos online, provavelmente precisará de informações de contato e pagamento, mas talvez não precise de detalhes excessivos sobre a vida pessoal do cliente.
Os clientes devem dar seu consentimento informado para a coleta e o uso de seus dados. Para isso, a empresa deve explicar claramente quais dados serão coletados, por que serão coletados e como serão utilizados.
Os dados solicitados devem ser proporcionais à finalidade. Por exemplo, se um site está solicitando informações para uma assinatura de boletim informativo, não é razoável pedir informações detalhadas de histórico médico.
As leis de proteção de dados, como a LGPD e o GDPR, estabelecem uma obrigação legal. Ao seguir essas regulamentações, as empresas não apenas previnem multas e penalidades, mas também mostram responsabilidade e dedicação aos direitos dos clientes.
Além disso, garantir a segurança dos dados pessoais dos clientes reflete um compromisso com a privacidade. Quando os clientes percebem que a companhia valoriza a confidencialidade de suas informações e esclarece como elas são coletadas e usadas, isso constrói um ambiente de confiança.
Empresas que adotam práticas transparentes e éticas em relação aos dados não apenas cumprem com as regulamentações, mas também têm a oportunidade de se destacar em um mercado onde a conscientização dos consumidores sobre a privacidade está crescendo. A lição do caso do Zoom mostra que a falta de transparência pode ter consequências negativas significativas, não apenas financeiramente, mas também em termos de reputação e confiança do cliente.
“A IA tem o potencial de transformar positivamente a forma como vivemos e fazemos negócios. No entanto, à medida que exploramos essas possibilidades, não podemos perder de vista a importância crucial da privacidade e da segurança dos dados pessoais. As empresas devem encontrar um equilíbrio entre a inovação tecnológica e a proteção dos direitos e interesses dos indivíduos. Somente através de práticas éticas e responsáveis podemos aproveitar ao máximo os benefícios da IA enquanto minimizamos os riscos associados ao uso indevido de dados pessoais. Por isso, tamanha a importância do debate sobre o Projeto de Lei n. 2338/2023 que visa regular o uso da IA no Brasil”, finaliza Mônica.
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Jornalista. Possui experiência no mercado financeiro, social media e customer experience. Passou pela XP Inc.
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