Unicórnio chileno reproduz movimento que fez na Europa e entra na briga com Flash, Caju e Swile no Brasil
Anúncio da Série B da Betterfly na Nasdaq, em NY (foto: divulgação)
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6 min
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11 nov 2022
•
Atualizado: 19 mai 2023
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A Betterfly, unicórnio chileno do segmento de recursos humanos e benefícios corporativos, anunciou a aquisição da startup brasileira SeuVale, fazendo um movimento local para entrar no segmento de benefícios flexíveis.
Com a aquisição, de valor não divulgado, a empresa quer consolidar sua estratégia de expansão como um software modular de serviços no formato SaaS, usando os benefícios como uma de suas formas de engajamento e fidelização, associado ao apelo social carregado pela startup em seu core business.
Segundo destacou a empresa no anúncio da aquisição, a SeuVale vai complementar o portfólio de serviços oferecidos aos RHs das empresas, com cartões de vale alimentação, refeição e outros benefícios, em um formato semelhante a outros competidores no país, como Caju, Flash e Swile.
Contudo, a empresa quer se destacar por conta de seu apelo social. Uma parcela das transações de compras com o cartão será revertida em doações, sem qualquer custo adicional para as empresas e colaboradores, para as ONGs Ação Cidadania, Hospital Pequeno Príncipe e Gerando Falcões, parceiras da Betterfly no Brasil.
“Hoje os principais players de benefícios flexíveis ainda focam bastante na tecnologia e na experiência de compra. Nós vamos trazer isso, mas também queremos imprimir junto o nosso propósito como plataforma social”, explica João Figueira, VP de estratégia e expansão global da Betterfly, em entrevista ao Startups.
Para o fundador CEO da Betterfly, Eduardo della Maggiora a meta é atender os RHs das empresas em seus desafios de aumentar a adesão dos funcionários aos seus programas de benefícios, colocando a flexibilidade e o apelo social como gatilhos.
“Avançamos para uma plataforma modular SaaS única, de benefícios e fidelização de colaboradores e empresas, com um forte selo social. À medida que utilizarem os seus vales, os colaboradores estarão doando, ou seja, enquanto você almoça, é possível ajudar a alimentar o próximo”, ressalta o CEO em comunicado.
A empresa não revela números de metas sobre o quanto a base pode aumentar com a nova oferta. Contudo, a nova solução será oferecida de forma gratuita tanto para os 200 clientes já da base que a empresa tem no país, quanto um produto standalone para trazer novos interessados. “A receita deste modelo vem das taxas de operação, e caso novos clientes queiram contratar outras funcionalidades dentro da nossa plataforma, é um valor pago à parte”, explica João.
O novo serviço será lançado sob o nome SeuVale by Betterfly, nos moldes do que a companhia fez na Espanha com a Flexoh by BetterFly, startup de benefícios flexíveis que a empresa comprou este ano. Segundo João Figueira, a decisão de entrar no mercado brasileiro é reflexo da resposta positiva que a empresa teve com a Flexoh na Espanha – uma “validação de tese”, segundo aponta o VP.
“Podíamos ter feito isso de forma orgânica, desenvolvendo isso dentro da nossa plataforma, mas o Brasil é um mercado bastante regulado e a SeuVale mostrou uma empresa com um fit ideal para nós lançarmos essa solução rapidamente”, explica João.
Outro ponto é que SeuVale também tem no seu histórico uma proposta de valor social. Ela surgiu durante a pandemia, como uma plataforma de distribuição de benefícios digitais que foi utilizada como piloto em um projeto social – para a distribuição do auxílio emergencial dado pelo governo do estado do Paraná, se tornando em 2021 um app de benefícios flexíveis.
“A plataforma foi responsável pela distribuição de benefícios a cerca de 800 mil pessoas, o que mostra a robustez da tecnologia”, avalia o VP da Betterfly ao comentar a aquisição. Atualmente, a SeuVale conta com cerca de 120 clientes, que agora entram na plataforma SaaS da empresa-mãe.
Além disso, para o executivo, a opção pela expansão inorgânica foi uma opção estratégica, a fim de aproveitar o timing de crescimento do mercado de benefícios flexíveis no país. “Entramos com uma plataforma robusta, desde a tecnologia até a infraestrutura de banking que a SeuVale possui, para impactar o mercado e acelerar rápido”, afirma João.
Para o mercado latino-americano, a Betterfly também tem seus planos de levar a oferta de benefícios flexíveis nos país que tem presença (Chile, Peru, Colômbia, México, Argentina e Equador), mas antes ela quer focar no Brasil para afinar seu produto, aproveitando também o potencial do mercado local. Segundo dados AON, 92% das empresas brasileiras ainda não oferecem benefícios flexíveis.
“Tem muito da solução (da SeuVale) que temos interesse em exportar, mas cada país tem suas nuances e regulamentações que precisam ser ajustadas. Estamos olhando para cada país e vendo como vamos avançar”, afirma João.
Dinheiro para isso a Betterfly tem. Em fevereiro deste ano, a empresa se tornou unicórnio ao levantar uma série C de US$ 125 milhões. A rodada foi liderada por Glade Brook Capital com participação de novos investidores, Greycroft e Lightrock. QED Investors e DST Global Partners, que lideraram a série A e a série B da empresa, respectivamente, também entraram no investimento.
À época da série C, a empresa disse que os recursos seriam usados para aprimorar a plataforma. A entrada nos Estados Unidos já estava no radar e o início das operações na Europa, previsto para 2023, foi adiantado.
(Por Leandro Miguel Souza, publicado originalmente em Startups.com.br)
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