A redução de jornada se mostra viável para empresas e importante para saúde mental de trabalhadores. Entenda!
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6 min
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1 jan 2024
•
Atualizado: 1 jan 2024
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Trabalhar menos e melhor é uma ideia que nem sempre foi fácil de explicar (ou aceitar) em um primeiro momento.
Como contraponto da cultura de trabalho workaholic, que reforça uma dedicação excessiva ao trabalho com cargas horárias extensas na maioria dos dias da semana, a flexibilidade vem ganhando espaço e mostrando bons resultados.
Os últimos anos, que aceleraram a adoção do trabalho remoto e híbrido em décadas por conta da pandemia, promoveram também uma discussão mais aprofundada sobre os impactos do bem-estar e da saúde mental dos colaboradores na produtividade.
Neste novo contexto, trabalhar menos pode significar trabalhar melhor — sendo mais produtivo e gerando resultados desejáveis com o melhor uso dos recursos disponíveis, sendo o tempo um deles.
Recentemente, os primeiros testes de uma jornada de trabalho com carga horária reduzida começaram a ser feitos, primeiramente fora do Brasil e no mercado interno. No Reino Unido, 61 empresas e cerca de 3 mil funcionários participaram dos primeiros experimentos em larga escala da jornada de trabalho de 4 dias na semana.
E os indicadores foram satisfatórios:
Vale ressaltar que a jornada de trabalho semanal reduzida não afeta a remuneração dos colaboradores proporcionalmente à redução da carga horária. Pela experiência no Reino Unido, observa-se que a flexibilização, aumento da qualidade de vida dos funcionários e promoção do bem-estar no ambiente de trabalho contribuem de forma positiva para as organizações.
Outro benefício do experimento foi aumentar a propensão à retenção de talentos, visto que o equilíbrio entre vida pessoal e profissional é um dos fatores que mais contribuem para os pedidos de demissão e troca de empregos.
Na jornada de trabalho reduzida, assim como em modelos de trabalho híbrido ou remoto, a pegada de carbono da empresa também diminui, pois os colaboradores não precisam se deslocar todos os dias ao local de trabalho.
Em cidades grandes, esse benefício é ainda mais percebido, pois é comum os trabalhadores gastarem horas preciosas de seus dias no transporte público, o que também contribui para aumentar o nível de estresse associado à atividade profissional.
Mas a jornada de trabalho reduzida também vem acompanhada de alguns desafios. O principal deles é conciliar todas as tarefas em 4 dias na semana, principalmente em momentos de alta de demanda ou em posições que requerem uma dedicação maior de horas para produzir o necessário.
É importante também não criar regras muito diferentes dentro da mesma empresa para quem pode ou não adotar a jornada de trabalho reduzida. O ideal é que todos os colaboradores possam usufruir do mesmo benefício, com adaptações necessárias a cada cargo e responsabilidade.
Trabalhadores informais ou autônomos também encontram barreiras ao implementar esse modelo, especialmente aqueles que recebem por prestação de serviço. Motoristas de aplicativo e entregadores são um exemplo de profissionais que ganham pelos minutos/horas trabalhados, o que pode tornar inviável a opção de parar um dia a mais por semana.
Os testes de jornada de trabalho reduzida estão começando a ser feitos no Brasil e as primeiras empresas a adotarem já começaram a ser divulgadas. Em breve teremos dados sobre a adoção desta prática no Brasil e os próximos passos para sua disseminação.
A legislação trabalhista brasileira prevê uma jornada máxima de 44 horas semanais e 8 horas diárias, mas não limita a jornada de trabalho mínima. Judicialmente, não há nenhuma trava legislativa atual para a implementação da jornada reduzida. A maior mudança será cultural e de adaptação.
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, Sócia e head de educação na StartSe
Ana Machado é sócia e head de educação na StartSe. Mestre por Stanford, Forbes Under 30 e colunista do jornal Correio Braziliense. Atua há 10 anos no setor educacional, tendo co-fundado uma escola de inglês para alunos de baixa renda na periferia de São Paulo e com passagens por organizações do terceiro setor e privadas, em cargos de liderança.
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