Entenda como funciona o Open Banking e qual o potencial para transformar completamente o uso dos seus dados financeiros (pra melhor)
Open banking (foto: Getty)
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Por Tainá Freitas
O Open Banking é uma das mais recentes revoluções do mercado financeiro. A inovação passou a vigorar oficialmente no Brasil a partir de fevereiro de 2021. Ela esclarece uma questão importante — os dados financeiros são dos próprios usuários ou das instituições que os administram? Agora, não há mais dúvidas: os clientes possuem pleno controle de seus dados, escolhendo quando e com quem compartilhá-los.
Na prática, o Open Banking — também chamado de “Sistema Financeiro Aberto” — é um conjunto de tecnologias que permite o compartilhamento seguro de dados entre instituições financeiras.
A integração entre sistemas acontece através de APIs, “Application Programming Interface” ou, em português, “Interface de Programação de Aplicativos”. São elas que permitem o login e cadastro em outros sites a partir dos dados do Google e Facebook, por exemplo. A mesma tecnologia passa a ser aplicada no sistema financeiro, potencializando grandes mudanças e inovações.
Para Carlos Netto, fundador e CEO da Matera, empresa de desenvolvimento de tecnologia para o mercado financeiro, o Open Banking viabiliza a verdadeira digitalização do serviço bancário. “Os bancos poderão ser orquestrados por software e se comunicar entre si dessa forma. Quando dois softwares conseguem se conectar, muda tudo”, explicou em entrevista à StartSe.
A iniciativa traz, inclusive, uma padronização para o uso de software de empresas financeiras no Brasil. Dessa forma, se permitido pelos usuários, seus dados financeiros poderão ser lidos e trocados por quaisquer instituições do segmento, minimizando as incompatibilidades.
O Open Banking é opcional para algumas instituições financeiras e obrigatório para outras. A obrigatoriedade acontece para as do segmento S1 e S2 — ou seja, de porte igual ou superior a 1% do PIB brasileiro.
Já para usuários dos serviços financeiros, a participação no Sistema Financeiro Aberto depende de três etapas: consentimento, autenticação e confirmação do compartilhamento de dados. A aceitação é exclusiva por canais eletrônicos e não poderá ser realizada por contratos de adesão e formulários de aceite pré-preenchidos.
Open Banking e PIX são apenas algumas das mudanças esperadas no país. Aprenda com as maiores referências do Brasil como se adaptar e inovar dentro do mercado financeiro no Innovation Pay 2021, realizado pela StartSe. O evento acontecerá de forma gratuita e online nos dias 6, 7 e 8 de abril. Inscreva-se agora.
O Open Banking está sendo implementado no Brasil em fases. Entenda a evolução da iniciativa no país:
Na primeira fase, que teve início em fevereiro de 2021, as instituições podem compartilhar com o público e entre si: dados dos canais de atendimento, produtos e serviços relacionados a contas de depósitos, pagamentos e cartões de crédito.
A Fase 2 inclui os dados da primeira fase, mas adiciona também o compartilhamento de dados cadastrais do cliente e seus representantes entre instituições.
Previsão: até 15/07/2021
Começa a vigorar uma nova modalidade de instituição financeira na fase 3: o iniciador de transação de pagamento. Será possível realizar transações em serviços (aplicativos, por exemplo) diferentes daqueles em que o usuário possui conta ou contrato. Na prática, um PIX que tem origem de um banco X poderá ser feito no aplicativo de um banco Y, por exemplo.
A iniciativa é válida não apenas no PIX, mas em serviços de débito em conta, transferências entre contas, DOC, TED e pagamento de boletos. O usuário poderá realizar serviços financeiros onde desejar — a concorrência será, agora, quem terá a internet banking mais atrativa para os consumidores.
“Os bancos têm que estar preparados para viabilizar a oferta de uma taxa menor de juros, por exemplo, que ele não conseguirá oferecer por si só”, explica Netto. “É necessário reter o cliente, mesmo que signifique perder uma venda. Os bancos vão começar a vender produtos financeiros de outros e prezar por parceiros, contrariando a lógica dos executivos clássicos do setor”.
Outro fator impactante é que poderão ser compartilhadas as propostas de operação de crédito. Dessa forma, os usuários que desejam obter crédito poderão compartilhar seus dados financeiros de outras instituições, potencialmente diminuindo taxas.
Previsão: até 30/08/2021
Na quarta fase do Open Banking, poderão ser compartilhados entre instituições financeiras dados de produtos e serviços relacionados à operação de câmbio, investimentos, seguros e previdência.
Previsão: até 15/12/2021
O Open Banking tem sido cada vez mais adotado ao redor do mundo. Entre os países adeptos, estão o Reino Unido, Austrália, Hong Kong, e Cingapura.
Dentre os modelos em vigor, a principal inspiração para a iniciativa brasileira é o Reino Unido. O local, que implementou o Open Banking em 2018, conta com 2,5 milhões de adeptos, de acordo com a Open Banking Implementation Entity. “Estamos nos baseando nele porque é o local mais avançado. O modelo está bem documentado e de fácil entendimento, o que acaba prevalecendo”, comenta o CEO da Matera.
Após alguns anos de experiência, a adoção pelos grandes bancos ainda é uma questão no Reino Unido. “Os bancos não estão compartilhando dados suficientes, ou seja, muitas instituições financeiras que têm que compartilhar seus dados via APIs apenas fazem o mínimo em conformidade com a lei, o que dificulta as oportunidades de utilização do Open Banking de forma mais ampla”, relatou em um artigo Lars Trunin, líder de produto da TransferWise no Reino Unido e especialista em open banking.
Trunin relata que no sistema britânico é necessário a autenticação a cada 90 dias para o uso de dados por parceiros, o que também tem causado entraves. No Brasil, a autorização de uso, até agora, tem validade de um ano.
“O Open Banking vem confrontar vários modelos de negócio. Muitos vão deixar de existir e muita coisa nova vai surgir. O potencial é imenso”, afirmou João André Marques Pereira, chefe do departamento de regulação do Banco Central. A afirmação foi feita em fevereiro de 2021, em uma entrevista com o educador financeiro William Ribeiro no YouTube.
É pelo confronto de diversos modelos de negócios que espera-se que até as instituições financeiras que não são obrigadas a aderir entrem no Open Banking. Na prática, o sistema permitirá o compartilhamento do histórico do usuário entre bancos — o que por si só já facilita a migração entre serviços e uma maior concorrência.
Tudo muda quando o usuário possui autonomia de quando e o que fazer com os seus dados. As opções vão desde um aplicativo para gerenciar todas as contas bancárias e cartões, como uma maior facilidade para buscar crédito, realizar transações e muito mais.
Para os bancos, fintechs e instituições de pagamento, essa é uma forma de conhecer a fundo os clientes — e a saúde financeira de todo o país. É a possibilidade de oferecer serviços mais adequados, entendendo as verdadeiras necessidades e tendo agilidade. Em troca, é esperado o mínimo: de que os dados estejam sendo compartilhados com segurança, assim como manda a cartilha.
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