Cartilhas de vestimenta das empresas ainda são necessárias? Nós reunimos a opinião de especialistas da comunidade First Movers após o caso do Banco Inter
Fachada do Inter
, jornalista da StartSe
9 min
•
27 abr 2023
•
Atualizado: 19 jun 2023
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O caso polêmico da “cartilha de estilo” do Banco Inter abriu uma discussão: os dresscodes ainda são necessários no mercado de trabalho? Como eles devem ser comunicados? Quais são os limites de exigências?
Convidamos os participantes da First Movers, comunidade da StartSe formada pelas principais liderancas de RH do Brasil, para responder a essas e outras perguntas. Em geral, a maioria das empresas não possuem uma cartilha estruturada (como foi no caso do Banco Inter), mas possuem “boas práticas” que fazem parte da cultura de cada uma.
De acordo com as respostas, a vestimenta é uma questão de cultura, comunicação, cuidado com o colaborador, imagem da marca (e dos funcionários), regras e liderança. Confira, a seguir, a opinião da comunidade em cada um desses pontos.
Para Valéria Plata, diretora de Recursos Humanos da Direcional Engenharia, o “dresscode é um artefato de cultura e como tal, precisa ser declarado”.
As vestimentas dos colaboradores são códigos que passam a mensagem de como a empresa é. “Por exemplo, por ser um escritório de advocacia, as pessoas deduzem a necessidade de utilização de terno e trajes formais completos, porém, nossa cultura é mais leve e jovem e a vestimenta traduz isso sem perder o alinhamento com a atividade”, conta Náthali Palma Moreno, gerente de RH da Ernesto Borges Advogados.
O dresscode pode traduzir também alguns costumes internos da companhia. Kayse Leonel, gerente de projetos e soluções em RH na Assertif, afirmou: “Nas sextas-feiras nós temos temas específicos que eles [os colaboradores] ajudam a escolher. Se não, vão pelo dresscode”.
E até mesmo as mudanças na cultura ao longo do tempo podem reforçar a necessidade (ou não) de cartilhas de vestimenta. “Nós já tivemos um dresscode, mas há cinco anos lançamos o ‘No DressCode - Yes Bom Senso!’ e super funcionou”, contou Valdemir Freitas, gerente de Recursos Humanos na Confitec.
Com ou sem dresscode, como as empresas podem falar sobre roupas e costumes aos funcionários? Paulo Morena, CHRO da Verum, diz que a educação é a melhor maneira. “É necessário expor exemplos que a empresa valoriza, explicando as razões e perguntando as opiniões dos colaboradores”.
Paulo Botelho, diretor de Transformação Ágil na Bosch, ressalta que a comunicação é importante em ambientes em que há riscos. São exemplos fábricas, indústrias, entre outros, locais que geralmente pedem uniformes e equipamentos de segurança.
Thainan Ortega, head de People na Go-k, reforça que existem regras que não são propriamente da empresa, mas do condomínio ou prédio em que ela está localizada. “Vejo que faz sentido comunicar a proibição de peças como boné, por exemplo, pois dificulta a identificação nas câmeras em um espaço mais controlado”.
O que fazer quando um funcionário não está alinhado com o dresscode da empresa? A recomendação de Ana Janaina Marques, gerente de recursos humanos da Solfácil, é de chamar para um feedback. “A pessoa pode estar passando por alguma questão psicológica. A exposição ou generalização da comunicação não seria um bom caminho."
Já Thaisy Carvalho, líder de Recursos Humanos da IBH Serviços, relembra que, em caso de uso obrigatório de uniforme, a empresa deve fornecer sem custo ao colaborador.
Natacha La Farciola, gerente de benefícios da Scania América Latina, afirma que “a imagem está diretamente ligada à marca da empresa em que trabalhamos”. Para Amelina Prates, diretora de operações da Adão Imóveis, a imagem – e tudo o que ela representa – é tão importante que chega a ser “um diferencial competitivo para a empresa e clientes”.
Não por acaso, algumas marcas aderem aos uniformes. Mas como criar uma identidade de marca homogênea na ausência deles? Naiane Schmidt, People Business Partner na Arquivei, recomenda que os funcionários tenham liberdade, mas com ressalvas. “Acredito que alguns limites são bem vindos, como camisetas de time ou política, mas tirando isso, acredito que a pessoa deve ser estimulada a ser autêntica”.
A própria liderança pode ajudar nessa situação. Para Zamara Ribeiro, Head de RH na Autoglass, “a liderança pode fazer uma abordagem sobre como uma imagem pessoal pode aproximar ou distanciar a pessoa de seus próprios objetivos de carreira”.
Para Graziela Forestieri, gerente de gestão de pessoas no Hopi Hari, o dresscode, cultura e tradições devem ser claros desde o início. “O uso do uniforme, por vezes uma polêmica, deve ser abordado na entrevista, com explicativo de uso e modelo, até para que a pessoa possa enxergar se realmente ali é o local ideal para ela trabalhar”, conta.
Renata Caetano, head de Gente na Brain, também reforça a importância de alinhar o dresscode no início da relação de trabalho. Já Rita Sbragia, diretora de RH da Diversey, conta que explicar o significado e o porquê do uso do dresscode pode fazer toda a diferença no engajamento.
Como mencionamos, a liderança tem um papel importantíssimo na construção da cultura, imagem e tradições das empresas. Os líderes são as principais inspirações de todos os funcionários.
Por isso, para Thais Sobreira, líder de projetos de RH na Stone, “é necessário um direcionamento da empresa ‘top down’. O ideal é discutir o porquê de existir essa necessidade e qual o papel institucional de todos acerca do assunto”.
Suzana Brito, diretora de RH da Setpar, traz uma sugestão: “fazemos lives com o CEO [com as comunicações do RH] para engajar ainda mais”.
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, jornalista da StartSe
Jornalista formada pela Faculdade Cásper Líbero. Apresenta o podcast Agora em 10 na StartSe e também atua na área de Comunidades na empresa. É especialista em inovação, tecnologia e negócios.
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