O CEO da Tesla deu um ultimato aos funcionários: voltam ao escritório ou deixam a empresa. Mas será que a prática se conecta com as novas premissas de futuro do trabalho?
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8 min
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1 jun 2022
•
Atualizado: 19 mai 2023
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Por Camila Petry Feiler
Na contramão do mercado, Elon Musk lançou a máxima em relação ao home office na Tesla: “Trabalho remoto não é mais aceitável”, como assunto do e-mail supostamente enviado pelo CEO da empresa. No conteúdo do memorando consta que os funcionários devem passar um mínimo de 40 horas por semana no escritório, ou então “deixar a Tesla”.
O empresário ainda especificou que o escritório precisa ser "um dos escritórios principais da Tesla, não uma filial remota que não está relacionada às tarefas do funcionário, como, por exemplo, quem é responsável pelo RH da fábrica de Fremont, mas quer trabalhar em uma filial que fica em outro estado."
Respondendo a uma captura de tela do suposto e-mail postado no Twitter, Elon Musk não negou sua autenticidade e escreveu que qualquer pessoa que discorde da política de voltar ao escritório “deveria fingir trabalhar em outro lugar”.
Ele faz parte dos 4% de empregadores que está obrigando os funcionários a voltarem aos escritórios nos Estados Unidos. Um levantamento feito com líderes de recursos humanos do Conference Board, um grupo de pesquisa empresarial sem fins lucrativos, descobriu que essa é a porcentagem dos que disseram que estão exigindo que todos os funcionários retornem ao local de trabalho em tempo integral. Ainda assim, menos da metade (45%) disse que estava exigindo que alguns trabalhadores voltassem ao escritório cinco dias por semana.
Os preços da gasolina estão em alta; as tarifas de transporte aumentaram e os alimentos e outros itens essenciais estão em trajetória ascendente. Isso significa que um dia de escritório pode atingir em cheio a carteira e impactar no ganho do funcionário.
Antes da pandemia, as pessoas geralmente absorviam esses custos sem questionar. Mas agora eles viram a alternativa, não é tão simples como apenas 'voltar ao normal' – especialmente se outras pessoas estão conseguindo melhores negócios.
Sim, a guerra de talentos está barganhando com possibilidades de home office integral ou movimentos híbridos nas empresas. Isso faz com que os RHs alcancem bons funcionários além do raio do escritório e definindo o formato que funciona melhor para os dois lados.
Até porque, a volta aos escritórios tem gerado fobia em muita gente. Algumas pessoas desenvolveram estresse e ansiedade provocados pela volta ao tradicional, condição que ganhou o nome de Forto (Fear of returning to the office).
Não existe uma solução única para o futuro do trabalho. A pandemia revolucionou completamente a maneira como pensamos sobre escritórios, trabalho remoto e necessidades dos funcionários no local de trabalho – o que significa que não há mais uma maneira “padrão” de trabalhar.
A Apple, por exemplo, tentou implementar o formato híbrido com a exigência de pelo menos 3 dias no escritório. Os funcionários, no entanto, questionaram a medida, considerada pouco inclusiva e não alinhada às premissas da empresa. Não deu outra: a companhia voltou atrás.
Do outro lado, o Airbnb lançou mão dos escritórios e liberou o home office para sempre. A medida, inclusive, está alinhada com as estratégias da empresa e podem ser benéficas para o negócio. O CEO, inclusive, já está trabalhando de airbnbs pelo mundo como nômade digital.
Mas muitas big techs investiram em espaços físicos, pensando no fim da pandemia. A maior parte delas está focada no modelo híbrido, mas com as novas variantes e o novo movimento do mercado, parece que o escritório fica cada dia mais distante da realidade dos trabalhadores.
Não à toa, as empresas estão vivendo a great resignation, onde muitas pessoas pedem demissão por não se sentirem conectadas aos princípios, às práticas e ao modelo de negócio. A busca por flexibilidade também é um dos principais motivos que levam ao pedido de demissão voluntária, de acordo com um estudo feito pela Blue Management Institute (BMI). O trabalho remoto trouxe benefícios e garantiu possibilidades para que mães e pais, por exemplo, tenham mais flexibilidade e consigam alinhar carreira e família.
A postura adotada pela Tesla vai contra todos esses movimentos do mercado. Em breve, os impactos e desdobramentos da medida vão ficar mais claros.
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Jornalista focada em empreendedorismo, inovação e tecnologia. É formada em Jornalismo pela PUC-PR e pós-graduada em Antropologia Cultural pela mesma instituição. Tem passagem pela redação da Gazeta do Povo e atuou em projetos de inovação e educação com clientes como Itaú, Totvs e Sebrae.
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