A trajetória de Clecia Simões é marcada por reinvenções. Esta investidora-anjo tem como lema “life work integration”. Formada em marketing, se encontrou na gestão de pessoas, atuando na liderança de marcas do setor financeiro e saúde.
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17 jun 2024
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Atualizado: 17 jun 2024
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São poucas as crianças que conseguem fugir da pergunta sobre a carreira e o futuro. No entanto, uma pesquisa realizada pelo Onlinecurriculo, aponta que 77% dos profissionais não trabalham com o que sonhavam na infância.
Talvez uma das respostas para isso seja que há muitas profissões que ainda vão surgir.
Segundo um estudo encomendado pela Dell Technologies ao Institute For The Future (IFTF), 85% das carreiras de 2030 ainda são inexistentes.
No caso da trajetória de Clecia Simões é marcada por reinvenções. Esta investidora-anjo tem como lema “life work integration”. É formada em marketing, mas se encontrou mesmo na gestão de pessoas, atuando na liderança de marcas do setor financeiro e saúde.
“Uma pessoa que sempre soube o que queria ser e responde com segurança, não entendeu os mecanismos da vida. As coisas mudam de uma maneira muito acelerada. A certeza faz a gente deixar de se adaptar”, afirma Clecia.
Apaixonada pelo caráter humano
A verdade é que percebeu este interesse pelo comportamento bem pequena. Aos 7 anos, buscava entender porque algumas pessoas tinham sucesso em suas carreiras e qual o motivo das demais não conseguirem usar o seu talento ao seu favor. Para encontrar estas respostas, começou a ler biografias. Foram mais de 500 histórias sobre líderes da humanidade ainda na infância.
Aos 16 anos, entrou como estagiária na Vale do Rio Doce, passando a ter contato com grandes executivos, mas não se encontrou naquela situação.
“Neste momento eu não me adaptei a esse mundo. Mulheres em tecnologia eram inexistentes”, afirma a executiva.
Nasce uma ideia
Com 17 anos, ao lado de dois amigos e sócios, fundou a primeira empresa de tecnologia de inteligência de monitoramento de mídia do país, a INFO4.
Mesmo jovem, alcança pela primeira vez o sucesso. Durante os 5 anos em que esteve à frente do setor comercial, conquistou mais de 400 clientes chegando a liderar uma área de 180 funcionários.
“Comecei a me perguntar o que me tornaria uma autoridade. Fui me aprimorando. Fui estudar nos Estados Unidos”, afirma Clecia, nesta altura já formada em marketing.
Reconexão com sua paixão
O marketing a levou ao aprimoramento da estratégia para captação de clientes, gestão e relacionamento com o consumidor. Foi responsável pelo setor comercial de empresas de saúde, incluindo o segmento de aplicação de células tronco. Mas a paixão de criança falou mais alto.
Clécia costuma dizer que “a área de recursos humanos a escolheu”. O tema, já recorrente nas suas especializações e cursos livres, tomou forma também na carreira profissional.
Em 2006, entrou na Predicta como Gerente Sênior de Pessoas e Relações Públicas, ficou responsável pela estratégia de treinamento, retenção e aquisição de talentos, entre outras responsabilidades.
Seu conhecimento e empenho, junto dos profissionais liderados por ela com maestria, colocaram a empresa como uma das "25 Melhores Empresas para Trabalhar no Brasil e uma das "10 Empresas Mais Inovadoras do Brasil", segundo selo do Great Place to Work e Fast Company.
“Faz diferença pegar um tema de interesse e transformar em uma paixão e desta paixão transformar em uma obsessão para que você se aprimore”, garante Clecia.
A maior lição de liderança
Tem seu pai como um dos seus maiores mentores, apesar de guarani que tem formas diferentes de pensar na escala profissional. No entanto, ambos concordam com o seguinte lema: “faça o melhor que você puder, independente do que faça”.
Pensando assim, amante da arte de cozinhar, cursou gastronomia na França e estagiou em um restaurante renomado com estrelas Michelin, onde acredita ter vivido o seu maior aprendizado sobre liderança.
“A maior aula de gestão foi no restaurante. Ter o líder como sinal de respeito, como inspiração. Todos trabalham juntos para pela reputação do líder e ninguém quer cometer erros para não atrapalhar esta reputação.”, afirma Clécia.
De olho no capital humano e outro no capital de giro
Seguiu desenvolvendo pessoas e companhias. Foi sócia associada do Grupo Ackermann Beaumont, focada na gestão de talentos nacionais, chegando a fundar, em 2018, a Mind Design Lab, onde assessorou empresas de diferentes estágios, do início até índices milionários.
Neste período, prestou consultoria em diversos segmentos, como Rommanel, Barry-Callebaut, Itaú, Santander e Banco Pactual.
Mesmo com forte atuação no mercado, a academia não esteve longe em nenhum momento. Clecia levou como missão se reciclar e adquirir novos conhecimentos em cursos presentes ao menos uma vez por ano, em escala nacional ou internacional. São inúmeras certificações, em sua grande maioria, na área de liderança e comportamento humano.
E isso fez diferença na sua trajetória profissional. Foi convidada para ser diretora de recursos humanos (CHRO) da We Work e depois da Dok, gerenciando times integrados na América Latina.
“Hoje, 83% dos profissionais trabalham pelo salário. Se o CEO e a liderança não forem o exemplo de cultura, a empresa também não. É preciso ser verdadeiro e genuíno para que as pessoas se engajem”, disse ela.
Investidora de boas conexões
Movida a desafios, há pouco tempo, se tornou investidora anjo. Longe do retorno financeiro, a executiva compartilha que tem buscado criar conexões. Desde abril, integra o time da BR Angels e apoia projetos variados, muito embora tenha mais afinidade com área financeiras e de saúde, onde se dedicou a maior parte do tempo de carreira.
“Na minha época ter um investidor anjo, era pedir dinheiro para a família. Eu invisto para poder mentorear estas pessoas. Dou novos olhares do que falta para ela crescer”, afirma Clecia.
Foi isso que aconteceu também quando participou da imersão da Startse no Vale do Silício. Ela chegou sem expectativas, mas voltou com a bagagem cheia de conhecimento e networking. Acostumada a participar de experiências no Vale do Silício, Clecia buscava um curso que pudesse trazer mais contatos, que inclusive estão ajudando seus founders, acelerando a implantação ou amadurecendo a ideia, dependendo do estágio da empresa.
“Eu fiquei surpresa. Eu me aprofundei e criei uma relação maior com o ecossistema do Vale do Silício. Eu sempre indico a formação quando alguém tem interesse no Vale para ampliar a sua perspectiva”, disse .
Atualmente, está dedicada à busca de conhecimento e ao trabalho como investidora-anjo, ainda assim, considera seu ano sabático para aprender como apoiar as empresas a administrar o futuro da inteligência artificial e a retenção e formação de bons profissionais.
“Tirei um sabático para entender o futuro do capital humano. Existem discussões do Vale do Silício sobre a gestão, desde questões éticas, práticas, tecnológicas”, afirma Clecia.
Leitura recomendada
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Simone Coelho é jornalista com especialização em roteiro e storytelling. Começou a sua carreria no mercado editorial escrevendo sobre temas variados, mas durante anos trabalhou também no mercado empresarial, com a construção de conteúdos segmentados e treinamentos. Hoje, divide o seu tempo entre os dois cenários e segue apaixonada pela escrita.
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