Montadora projeta receita de R$ 500 mi a partir de centro em Camaçari (Bahia), e lança braço de relacionamento com startups, o D-Ford
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*por Claudio Ferreira, epsecial para o Startups
Sem produzir um veículo no Brasil há exatos 540 dias, fruto da integração global e insucessos locais, a Ford quer explorar as receitas oriundas de seu Centro de Desenvolvimento e Tecnologia, localizado em Camaçari (Bahia). A marca, ícone na criação da linha de produção, prevê atingir R$ 500 milhões de receita este ano e projeta crescer esse valor e o projeto – inclusive com um braço de startup, o D-Ford.
Irônica (e tragicamente), depois de milhares de demissões e desativações de suas unidades fabris locais em 2021, a empresa ampliou seus investimentos no Centro com 500 novos colaboradores. Os atuais 1,5 mil profissionais participam de uma série de projetos globais voltados para suas linhas de automóveis, e o foco aqui é pensar no futuro da mobilidade, encarnado em veículos elétricos e autônomos.
“A inovação contínua é o diferencial entre as empresas que vão crescer e as que vão desaparecer. Vimos nesse cenário a oportunidade de ampliar nossa atuação com a exportação de serviços de engenharia para os principais mercados da Ford no mundo, aproveitando a criatividade, versatilidade e a sólida experiência em custos dos nossos profissionais”, aponta Daniel Justo, presidente da Ford América do Sul.
O Centro, um dos 9 do gênero em todo o mundo, trabalha integrado ao ecossistema global de inovação da Ford. E o seu headquarter de Camaçari, com 6 prédios e 6 mil metros quadrados, abriga um estúdio de design, laboratórios de realidade virtual, o Teardown – que realiza a desmontagem, a digitalização e a análise de componentes –, escritórios e o D-Ford.
Esta última é uma nova área criada para funcionar como uma startup com foco em inovação, realizando pesquisas para antecipar as necessidades dos consumidores anos antes de os veículos chegarem às ruas. “A D-Ford foi criada para errar e acertar. Utilizamos metodologias ágeis e queremos criar experiências memoráveis. O design, por exemplo, é centrado no humano”, acentua Justo.
O time do D-Ford possui 10 pessoas e não apenas engenheiros, contando até com psicólogos. E começa a estabelecer parcerias com universidades, como em ergonomia. “O foco é em ideias. Buscamos startups e escritórios de inovação para pesquisas e identificação de demanda com foco no consumidor e em carros atuais e na próxima geração”, enumera o presidente.
O Centro de Camaçari se conecta na região da América do Sul com o hub de ideação de Salvador (BA), o Centro de Desenvolvimento e Testes em Tatuí (São Paulo) e o laboratório de Pacheco (Argentina). “Carros de hoje ou que vão às ruas em 2 anos ou 10 anos. Somos uma fábrica de dados, com foco em Inovação e no consumidor”, argumentou Rafael Marzo, gerente da companhia e baseado no Centro.
Uma estrutura cada vez mais voltada para a exportação. Afinal, nos últimos meses, os serviços globais cresceram em volume e complexidade a ponto de algo como 85% do trabalho estar focado nas demandas da Ford fora do Brasil. “Nosso Centro opera como uma unidade de negócio autossustentável, com uma expectativa de receita de R$ 500 milhões este ano para a Ford no Brasil. Isso mostra que a engenharia brasileira é extremamente competitiva e que vale a pena investir em pesquisa, desenvolvimento e inovação no País”, assegura Justo.
Dentre os exemplos de projetos com participação do time brasileiro estão o desenvolvimento da nova linguagem de design dos futuros veículos elétricos da Lincoln, a implementação de tecnologias eletrificadas em modelos para o mercado global e o desenvolvimento das futuras gerações do sistema multimídia da Ford.
“Cerca de ⅓ das funcionalidades embarcadas em veículos da Ford em todo o mundo são criadas ou aprimoradas pelo nosso Centro”, revelou Justo. Um exemplo é o “One Pedal Drive” do Mustang Mach-E – que permite dirigir usando apenas o acelerador, sem acionar o pedal do freio.
Outra vertente é o desenvolvimento dos veículos autônomos, e o conhecimento brasileiro é aplicado na adequação da carroceria para o posicionamento de sensores, radares e câmeras e para a padronização da sua instalação, bem como no projeto de seus sistemas de limpeza – algo importante para garantir a segurança do veículo.
Já no segmento de autos elétricos, o Centro local trabalha em novas tecnologias como resfriamento dos sistemas eletroeletrônicos, otimização dos sistemas e na criação de novas experiências para a criação de seu carro do futuro. Um contingente de 500 profissionais faz parte do time dessa especialização.
Ao todo, a Ford Brasil já obteve o registro de mais de 70 patentes globais. E, em parceria com o Instituto Euvaldo Lodi (IEL), da Bahia, a companhia possui um ecossistema de pesquisadores com mais de 200 profissionais distribuídos em 17 estados brasileiros que atuam em 120 projetos, a maioria voltada à conectividade, inteligência artificial e Big Data.
Ainda no campo das parcerias locais, a empresa aposta no uso de grafeno, material extremamente versátil, resistente, fino e flexível, que também é um dos melhores condutores do mundo e tem como vantagem a sua abundância no Brasil. Aqui, em conjunto com a Universidade Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, a Ford criou uma célula de pesquisa dedicada ao tema, unindo conhecimento acadêmico e prático.
Para finalizar, a empresa também tem investido para mitigar o “apagão” de profissionais capacitados. “Estamos desenvolvendo com o Senai Cemat um projeto de treinamento para desenvolvimento de software com 100 jovens, dos quais 80 provenientes de comunidades carentes. Queremos contribuir com a educação e o sentido social. O capital humano é a chave para um futuro promissor”, completa André Oliveira, diretor de engenharia da Ford América do Sul, que revela: “o projeto é escalável e possui potencial de expansão para outras capacitações”.
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